Ibovespa: registra maior queda diária desde janeiro de 2023 (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 10h53.
Última atualização em 12 de dezembro de 2024 às 19h40.
No dia seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual (p.p.) e sinalizar uma Selic em 14,25% em março de 2025, o Ibovespa fechou a sessão desta quinta-feira, 12, em queda de 2,74% aos 126.042 pontos, com quase todos os ativos no vermelho.
Essa foi a maior retração percentual em um único dia desde 2 de janeiro de 2023, quando o índice recuou 3,06%, segundo a consultoria Elos Ayta.
A excessão foi a ação da Hapvida, que na última hora do pregão passou ao campo positivo e subiu 1,12%.
O 'choque' do BC, interpretado pelo mercado como um tom 'hawkish' (mais duro), colaborou para uma certa reancoragem nas expectativas o que favoreceu a taxa de câmbio em um primeiro momento, voltando a operar na cas dos R$ 5,9. Entretanto, ao longo da sessão, a moeda virou para alta se aproximando da casa dos R$ 6.
A notícia sobre a saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva impactou o câmbio. Isso porque a internação de Lula abriu espaço para o fortalecimento de outros nomes na corrida eleitoral, indicando, assim, a possibilidade de ajustes fiscais mais robustos no futuro.
O presidente passou por um novo procedimento nesta quinta-feira e, de acordo com o médico pessoal do chefe do Executivo, Roberto Kalil Filho, a cirurgia foi um sucesso e ele já está “acordado e falando”. Lula realizou uma embolização da artéria meníngea média, uma técnica indicada para prevenir o retorno de sangramentos no cérebro. Após a notícia da possível alta já na semana que vem, o dólar virou para cima.
A moeda fechou em alta de 0,86%, a R$ 6,0072, depois de oscilar entre R$ 5,8681 e R$ 6.0487. "Iniciou o dia em queda, respondendo à decisão do Copom e à inflação mais bem comportada nos EUA. Contudo as incertezas sobre o andamento da questão fiscal, bem como sobre o estado de saúde do presidente fizeram o câmbio voltar a subir", comenta Cristiane Quartaroli economista chefe do Ouribank.
Embora o mercado de apostas já considerasse a possibilidade de alta para 13,25%, alguns economistas ainda apostavam em um aumento mais moderado, de 0,75 ponto percentual, por parte do Banco Central (BC). Na pesquisa Bloomberg, 12 analistas esperavam uma taxa Selic com alta de 1 p.p., enquanto 20 esperavam uma alta de 0,25 p.p. - e um aguardava alta de 0,50 p.p..
O que surpreendeu, contudo, foi a indicação de que o BC pretende realizar mais dois aumentos de juros na mesma magnitude nas próximas reuniões.
A decisão do Copom, última com Roberto Campos Neto à frente da presidência do BC, parece ser um esforço claro para reforçar a credibilidade junto aos agentes econômicos. Isso se aplica tanto à atual diretoria quanto à próxima, sob o comando de Gabriel Galípolo.
Essa elevação da Selic ocorre em um momento de forte preocupação em relação às contas públicas, intensificada após a apresentação do pacote fiscal no final de novembro. As medidas anunciadas não geraram confiança nos investidores, contribuindo para a valorização do dólar, que alcançou a casa dos R$ 6.
Essa desancoragem das expectativas em relação ao fiscal ainda permanece e alguns agentes, como o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), já projeta um dólar a R$ 6,25 para 2025.
O dólar opera em alta de 0,98% cotado a R$ 6,026. Na última sessão, a moeda fechou em queda de 1,30% aos R$ 5,968.
O Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo tem um peso na composição do índice, refletindo o desempenho das ações mais negociadas. Se o índice está em 100 mil pontos, o valor da carteira teórica é de R$ 100 mil.
O horário de negociação da B3 vai dar 10h às 18h, com o after market operando das 18h25 às 18h45. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h. Já as negociações com o Ibovespa futuro acontecem das 9h às 18h25.