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Ibovespa cai 1,8% com possível mudança nas metas de inflação

Possibilidade de alterar as metas está no radar da equipe econômica após disputas entre Lula e BC

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 9 de fevereiro de 2023 às 10h37.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2023 às 18h50.

O Ibovespa teve um pregão de forte queda nesta quinta-feira, 9, com investidores cautelosos diante de possíveis mudanças de metas de inflação. O principal índice da B3 caiu 1,8% depois de subir 2% ontem.

A equipe econômica estuda antecipar uma revisão das metas de inflação do País, segundo a Bloomberg, na tentativa de acalmar as tensões entre o Banco Central e o governo Lula. A meta de inflação determina a variação que o indicador deve ter ao redor de um ano, e a principal função do BC é manter a inflação dentro da meta.

Para controlar o indicador, a autarquia subiu a taxa Selic para o patamar atual de 13,75% ao ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito uma série de críticas à condução da política monetária por parte do BC, afirmando que os altos juros estão sufocando a economia. 

Para apaziguar os ânimos, a equipe econômica pretende antecipar a discussão do Conselho Monetário Nacional, órgão do governo responsável por definir essas metas – e possivelmente aumentar as metas, atualmente fixadas em 3,25% para 2023 e 3% para os dois anos seguintes.

A avaliação é de que, com metas mais altas, a taxa de juros poderia ser mais branda. Vale ressaltar, no entanto, que essa visão não é consenso no mercado. 

“A única coisa garantida quando a meta de inflação sobe, é que vai haver mais inflação. O que vai acontecer com os juros é muito incerto. No passado, quando a inflação era mais alta, o juro era mais alto também. Não há nenhuma evidência de que a meta de inflação mais alta facilita a vida do Banco Central”, afirmou Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú, em encontro com jornalistas na quarta-feira.

Mesquita avalia que a meta deveria ser mantida no patamar atual, mas o principal foco é tomar a decisão o quanto antes para aliviar o cenário de incerteza. O Conselho Monetário Nacional, órgão do governo responsável por definir essas metas, tradicionalmente realiza a discussão sobre o assunto apenas em junho, quando se espera definir uma meta para 2026.

Ainda segundo a Bloomberg, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto seria a favor de uma meta mais alta. A possibilidade é sondada após Campos Neto não ter atingido a meta para a inflação nos últimos dois anos. Além do presidente do BC, compõem o CMN o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a do Planejamento, Simone Tebet.

"É uma sinalização de que pode haver uma mudança de comportamento do presidente do Banco Central. Isso é preocupante, mas ainda é pouco para avaliar se o Campos Neto irá mesmo ceder ao apelo do presidente. Seria uma pequena alteração para ajustar a meta ao que é possível ser feito. É uma luz amarela que acendeu no BC", disse Rodolfo Carneiro, especialista da Valor Investimentos.

Além da bolsa, o efeito da discussão foi sentido principalmente no dólar, que subiu mais de 1% contra o real.

  • Dólar comercial: + 1,40%, a R$ 5,269

Bancos e commodities puxam queda

Na bolsa, a pressão negativa veio do setor financeiro, em um movimento de correção após as fortes altas de ontem. As ações do Itaú (ITUB4), que dispararam 8,3% depois da divulgação do balanço, hoje recuaram mais de 2%. O Bradesco (BBDC4), que apresenta seu balanço após o fechamento do mercado, foi o mais prejudicado do setor.

As ações dos bancos, em conjunto, representam quase 15% da carteira teórica do Ibovespa, o que explica a força dos papéis no desempenho do índice.

  • Bradesco (BBDC4): - 2,54%
  • Itaú (ITUB4): - 2,48%
  • Santander (SANB11): - 0,76%
  • Banco do Brasil (BBAS3): - 0,53%

Dia negativo também para as ações ligadas ao minério de ferro. As ações da Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e Gerdau (GGBR4) foram rebaixadas para recomendação neutra pelos analistas do JPMorgan e do Goldman Sachs. Os papéis se beneficiaram no último ano e atualmente já estão com risco mais ajustado ao preço, dizem os analistas. A Vale (VALE3), maior companhia do índice, também foi rebaixada à neutra pelo JPMorgan.

  • Gerdau (GGBR4): - 7,93%
  • Metalúrgica Gerdau (GOAU4): - 7,81%
  • Vale (VALE3): - 0,37%

Maiores altas e baixas do Ibovespa

Maiores altas

A maior alta do dia foi do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), seguida de Natura (NTCO3) e Weg (WEGE3).

  • Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): + 1,49%
  • Natura (NTCO3): + 1,46%
  • Weg (WEGE3): + 0,85%

Maiores baixas

A maior queda do dia foi da Azul (AZUL4), que sofreu com a alta do dólar por ter seus custos dolarizados. Soma (SOMA3) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) fecham a lista das maiores quedas.

  • Azul (AZUL4): - 11,85%
  • Soma (SOMA3): - 8,81%
  • Metalúrgica Gerdau (GOAU4): - 7,93%
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