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Ibovespa sofre com efeito Americanas mas fecha semana em alta de 1,8%

Bancos recuam em bloco após sinal misto dos Estados Unidos; dólar acumula queda semanal de 2,5%

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 13 de janeiro de 2023 às 10h36.

Última atualização em 13 de janeiro de 2023 às 18h33.

O Ibovespa encerrou esta sexta-feira, 13, em queda, em um pregão ainda marcado pela expectativa dos investidores em relação à Americanas (AMER3) após a descoberta de um buraco de R$ 20 bilhões em “incosistências contábeis” nas contas da empresa.

Ainda assim, o principal índice da B3 conseguiu fechar a semana no positivo, com alta de 1,79% no acumulado dos últimos pregões. Nos três primeiros dias da semana, o Ibovespa chegou a disparar 3% de olho na resposta do governo aos atos antidemocráticos praticados por bolsonaristas no final de semana. A reabertura da China e a alta das commodities também contribuíram para o fechamento da semana no azul.

Os efeitos positivos também foram sentidos no câmbio. O dólar fechou a sessão em leve alta, mas acumulou na semana uma desvalorização de 2,5%. 

  • Ibovespa: - 0,84%, 110.916 pontos
  • Dólar comercial: + 0,12%, a R$ 5,106

O peso do ‘efeito Americanas’

No pregão desta sexta-feira, o índice não conseguiu superar o clima negativo ainda atento às incertezas que rondam a Americanas. A empresa perdeu R$ 8,4 bilhões de reais em valor de mercado com a queda da véspera. Neste pregão, no entanto, o movimento foi o inverso, com as ações buscando alguma recuperação depois do susto.

Os papéis chegaram a disparar 58,8% na máxima. A retomada, no entanto, não foi sinal de calmaria. “O mercado ainda está digerindo. Ontem muita gente realizou posição e foi movimento de manada. Pode demorar alguns dias até que o papel alcance um equilíbrio de preço”, avalia José Simão, sócio da Legend Investimentos.

  • Americanas (AMER3): + 15,81%

Simão lembra ainda que existem muitas lacunas no imbróglio. Não se sabe quem são os responsáveis pelo problema ou por que ele não foi encontrado antes pela auditoria PwC, que auditou os balanços da Americanas. 

Existe ainda um aumento nas posições vendidas em Americanas, que cresceu 580% entre o fim do segundo trimestre do ano passado e o pregão de quarta-feira, 11, quando foram encontradas as inconsistências. 

O mercado segue em compasso de espera tanto que, nesta sexta, o Credit Suisse colocou a ação da Americanas sob revisão de recomendação, seguindo os passos do Itaú BBA.

Do mesmo setor, a Magazine Luiza (MGLU3) acompanhou as altas da Americanas. Vale lembrar que, na véspera, os papéis da Magalu foram o principal destaque positivo do dia, totalizando uma alta de mais de 12% no acumulado dos dois últimos pregões.

  • Magazine Luiza (MGLU3): + 7,52%

Como adiantado no EXAME In, Magalu e Via (VIIA3) se apressaram para explicar a investidores que utilizam práticas contábeis diferentes das aplicadas pela Americanas. O chamado ‘risco sacado’, que foi o grande vilão no caso da Americanas, tem abordagem completamente diferente em suas duas principais concorrentes.

A Via, cujas ações desabaram 5% na véspera, hoje caiu mais 3,6%.

  • Via (VIIA3): - 3,66%

Bancos e a ameaça de recessão

Nesta sexta-feira, parte do viés vendedor veio dos Estados Unidos, onde os investidores tiveram uma reação mista ao início da temporada de balanços do quarto trimestre. 

Grandes bancos como JPMorgan, Bank of America (BofA) e Citi Group divulgaram resultados acima das estimativas para receita e lucro. Mas as expectativas de recessão apresentadas em balanço do JPMorgan foram suficientes para abalar Wall Street, que vinha de três pregões consecutivos de alta.

No quarto trimestre, o JPMorgan elevou em 49% sua provisão para perda de crédito, para US$ 2,3 bilhões. O aumento, justificou o banco, reflete "uma modesta deterioração nas perspectivas macroeconômicas da empresa, agora refletindo uma leve recessão no cenário central".

O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse em carta a investidores admitiu não ainda não saber qual será "o efeito final dos ventos contrários vindos das tensões geopolíticas, incluindo a guerra na Ucrânia, o estado vulnerável do abastecimento de energia e alimentos, a inflação persistente que está corroendo o poder de compra e elevou as taxas de juros, e um aperto quantitativo sem precedentes." 

A declaração derrubou as bolsas americanas durante boa parte do dia, mas os índices acabaram o pregão de volta ao campo positivo.

Os efeitos, no entanto, foram mais duradouros na bolsa brasileira, onde as ações dos bancos fecharam o dia em queda, exercendo pressão negativa sobre o Ibovespa.

  • BTG Pactual (BPAC11): - 2,93%
  • Santander (SANB11): - 1,94%
  • Itaú (ITUB4): - 0,50%
  • Bradesco (BBDC4): - 0,33%
  • Banco do Brasil (BBAS3): + 0,14%

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