Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 13 de setembro de 2022 às 10h20.
Última atualização em 13 de setembro de 2022 às 17h19.
O Ibovespa reverteu todo o otimismo da véspera e fechou essa terça-feira, 13, em queda de mais de 2% acompanhando a derrocada das bolsas americanas.
O algoz dos mercados foram os dados de inflação dos Estados Unidos de agosto, que saíram acima das expectativas de analistas. Índices de Nova York, que subiam pelo quinto pregão consecutivo no mercado de futuros, viraram para queda logo depois da divulgação dos números. No pregão à vista, os índices encerraram o dia em forte queda.
O Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) não revelou deflação da economia americana como era o esperado para agosto – e ainda adicionou uma nova alta mensal de 0,1%. Na comparação anual, o CPI desacelerou menos do que o projetado por economistas, saindo de 8,5% para 8,3%. O consenso era de queda para 8,1%.
"O presidente do Federal Reserve [Fed, o banco central americano], Jerome Powell, já havia indicado uma maior preocupação com a inflação mais persistente e a necessidade de um aperto monetário mais longo para controlá-la", disse em nota Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.
Segunda ela, os dados de hoje não alteram as perspectivas do mercado de uma nova alta de 0,75 ponto percentual próxima decisão de juros do Fed, na quarta-feira que vem, 21.
Pelo contrário. A possibilidade de uma alta mais branda da taxa de juros americana foi reduzida para 0%. Já a chance de uma elevação ainda mais dura ganhou força no calor do momento.
Segundo o monitor de probabilidades do CME Group, as taxas de juros americanas já precificam 20% de chance para uma alta de 1 p.p., que levaria o juro americano para o intervalo de 3,25% e 3,5%. A possibilidade de o Fed subir a taxa para 4,5% até março de 2023 começa a ser vista como a mais factível.
Reflexo das expectativas para a dinâmica dos juros de curto prazo, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano disparam. O rendimento do título com vencimento em 2 anos superou pela primeira vez 3,70% desde 2007.
Ações de crescimento, mais dependentes de juros baixos para se financiar, voltam a sofrer as maiores quedas no mercado mundial. Hapvida, Natura e Qualicorp lideraram as baixas do dia, em um pregão onde apenas duas ações – MRV e BB Seguridade – encerraram o dia em alta.
Outra consequência dos dados mais fortes para a inflação americana é a alta do dólar no mundo inteiro. Afinal, com a maior atratividade dos títulos dos Estados Unidos, maior tende a ser a busca pela moeda americana. O Dxy, índice que representa o dólar frente a divisas fortes e altamente negociadas, tem a maior alta em dois meses, saltando cerca de 1%.
Contra moedas emergentes, a alta é ainda maior. O real, o mais negociado entre elas, é o que mais sofre, com o dólar ganhando mais R$ 0,10 e voltando a se aproximar de R$ 5,20.