Ibovespa: mercado acompanha divulgação de relatório bimestral de despesas (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 20 de setembro de 2024 às 10h30.
Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 17h22.
Ainda de olho na curva de juros futuros, com o mercado já precificando novas altas na Selic, além das preocupações fiscais, o Ibovespa fechou em queda de 1,50%, aos 131.124 pontos, nesta sexta-feira, 20 — nível não visto há mais de um mês.
Os contratos de opções na B3 precificam 66% de probabilidade de um aumento de 0,50 ponto percentual (pp) na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Já os juros futuros de 2 anos subiram 1,24%, alcançando 12,213%.
O destaque do dia foi a expectativa pela divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas do 4º bimestre, que ainda não foi apresentado.
Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, explica que já há alguns meses o mercado apresenta ceticismo e descrença em relação à condução da política fiscal do Brasil.
“Há uma avaliação de que o governo ainda resiste em equilibrar as contas públicas, em especial, através de medidas de cortes de despesas. O governo até tem prometido equilibrar o orçamento e atingir as metas do arcabouço fiscal, modificadas em 15 de abril, **porém, tem priorizado medidas, particularmente na agenda legislativa, que permitem o crescimento das receitas públicas, o que equilibra as contas, mas não ajusta os gastos,” afirma Mattos.
A percepção de riscos fiscais pode se elevar, pressionando tanto o Ibovespa como a taxa de câmbio.
No exterior, os mercados acionários da Europa corrigiram a euforia da véspera e fecharam com forte queda. O índice Stoxx Europe 600 recuou 1,42%, em meio a sinais de que os bancos centrais na região serão mais cautelosos que o Federal Reserve (Fed) no processo de afrouxamento monetário.
Nos Estados Unidos, ocorreu o triple witching, jargão para o vencimento simultâneo de opções de ações, de futuros e de índices. “A rolagem dessas opções pode acabar suscitando um movimento de realização de lucros no exterior”, comenta Mattos.
Os juros futuros americanos também subiram na sessão de hoje, colaborando para a queda do Ibovespa e das bolsas nos EUA.
Para além do risco fiscal, o dólar também passou por uma correção. Nos últimos sete dias, a moeda se desvalorizou frente ao real, devido ao aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA. Esse movimento se consolidou na Super Quarta, com o Fed cortando os juros em 50 pontos-base e o Copom elevando a Selic em 25 pb.
O dólar fechou em alta de 1,78%, cotado a R$ 5,521. Na última sessão, a moeda havia fechado em queda de 0,70%, cotada a R$ 5,424.
Segundo Andre Fernandes, head de renda variável da A7 Capital, o apetite comprador de dólar é mais forte no último trimestre do ano, principalmente por conta das remessas de empresas com sede no exterior que precisam fechar o balanço.
"O pagamento de dividendos de empresas brasileiras que possuem ADR's também geram esse fluxo de saída, visto que os dividendos pagos aqui precisam ser enviados para fora para pagar os detentores dessas ADR's", pontua o especialista.
O principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, é o Ibovespa, calculado em tempo real com base na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo possui um peso na composição do índice.
O Ibovespa funciona como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações no mercado, onde cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Portanto, se o Ibov está em 100 mil pontos, isso significa que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de R$ 100 mil.
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o aftermarket acontece entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.