Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 17 de janeiro de 2023 às 09h35.
Última atualização em 17 de janeiro de 2023 às 19h08.
O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, 17, após três pregões de queda. O índice ficou perto da máxima do dia, de 111.577 pontos. O volume financeiro totalizou R$ 20,13 bilhões.
A reação compradora se deve à alta das ações de commodities e às falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Fórum Mundial de Davos. Haddad disse que se o governo conseguir levar receitas e despesas ao mesmo patamar de 2022, será possível ter déficit zero em dois anos. Ainda segundo ele, detalhes do novo arcabouço fiscal serão definidos até abril e a reforma tributária deve ser aprovada no primeiro semestre.
Durante o dia, investidores digeriram os dados da economia chinesa divulgados na noite de segunda-feira. O PIB da China encerrou 2022 com 3% de alta, o menor crescimento desde 1976 e abaixo da meta de expansão de 5,5% . Os números, no entanto, saíram acima das expectativas do mercado, que esperava por uma atividade ainda mais fraca no país.
No quarto trimestre, o PIB chinês teve alta de 2,9%, acima do consenso de 1,8%. Também superaram as estimativas a taxa de desemprego, que caiu de 5,7% para 5,5%, as vendas do varejo, que encerraram dezembro com uma contração anual de 1,9% ante o consenso de queda de 8,6%.
"Os dados de ontem da China do PIB surpreenderam o mundo. Todos os setores contribuíram para a melhora, seja comércio varejista, indústria ou serviços em geral", comentou em nota Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa.
Os números superiores ao consenso foram atribuídos pela economista Ariane Benedito à maior flexibilização da política de controle do coronavírus na China no fim do ano. "Tenho perspectivas mais favoráveis para a China em 2023. Se a China tem um ambiente mais favoráveis, outras economias, como o Brasil, também têm", disse. "Mas não acho que a China crescerá como em 2021, quando o mundo todo vinha de forte recuperação da pandemia. O cenário, hoje, é outro."
Na bolsa brasileira, ações ligadas a commodities, com preços altamente influenciados pela atividade chinesa, impulsionam a alta do Ibovespa. A Petrobras (PETR4), com o segundo maior peso do índice, sobe cerca de 4% nesta tarde, seguindo a valiorização do petróleo no exterior. Ações de siderúrgicas e frigoríficos também são negociadas no campo positivo.
Além disso, o dólar terminou o dia em queda. A moeda americana fechou com desvalorização de 0,8%, a R$5,106, após atingir a mínima de R$ 5,096. Os juros futuros também recuaram: DI para janeiro de 2024 ficou em 13,48% e o DI 2027, a 12,37%.
Apesar do cenário levemente positivo o no mercado brasileiro nesta terça, o clima ainda é de maior cautela mercado dos Estados Unidos. Em Wall Street, que volta a operar após o feriado de Martin Luther King, índices de ações operam em queda. O pior desempenho veio do Dow Jones, com mais peso do setor financiero, com resultados de grandes bancos americanos no radar.
Em balanço do quarto trimestre divulgado nesta manhã, o Morgan Stanley superou as estimativas para a receita e lucro para o período, mas o resultado do Goldman Sachs saiu abaixo das expectativas. A principal decepção foi com o lucro por ação, que ficou em US$ 3,32 ante o consenso de US$ 5,56. As ações do Goldman Sachs caem mais de 6% na Bolsa de Nova York (NYSE).
O resultado foi prejudicado pelo aumento das provisões contra perda de crédito, que explodiram para US$ 972 milhões no quarto trimestre ante 344 US$ milhões no mesmo período do ano passado. Investidores temem que o crescimento das provisões, também feito por outros bancos, seja um mau preságio do futuro próximo da economia americana.
No Brasil, ações da Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), que chegaram a disparar no último pregão, sofrem reajustes. A Americanas (AMER3) até subia ao longo do dia recuperando parte das perdas, mas virou e passou a cair no fim do pregão.
Entre as maiores altas ainda estão as ações da Rede D'Or (RDOR3), que avançam após relatório do BTG Pacutal com recomendação de compra para o ativo. Segundo estimativa do banco, a Rede D'Or deve conseguir R$ 6,2 bilhões em sinergias com a fusão com a SulAmérica, concluída no fim do ano passado. A projeção oficial da empresa não foi divulgada. Na outra ponta, a Qualicorp lidera quedas com rebaixamento da recomendação pelo Goldman Sachs, que passou de neutro para venda e reduziu o preço-alvo de R$ 12,00 para R$ 6,00.