Painel da B3: Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Invest
Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 10h38.
Última atualização em 4 de dezembro de 2023 às 18h25.
O Ibovespa desta segunda-feira, 4, fechou em queda. Com um dia de agenda relativamente vazia, os investidores aguardam por indicadores dos Estados Unidos que serão divulgados ao longo da semana. Por aqui, no radar corporativo ficou com a Sabesp (SBSP3), cujo projeto de privatização será discutido a partir desta segunda na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Outras companhias que movimentaram o índice hoje foram aquelas ligadas aos juros e commodities, que ficaram entre as baixas do dia.
Depois de encerrar o mês de novembro com valorização de 12,54%, a bolsa brasileira hoje teve um dia de “realizações”. Gabriel Mota, assessor de renda variável da Manchester Investimentos, explica que depois das falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), na última sexta, apesar do tom cauteloso, os investidores vislumbraram um viés mais positivo. “Não houve uma fala concreta sinalizando o início de queda de juros ou até mesmo uma estabilização, mas o mercado preferiu ver com melhores olhos a fala do Powell. Hoje, por outro lado, vemos um pouco mais de cautela dos investidores, que esperam pelos dados desta semana”, afirma.
IBOV: -1,08%, aos 126.803 pontos.
Os números aos quais o especialista se refere são do mercado de trabalho americano — visto que eles devem balizar as próximas decisões do Fed. E eles virão praticamente em sequência ao longo desta semana: amanhã, 5, é dia de relatório Jolts, que vai mostrar a abertura de vagas de trabalho em outubro por lá; na quarta-feira, 6, é a vez do indicador ADP mostrar a criação de vagas não-agrícolas; por fim, na sexta-feira, 8, é dia de Payroll, que trará o panorama da folha de pagamento dos trabalhadores estadunidenses.
Na avaliação de Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX, desses números, a maior expectativa é com o Payroll, que será o ‘pivô’ dos rumos da política monetária americana. “Dados mais fracos devem elevar os temores de que economia americana esteja esfriando, após a taxa de juros atingir o patamar de 5,25% ao ano. Por outro lado, caso os dados saiam mais robustos e fortes, pode acabar jogando um balde de água fria no mercado e diminuir as apostas de que a flexibilização monetária deve acontecer antes do esperado.”
E por falar em dados, antes da abertura do mercado, o Boletim Focus desta semana apontou para uma leve alta da expectativa para a inflação deste ano. A projeção passou de 4,53% para 4,54%. Um mês antes, a mediana era de 4,63%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção também oscilou de 3,91% para 3,92%. Há um mês, era de 3 91%. Agora, o mercado aguarda pelos números do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, referente ao terceiro trimestre, que será divulgado amanhã, e dados fiscais, na quarta.
No radar corporativo, as blue chips fecharam no vermelho na sessão desta segunda. As ações da Vale (VALE3) caíram 2,25%, devido à baixa do minério de ferro no mercado internacional. Na bolsa de Dalian, a commodity caiu 1,14%, com a tonelada cotada a 958 iuanes (aproximadamente US$ 135,15). Outra companhia de peso ao índice Bovespa a cair foi a Petrobras (PETR4), com baixa de 2,13%. Também caíram os papéis PETR3, com baixa de 1,96%. A estatal recuou por conta do petróleo, com o Brent fechando em baixa de 1,07%, a US$ 78,03 o barril, devido à incerteza sobre cumprimento dos cortes da Opep+.
Ainda entre os destaques negativos do pregão, a lanterna do Ibovespa contou com os papéis da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4), que caíram 9,19% e 5,82%, respectivamente. No caso da primeira, pesou contra a contratação da consultoria financeira Seabury Capital — fato que analistas não veem como algo necessariamente negativo. “Isso deve ter preocupado os investidores da empresa, que podem enxergar, na minha visão, um aumento na percepção de riscos do case. Já Azul sofreu hoje por contaminação dessa notícia”, aponta Leandro Petrokas, diretor de research da Quantzed.
Ainda de acordo com o especialista, outras quedas se deram, principalmente, a papéis sensíveis aos juros, como é o caso de varejistas como Magazine Luiza (MGLU3), Alpargatas (ALPA4) e Casas Bahia (BHIA3). “Com a alta dos juros de mercado, esses setores costumam reagir de forma negativa”, diz Petrokas.
Em uma sessão de altas tímidas, destaque para Totvs (TOTS3), que na sexta-feira anunciou a compra de uma plataforma de recursos humanos por R$ 380 milhões e tem somado nas duas últimas sessões. Nesta segunda, a companhia fechou com alta de 0,95%.
Por fim, os investidores acompanham a discussão que teve início na tarde de hoje, na Alesp, do projeto de lei que autoriza o governo Tarcísio de Freitas a privatizar a Sabesp (SPBSP3). No último dia 22 de novembro, o projeto foi aprovado nas comissões por 27 votos favoráveis e oito contrários. Agora, a expectativa é de que a votação da desestatização da companhia paulista efetivamente transcorra amanhã.
O dólar fechou em alta nesta segunda-feira. A moeda americana subiu 1,39%, a R$ 4,949. Na sexta, o dólar fechou em queda de 0,70%, cotado a R$ 4,881.
Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.
Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 18h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 18h25 e 18h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 17h55.