Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Publicado em 23 de fevereiro de 2023 às 10h25.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2023 às 18h43.
Em um dia de volatilidade, o Ibovespa conseguiu se firmar no campo positivo com a disparada das ações da Petrobras (PETR4). As ações da petroleira saltaram quase 4% com a alta do petróleo, que voltou a subir após dois dias de perdas. O petróleo Brent, referência para os papéis da estatal, avança quase 2% no mercado internacional.
A alta veio após dias de queda da commodity de olho na possível alta de juros nos Estados Unidos. Os ganhos de hoje refletem ainda notícias de que a Rússia planeja reduzir suas exportações pelos portos ocidentais em março para elevar os preços do petróleo, em retaliação contra as sanções após a guerra com a Ucrânia.
Outro fator que ajudou a trazer o índice para o positivo foi a virada das bolsas americanas, que ganharam força no final do dia depois de quatro pregões seguidos de queda. As preocupações continuam, mas foram deixadas de lado em um pregão de recuperação nos Estados Unidos.
O grande assunto no mercado americano foi a divulgação do PIB dos EUA, com um crescimento que foi ajustado para baixo, de 2,9% para 2,7%. Ainda que tenha diminuído de intensidade, o PIB ainda mostra uma economia forte, o que pode sinalizar novas altas de juros pelo caminho.
O PIB vem após os últimos dados de atividade econômica e inflação terem superado as estimativas do mercado, gerando maior preocupação sobre o quão duro será o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) na condução das taxas de juros.
Na tarde de ontem, 22, foi divulgada a ata da última decisão do Fed. A surpresa ficou com a divisão entre seus membros quanto ao ritmo da alta de juros, segundo Paulo Gala, economista-chefe do banco Master. "Alguns diretores queriam uma alta de 0,50 ponto percentual [acima dos 0,25 aumentados]. O Fed não está fechado sobre qual caminho seguir", comentou em morning call.
A liderança do Ibovespa hoje ficou com a JBS (JBSS3), que subiu mais de 5%. Os papéis da Minerva (BEEF3), da BRF (BRFS3) e da Marfrig (MRFG3) também avançaram, se recuperando das perdas do setor na véspera com a confirmação de um caso da doença da vaca louca no Pará.
O caso foi “atípico” quando a doença ocorre espontaneamente, muitas vezes em animais já velhos. Segundo analistas do BTG Pactual, o fato da ocorrência ser atípica é uma notícia muito boa, “pois reduz o risco de contaminação do rebanho”.
“Este não é o primeiro, e possivelmente não será a última vez que os investidores terão que lidar com a doença. Olhando para os últimos casos, o resultado [para as empresas e suas ações] foi muito mais brando do que se temia. Esperamos que este seja o caso mais uma vez”, avaliaram, em relatório, os analistas.
A Minerva, mais dependente das vendas de carne para China, chegou a desabar 8% no último pregão e hoje avançou mais de 3%.
Nesta quinta, investidores também estão à espera de seu resultado do quarto trimestre. O balanço será divulgado nesta noite, após o fechamento do mercado.
A previsão de analistas é de que a companhia apresente números mais fracos. "Esperamos um trimestre mais ameno. Os preços mais baixos de exportação da carne bovina brasileira (-13% t/t) devem prejudicar o ritmo da receita, também impactados por volumes sequencialmente mais fracos. Embora ainda esperemos que os volumes do 4T22 e os preços denominados em dólar sejam mais altos na comparação anual, a valorização do real [no período] deve cobrar seu preço", avaliou o BTG Pactual em relatório.