Painel da B3: Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Invest
Publicado em 22 de novembro de 2023 às 10h38.
Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 18h40.
Fechou com alta o Ibovespa desta quarta-feira, 22, que ultrapassou a barreira dos 126 mil pontos e atingiu o maior patamar do índice desde julho de 2021. Na véspera do feriado de Ações de Graças nos Estados Unidos, o dia foi marcado pela divulgação de indicadores econômicos que devem influenciar o futuro da taxa de juros do país. Por aqui, declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, demonstraram certo otimismo com a trajetória inflacionária brasileira e refletiram nos juros futuros. Junto a isso, foi aprovado o texto-base do projeto de lei dos fundos exclusivos e offshore.
Na véspera, a ata do Fomc, comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano), trouxe o alerta dos dirigentes de que mais apertos podem ser apropriados, além de indicar que a instituição está empenhada em trazer a inflação à meta. Ainda assim, o documento sinalizou que as expectativas de inflação estão "estáveis e bem ancoradas". No dia de hoje, a atenção dos investidores ficou por conta de novos indicadores econômicos do país.
IBOV: +0,33%, aos 126.035 pontos.
Às 10h30 (horário de Brasília) foram divulgados dados semanais dos pedidos do auxílio-desemprego. O Departamento do Trabalho informou uma queda de 24 mil pedidos na semana passada, totalizando 209 mil. A queda foi maior do que as expectativas, que apontavam para um total de 225 mil. Na semana anterior, os números revisados totalizaram 233 mil pedidos.
Ainda durante a manhã desta quarta-feira foi a vez do Departamento do Comércio publicar os números referentes às encomendas de bens duráveis referentes a outubro. No período, o indicador recuou 5,4%, com um montante de US$ 279,4 bilhões. Essa queda foi também superior às estimativas de uma baixa de 3,1%. Outro dado que ficou no radar foi o sentimento do consumidor, elaborado pela Universidade de Michigan. Na leitura final de novembro o indicador ficou em 61,3, ante 63,8 em outubro. A expectativa era um recuo para 61,1.
"O mercado vê praticamente como certo que o ciclo de alta de juros deve ter chegado ao seu final nos EUA, embora seja cogitado que o nível de juros alto prossiga ainda por um período prolongado", aponta Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX .
Em meio às apostas de um possível fim do ciclo de alta dos juros nos EUA, os treasuries operam em baixa. O rendimento do título de dez anos, que chegou a ficar acima dos 5%, ficou próximo de 4,414% nesta quarta-feira. Junto à queda dos títulos americanos, os juros futuros também cederam por aqui. A taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caiu de 10,563% para 10,500%, e o para janeiro de 2027 recuou para 10,245%, de 10,438% no ajuste anterior. No entanto, não é apenas por seguir o compasso exterior que os DIs caíram hoje.
Na noite da última terça-feira, o presidente do BC brasileiro, Roberto Campos Neto, disse, em entrevista à Bloomberg Television, que há espaço para continuar cortando a Selic. “As taxas são tão restritivas no Brasil que podemos continuar o processo de redução dos juros, porque à medida que a inflação diminui, as taxas reais aumentam. Então temos espaço para baixar juros e ainda ficar em campo restritivo”, afirmou.
Durante a manhã de hoje, o mandatário ainda participou de um encontro com o Senado Federal, promovido pela Frente Parlamentar pelo Livre Mercado. Campos Neto defendeu que países emergentes estão desenvolvendo processo mais saudável de queda dos juros. "Vemos os bancos centrais subindo juros, mas em vários países do mundo o fiscal não acompanha o mesmo esforço", disse.
E por falar no Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou hoje o texto-base do projeto de lei que define a tributação de fundos exclusivos e offshores. A proposta é uma das bandeiras defendidas pelo Ministério da Fazenda para viabilizar o aumento da arrecadação federal em 2024 e zerar o déficit nas contas públicas. A expectativa é que o texto vá ao plenário ainda nesta quarta-feira.
A sessão desta quarta-feira ainda foi marcada pela queda do petróleo no mercado global e os seus reflexos nas petrolíferas listadas no Ibovespa. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) confirmou que a reunião do Comitê Conjunto de Acompanhamento Ministerial foi adiada para 30 de novembro, fato que alimentou as apostas de investidores de que o corte na produção da matéria-prima pode não acontecer.
Diante disso, o Brent para janeiro fechou com queda de 0,59%, com o barril cotado a US$ 81,96. Já o WTI para o mesmo mês de referência, cai 0,86%, a US$ 77,10 o barril. Na bolsa brasileira, parte das empresas ligadas à commodity também fecharam no negativo. Prio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRecôncavo (RECV3) recuaram 1,54%, 1,10% e 0,76%, respectivamente.
Mas a principal petrolífera do índice, a Petrobras (PETR3;PETR4), operou a maior parte da sessão em queda — inclusive figurando na lanterna do índice —, mas conseguiu conter as perdas no fechamento. Ao fim do pregão, as ações ordinárias e preferenciais subiram 0,09% e 0,02%, respectivamente.
Junto à baixa da commodity, o que pesou negativamente para a estatal foram ruídos políticos que apontavam que a posição do CEO, Jean Paul Prates, poderia estar em jogo devido à uma falta de consenso entre a política de preços dos combustíveis adotada pela companhia e as expectativas do governo. Ontem, o presidente Lula se reuniu com Prates, na presença dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) e, hoje, os noticiários davam conta de que o afastamento de Prates não acontecerá — ao menos não por enquanto.
Outro destaque do pregão desta quarta-feira foram as ações da mineradora Vale (VALE3) — que ficaram no campo negativo do índice Bovespa. Na bolsa de Dalian, na China, a matéria-prima fechou com alta de 1,53%, a 993,50 iuanes (aproximadamente US$ 138,84) a tonelada. Contudo, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma chinês convocou algumas corretoras de futuros para uma reunião na terça-feira, 22, a fim de reiterar sua posição contra o rali da commodity.
Ainda assim, as ações da blue chip Vale seguiram na contramão do minério de ferro, recuando 0,95% no fechamento. Junto da companhia, caiu também Bradespar (BRAP4), com baixa de 1,60%. Cabe lembrar que a mineradora pagará dividendos em breve e, a partir desta quarta, negociou seus papéis sem direito aos proventos — fato que pode explicar o movimento de queda.
O dólar fechou em alta nesta quarta-feira. A moeda americana subiu 0,07%, a R$ 4,902. Na terça, o dólar fechou em alta de 0,96%, cotado a R$ 4,898.
Entre as empresas que tiveram as maiores altas na sessão de hoje, a Marfrig (MRFG3) figurou como a maior alta do dia durante a maior parte do pregão. Isso porque o Bank of America elevou a recomendação para as ações de ‘neutra’ para ‘compra’ e subiu o preço-alvo de R$ 8,5 para R$ 13.
Na lanterna do índice, destaque para a Cemig (CMIG4). Nesta quarta, após reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, aceitou repassar ativos à União.
Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.
Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 18h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 18h25 e 18h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 17h55.