Painel de cotações da B3, a bolsa de valores brasileira (Cris Faga/Getty Images)
Repórter de Invest
Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 10h37.
Última atualização em 8 de janeiro de 2024 às 18h54.
O Ibovespa desta segunda-feira, 8, fechou em alta e recuperou sustentou os 132 mil pontos. O pregão foi marcado pela expectativa dos dados inflacionários dos Estados Unidos e China, que serão publicados ao longo da semana, junto à repercussão da quebra de um banco paralelo chinês e a turbulência que tem derrubado as ações da Boeing.
Mas o que de fato precificou a bolsa brasileira nesta segunda-feira foram as commodities. Isso porque a Arábia Saudita anunciou um corte de US$ 2 por barril no preço de sua principal variedade de petróleo. Junto a isso, pesou contra a matéria-prima notícias de que algumas transportadoras marítimas teriam chegado a um acordo com militantes extremistas no Mar Vermelho – informação que não foi oficialmente confirmada.
Com recuos que chegaram até 5%, o barril do Brent para março fechou as negociações com queda de 3,35%, a US$ 76,12. Já o WTI para fevereiro cedeu 4,12%, com o barril cotado a US$ 70,77. Mas as baixas não ficaram restritas à commodity e respingou nas petroleiras. As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram 1,86% e 0,75%, respectivamente. Já os papéis da PetroRecôncavo e da Prio tiveram baixas de 0,71% e 0,72%. A única petrolífera que ficou no azul foi a 3R Petroleum, que subiu 4,67%, após reportar uma alta de 9,1% na produção do quarto trimestre de 2023.
IBOV: +0,31%, aos 132.427 pontos.
Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, explica que o petróleo hoje foi negociado em uma região de preços importante e que deve ser observado com atenção nas próximas sessões. “Caso o petróleo perca essa região de preço, teremos, possivelmente, uma correção mais forte na Petrobras e consequentemente do Ibovespa”, diz.
Já Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX, alerta que a queda das commodities contribuiu para o avanço temporário do dólar nesta segunda-feira. “Os países exportadores de matéria-prima seguem sendo penalizados por essas quedas, inclusive a cesta das moedas emergentes.”
Outra matéria-prima que ficou no vermelho na sessão de hoje foi o minério de ferro, que caiu pela terceira sessão consecutiva, em meio a sinais de demanda fraca na China. Na bolsa de Dalian, o ingrediente siderúrgico teve baixa de 1,1%, com a tonelada cotada a 992,5 iuanes — cerca de US$ 139,84. Assim como ocorreu com as petroleiras, as mineradoras fecharam em baixa. A blue chip Vale (VALE3) caiu 0,51%, enquanto a CSN Mineração figurou na segunda maior queda do índice, com baixa de 1,40%.
Por aqui, antes da abertura do mercado, o Boletim Focus trouxe as projeções de economistas consultados pelo Banco Central. Nesta semana, a mediana do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 foi mantida aos 2,92% — mesmo percentual de um mês atrás. Para este ano, a projeção saiu de 1,52% para 1,59%, ante 1,51% de um mês atrás. Além desses números, a expectativa do BC sobre a inflação de 2023 oscilou para cima. A projeção passou de 4,46% para 4,47%. Um mês antes, a mediana era de 4,51%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção seguiu em 3,90%. Há um mês, era de 3,93%.
Na avaliação do economista André Perfeito, o relatório trouxe poucas novidades, mas ele destaca dois pontos de atenção. A primeira foi a projeção altista do PIB. Já a segunda, é em relação às expectativas com o dólar. “Um mês atrás estava em R$ 5,10, agora já está em R$ 5. Isto sugere que o mercado vê a divisa norte-americana mais comportada contra o Real, e esta percepção de longo prazo deve se materializar em melhora no curto prazo”, diz.
E por falar em dados da inflação, na próxima quinta-feira, 11, o IBGE publicará os números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referentes ao mês de dezembro. No mesmo dia, também será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) tanto dos EUA, quanto da China. Vale lembrar que, no caso do primeiro, os números são aguardados devido às expectativas sobre o início do ciclo de corte de juros. Na última semana, a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deixou os investidores menos otimistas que os cortes tenham início ainda neste trimestre, conforme uma parcela significativa do mercado precificou.
Já em relação à China, por lá, a semana começou com a notícia de que o Zhongzhi Enterprise Group, um "shadow bank" (banco paralelo) que fornecia empréstimos ao setor imobiliário chinês, teve pedido de falência e liquidação aceito por um tribunal de Pequim. Com a piora do sentimento, as bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta segunda-feira, 8.
O dólar fechou em queda nesta segunda-feira. Hoje, a moeda americana caiu 0,02%, a R$ 4,871. Na última sexta, o dólar fechou em queda de 0,73%, cotado a R$ 4,871.
Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.
Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 18h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 18h25 e 18h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 17h55.