Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 24 de janeiro de 2023 às 10h30.
Última atualização em 24 de janeiro de 2023 às 19h22.
Esta terça-feira, 24, foi de recuperação para o Ibovespa, que fechou o dia em alta de mais de 1%, contrariando o dia misto no mercado internacional. Com o saldo de hoje, o Ibovespa sobe 3% no acumulado do ano.
Mesmo com a queda das ações ligadas ao petróleo, o Ibovespa conseguiu se manter no campo positivo graças à recuperação dos papéis dos grandes bancos, que representam quase 15% da carteira teórica do índice.
As ações dos principais bancos do Brasil, que estiveram no vermelho no último pregão, hoje, puxaram as altas do índice em um movimento de recuperação. Ontem, Bradesco e Santander caíram mais de 4% em relação ao relatório do Credit Suisse que recomendou a venda das ações. Hoje, os papéis dos dois bancos lideram as altas do setor.
A Vale (VALE3), principal ação do Ibovespa, também ajudou, saltando 1% ainda na expectativa de retomada na demanda da China.
No início do pregão, as ações da Petrobras também chegaram a impulsionar as altas, após ter anunciado, nesta manhã, aumento de 7,46% do preço da gasolina cobrado às distribuidoras. O reajuste passa a valer a partir de quarta-feira, 25.
Porém, as ações da estatal viraram para queda, seguindo a desvalorização do petróleo. A commodity caiu perto de 2% com investidores temendo uma recessão global causada pela desaceleração da economia americana. Foram divulgados hoje dois dados importantes nos Estados Unidos: o índice de gerente de compras (PMI) e o índice de atividade industrial, e os dois indicaram retração da economia.
O mercado dos EUA também foi impactado, e deu fim à forte toada de alta que vinha marcando os pregões desde o fim da semana passada. Por lá, investidores reagem aos dados econômicos e também à temporada de balanços do quarto trimestre. Os resultados até agora não apontaram para uma mesma direção, e investidores se mantiveram cautelosos.
O cenário favorável a ativos brasileiros ocorreu mesmo após dados da inflação terem superado as estimativas para a primeira quinzena do ano. Divulgado nesta manhã, o IPCA-15 de janeiro ficou em 0,55% ante projeção de 0,52% de alta. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 caiu de 5,90% para 5,87%. A projeção era de queda para 5,83%.
O aumento da difusão da inflação no mês e a pressão do setor de serviços ainda mantiveram o sinal de alerta, disse em nota Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. Mas, ainda que levemente acima do consenso, Sung considerou que os números vieram dentro do esperado. A atenção, disse, é para como a inflação irá se comportar ao longo do ano, diante de perspectivas cada vez mais pessimistas.
"Para 2023, temos pressão altista vindo da volta dos impostos federais sobre combustíveis, possível piora do cenário fiscal, aumento do prêmio de risco e elevação das expectativas. Pelo lado baixista, perspectivas de reorganização das cadeias globais e boas safras. Se o cenário se deteriorar, as expectativas de inflação podem começar a subir de forma relevante. Neste caso, o Banco Central pode demorar mais para realizar cortes na taxa de juros", afirmou.
A expectativa de juros mais altos por mais tempo favoreceu o câmbio, e o dólar caiu 1,1% contra o real, próximo da mínima do dia.
Os papéis das concorrentes da Americanas (AMER3) continuam liderando as altas do Ibovespa. Destaque de hoje para Magazine Luiza (MGLU3), que saltou mais de 8%.
Na ponta negativa, as ações ligadas às commodities lideraram as baixas do dia. A lanterna ficou com a 3R Petroleum, com baixa de 3%.