Ibovespa: tom mais duro na ata do Copom pode pressionar bolsa para baixo (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 25 de junho de 2024 às 10h30.
Última atualização em 25 de junho de 2024 às 17h19.
O Ibovespa caiu 0,25% e fechou a 122.321 pontos neta terça-feira, 25, com investidores repercutindo a ata do Copom. O documento era aguardado pelo mercado para entender os próximos passos da política monetária brasileira.
Na última quarta-feira, 19, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 10,50%, interrompendo o ciclo de corte de juros iniciado em agosto de 2023. No documento, o Banco Central (BC) justifica a manutenção da taxa básica de juros devido ao aumento das projeções de inflação.
“O comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela.”
Em seu último Boletim Focus, inclusive, o BC revisou para cima as medianas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Pela sétima semana seguida, o IPCA para 2024 subiu de 3,96% para 3,98%. O IPCA para 2025, por sua vez, foi elevado pela oitava semana consecutiva, subindo de 3,80% para 3,85%. A inflação para 2026 e 2027 se manteve em 3,60% e 3,50%, respectivamente.
Por conta disso, o colegiado afirmou na ata que controlar a inflação requer uma "atuação firme" da autoridade monetária, dizendo que se manterá "vigilante". Além disso, também foi citado que "eventuais ajustes futuros" na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, "serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”
De acordo com Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o tom mais firme da ata pode gerar uma pressão baixista no Ibovespa, assim como no comunicado da semana passada, em que o Banco Central afirma que o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, o que levou à necessidade de uma política monetária mais contracionista.
Para Victor Guglielmi e Yuri Alves, analistas da Guide Investimentos, a ata voltou a reforçar o cenário mais adverso e incerto pontuado pelo Copom no seu comunicado, trazendo como ponto de atenção central a recente desancoragem das expectativas de inflação e a grande necessidade que o Comitê tem em voltar a estabilizá-las. "Mais uma vez, o comitê reforça a visão de manutenção de uma política monetária mais contracionista por mais tempo, independentemente de quais motivos foram os mais influentes para o desvio maior das expectativas nas últimas semanas (Atividade resiliente, fiscal ou até ceticismo com relação à atuação futura do próprio BC)."
Mattos também destaca a arrecadação federal de maio como um fator que pode fazer preço no mercado. Segundo a Receita Federal, a arrecadação de maio somou R$ 202,97 bilhões, acima da expectativa do consenso LSEG para uma receita de R$ 200 bilhões, mas abaixo dos R$ 228,9 bilhões em abril.
“A arrecadação federal também pode influenciar os investidores nacionais, visto que as últimas semanas têm sido marcadas por uma percepção de risco mais elevada, principalmente o risco fiscal aqui no Brasil.”
Nesta terça-feira, 25, o dólar subiu 1,16% para R$ 5,453. Na última sessão, a moeda fechou com desvalorização de 0,92%, cotado a R$ 5,391.
Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.
Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.