Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 4 de novembro de 2022 às 10h52.
Última atualização em 4 de novembro de 2022 às 17h31.
O Ibovespa avançou nesta sexta-feira, 4, embalado pela alta dos papéis da Vale e siderúrgicas, mas perdeu força ao longo do dia com a influência negativa da Petrobras. Na máxima, o principal índice da B3 chegou a atingir os 120 mil pontos. No acumulado da semana – a primeira após o fim das eleições – o índice avançou 3,16%.
No caso da mineradora, os papéis avançaram com sinais de queda de restrições à covid-19 na China. A Vale, que tem o país asiático como maior comprador de minério de ferro, dispara cerca de 7% neste pregão e puxa a alta do principal índice da B3. O movimento é acompanhado de siderúrgicas, que também se beneficiam de preços de minério mais altos.
A alta só não foi maior devido à força negativa das ações da Petrobras, que tem o segundo maior peso no Ibovespa, atrás apenas da Vale.
Investidores reagiram negativamente à notícia de que os dividendos bilionários da companhia estão na mira do Tribunal de Contas da União. O procurador de contas junto ao TCU, Lucas Furtado, pediu nesta sexta que o tribunal suspenda imediatamente a distribuição de dividendos que a companhia aprovou na véspera.
O argumento é que poderia haver prejuízo para sustentabilidade financeira caso o pagamento de dividendos seja antecipado para entrar no caixa da União ainda este ano, sob a administração Bolsonaro.
Rodrigo Araújo, diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, afirmou em coletiva de imprensa nesta tarde que ainda não teve acesso ao pedido do procurador, mas que está a disposição do TCU para quaisquer esclarecimentos.
Araújo reforçou ainda que a distribuição dos dividendos não trouxe nenhuma novidade em relação ao que já vem sendo praticado pela estatal. “A Petrobras atuou completamente dentro da política de remuneração aos acionistas e não fez nada de diferente do que fez ao longo dos últimos trimestres. É uma política que já previa pagamento trimestral de dividendos e assim vendo executada”, afirmou.
O movimento repercutiu negativamente na bolsa, derrubando as ações da Petrobras. “O mercado entende o episódio como uma interferência do novo governo em relação à empresa. Estatais sempre ficam na expectativa de futuras intervenções", avalia Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Veedha Investimentos.
Leia também: Ações da Petrobras afundam mais de 5% com ruído sobre dividendos
Apesar do dia majoritariamente positivo na B3, varejistas desabaram nesta sexta, com investidores reagindo negativamente aos balanços da noite anterior.
A maior queda do dia foi liderada pelas ações da Alpargatas, que desabam mais de 15%, após seu lucro líquido cair 71,5% no último trimestre para R$ 44,9 milhões.
Ações do GPA também ficaram entre as maiores quedas. No terceiro trimestre, o prejuízo líquido da dona do Pão de Açúcar saltou 221% frente ao mesmo período do ano passado para R$ 296 milhões, puxado por despesas financeiras.
"Com a expectativa do spin off do grupo Éxito é possível que o ativo consiga desalavancar e tenha então recursos para ajustar a operação, mas o GPA Brasil ainda parece um pouco distante de um cenário onde atinja o break-even", disse em relatório Gabriel Gracia, analista da Guide Investimentos.
Leia mais: Com volume menor de vendas no 3º tri, Alpargatas vai mirar na compra por impulso
Leia mais: GPA (PCAR3): prejuízo líquido salta 221% e chega a R$ 288 milhões no 3º tri