Painel de cotações (Germano Lüders/Exame)
Publicado em 1 de março de 2023 às 10h40.
Última atualização em 1 de março de 2023 às 18h29.
O Ibovespa começou o mês de março em terreno negativo, ainda reagindo à discussão sobre a volta da cobrança de impostos sobre os combustíveis.
Durante boa parte do dia, a pressão negativa veio das ações da Petrobras (PETR4), que chegaram a cair mais de 3% em reação à medida. Como forma de absorver parte da alta de preços com a volta de impostos federais, a estatal reduziu os preços da gasolina e diesel vendidos em suas refinarias. O movimento alimentou as incertezas sobre como será sua política de preços durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No final do dia, a ação se recuperou das perdas com investidores aguardando o balanço do quarto trimestre da companhia, que será divulgado após o fechamento do mercado.
Porém, mesmo com a recuperação da estatal, o Ibovespa ainda fechou o dia no negativo. O viés vendedor foi influenciado em parte pelas bolsas americanas, onde investidores seguem preocupados com a inflação e seus efeitos sobre os juros.
Por aqui, os juros também permanecem no radar. Ao anunciar a medida provisória que estabeleceu a reoneração do PIS/Cofins sobre gasolina e etanol, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse esperar que o Banco Central reaja como previsto pelas atas, reduzindo os juros.
O ministro, no entanto, negou que o discurso fosse uma pressão à autoridade monetária. "Lembrei o que estava escrito na ata do Copom", afirmou em entrevista nesta quarta-feira. Os ruídos, no entanto, ajudaram na queda do Ibovespa.
A queda da bolsa brasileira ocorreu mesmo com a forte valorização da Vale (VALE3) nesta quarta. A mineradora, que é a empresa de maior peso na carteira do Ibovespa, acompanhou a forte alta do minério de ferro na China, após dados de atividade econômica do país.
Os Índices de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês), que saíram na última noite na China, superaram as expectativas em todas as frentes. Todos, inclusive, saíram acima da linha dos 50 pontos que delimitam a expansão da contração da atividade.
"Os números mais fortes, com a reabertura da China, geram maior otimismo nos mercados internacionais. Mas, no Brasil, a atenção está mais voltada para a reoneração dos combustíveis anunciada pelo ministro Fernando Haddad. Isso tem um impacto fiscal positivo de curto prazo. Do lado negativo, claramente ficaram os impostos sobre exportação de petróleo bruto como forma de compensar a reoneração parcial", afirmou Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.
As siderúrgicas também reagiram aos dados chineses, e ficaram entre os maiores ganhos do Ibovespa, com destaque para CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5).
Outra forte alta veio da BRF (BRFS3), que saltou mais de 5% mesmo apresentando prejuízo líquido de R$ 956 milhões no quarto trimestre. Segundo analistas, a proposta de desinvestimentos que a companhia apresentou para reverter os maus números animou os investidores.
A Hapvida (HAPV3) foi o grande destaque negativo do dia e desabou quase 32% nesta quarta. O movimento ocorreu em reação ao balanço do quarto trimestre. O lucro líquido da empresa caiu 56%, para R$ 161,4 milhões.
Acompanhando a operadora de saúde nas maiores baixas, a petroleira 3R caiu mais de 10% reagindo à proposta de reoneração dos combustíveis.
Hapvida (HAPV3): - 32,74%
3R (RRRP3): - 10,46%
Magazine Luiza (MGLU3): - 10,03%
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