O Ibovespa fechou esta terça-feira, 23, em forte alta, puxado pelas ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4), que seguem a valorização de commodities no exterior. O movimento positivo da bolsa brasileira contrasta com a maior cautela no mercado internacional.

• Ibovespa: + 2,13%, 112.857 pontos

Por aqui, a sustentação da alta veio em grande parte da força da Vale, que é a ação com maior peso na carteira teórica do Ibovespa. A mineradora subiu junto com o minério de ferro, que teve alta de pouco mais de 1% na China. 

A apreciação do metal teve como pano de fundo o incentivo bilionário do país para conter a crise imobiliária. Na última sexta-feira, a China reservou 200 bilhões de iuanes (US$ 29,3 bilhões) em empréstimos especiais para garantir que imóveis residenciais paralisados em meio à crise do setor sejam entregues aos compradores. 

Siderúrgicas também avançaram, com destaque para Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), que dispararam mais de 9% e ficaram entre as maiores altas do dia.

• Usiminas (USIM5): + 9,72%
• CSN (CSNA3): + 9,29%
• Vale (VALE3): + 5,43%

Outro papel que impulsionou o Ibovespa nesta terça foram as ações da Petrobras, segunda empresa com maior peso no índice. A petroleira registrou forte alta em linha com os ganhos do petróleo no mercado internacional.

O petróleo Brent é negociado em alta de mais de 3%, acima de US$ 100 por barril, com investidores reagindo a um possível corte de oferta por parte da OPEP+.

A possibilidade foi sondada pelo ministro de energia da Arábia Saudita, segundo a mídia estatal SPA. O corte faria frente às negociações por um acordo nuclear com o Irã, que derrubaria sanções ao petróleo persa. O barril de petróleo chegou a cair para quase US$ 91 na semana passada, em meio às negociações de países ocidentais com o Irã.

Junto com a Petrobras, as petroleiras privadas PRIO (PRIO3) e 3R (RRRP3) também tiveram fortes altas.

• PRIO (PRIO3): + 7,22%
• 3R (RRRP3): + 6,08%
• Petrobras (PETR3): + 3,76%
• Petrobras (PETR4): + 3,18%

O dia positivo para o mercado de commodities blindou o mercado brasileiro contra mais um dia de perdas nos mercados globais. Por lá, a semana é marcada pelo discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, na próxima sexta-feira.

Expectativas de que Powell adote tom mais contracionista em relação à coletiva da última decisão de juros crescem diante de dados fortes da economia americana. A reação foi um dia fraco para as bolsas americanas.  

• Dow Jones (Nova York): - 0,47%
• S&P 500 (Nova York): - 0,22%
• Nasdaq (Nova York): 0,00%

O discurso será mais um dos ingredientes até a reunião de setembro, para a qual as apostas do mercado seguem divididas entre mais uma alta de 0,75 ponto percentual (p.p.) e uma de 0,50 p.p., mais branda frente ao ajuste anterior.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia

Ações em destaque

Além dos movimentos puxados pelo mercado de commodities, ações de varejistas como Americanas (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3) lideraram as altas do dia.

Os papéis, beneficiados pela melhora da perspectiva para a economia local, também repercutiram a chegada de Sergio Rial ao comando da Americanas. A companhia anunciou que Rial irá assumir o cargo de CEO a partir de 2023. Na véspera, os papéis da Americanas saltaram 22,49%, acumulando ganhos de 38,41% desde o anúncio.

• Americanas (AMER3): + 15,92%
• Magazine Luiza (MGLU3): + 8,64%

Fora do principal índice da bolsa, as ações da Camil (CAML3) subiram mais de 2%. A valorização ocorre em reação à entrada da companhia no setor de biscoitos com a compra da Ciba, da marca Mabel, anunciada nesta manhã. A operação englobou duas plantas industriais mais o licenciamento da marca Toddy para cookies por 10 anos.

• Camil (CAML3): + 2,68%

Veja também

• • Sérgio Rial: o homem capaz de 'sacudir' a Americanas?