Invest

Ibovespa fecha em queda pelo 3º pregão seguido com pressão de Vale e Petro

Desvalorização do dólar pressiona ações de empresas exportadoras na bolsa; moeda americana fica perto de perder marca dos 5 reais

Painel da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 17 de junho de 2021 às 17h21.

Última atualização em 17 de junho de 2021 às 17h25.

Após passar a manhã operando em alta, o Ibovespa entrou no campo negativo no início da tarde desta quinta-feira, 17, e fechou o dia abaixo dos 129.000 pontos pressionado por ações ligadas a commodities. O principal índice da B3 fechou o pregão em queda de 0,93%, aos 128.057 pontos, na pior pontuação de fechamento do mês de junho.

Invista com o maior banco de investimentos da América Latina. Abra sua conta no BTG Pactual digital

Por outro lado, o dólar caiu 0,74% e voltou a ficar próximo de perder a marca dos 5 reais, chegando a ser negociado a 5,002 reais na mínima do dia. A queda da moeda americana ocorre em meio à repercussão do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), feito na última noite, após elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual (p.p.) para 4,25% ao ano.

No documento, além de voltar a sinalizar uma alta de "mesma magnitude" na próxima reunião, o Copom deixou a porta aberta para uma elevação de juros ainda mais dura, dependendo do comportamento da inflação. No mercado, investidores acreditam em uma alta de até 1 p.p., com a Selic passando para 5,25% já em agosto. Novas altas de juros tendem a fortalecer o real, com a maior atração de investidores estrangeiros para a renda fixa brasileira. 

Na bolsa, porém, a queda do dólar derrubou as ações de empresas exportadoras de commodities. Com a maior participação no Ibovespa, a Vale (VALE3) caiu 2,08% e puxou a queda do índice, mesmo com a alta do minério de ferro. O preço da commodity subiu 3,15% no porto de Qingdao, para 220,82 a tonelada.

As ações de siderúrgicas também apresentaram forte desvalorização, com a CSN (CSNA3) caindo 4,95% e a Gerdau (GGBR4) recuando 3,78%. Ações de frigoríficos e do setor de celulose também são negociadas em queda, com Marfrig (MRFG3) em queda de 2,667% e Suzano (SUZB3) caindo 2,96%.

Outra empresa com grande participação no índice, a Petrobras (PETR3/PETR4) recuou mais de 3% nesta quinta-feira, com perdas de 3,08% nas ações ordinárias (PETR3) e 3,47% nas preferenciais. 

A queda acompanhou a desvalorização do petróleo no mercado internacional: o petróleo Brent caiu 1,67% e o WTI recuou 1,54%. Do mesmo setor, a PetroRio (PRIO3) recuou mais de 4,54%.

Os papéis com maior baixa do dia, no entanto, foram os da Braskem (BRKM5) que registraram queda de 5,38%. As ações reagiram à notícia do Estadão de que a operação americana da Braskem, líder na produção de polipropileno nos Estados Unidos, deverá ser separada da frente nacional. O objetivo é que a Novonor (antiga Odebrecht) tenha um lucro maior em uma eventual venda de sua fatia de 50,1% da petroquímica, uma vez que as fábricas nos EUA seriam subavaliadas numa negociação se continuassem ligadas à operação brasileira.

No mercado internacional, investidores ainda digerem a sinalização de que o Federal Reserve (Fed) pretende fazer duas altas de juros em 2023, um ano antes do esperado. O que ajuda a resfriar a percepção de aperto monetário por parte do Fed são os pedidos semanais de seguro desemprego, que voltaram a ficar acima das expectativas no país. 

Divulgado nesta manhã, o número ficou em 412.000 pedidos contra 359.000 esperados. A quantidade de pedidos também ficou acima da registrada na semana passada, que foi revisada para 375.000. 

Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones fechou o dia em queda de 0,62%, enquanto o S&P 500 encerrou em leve baixa de 0,04% após operar próximo a estabilidade em grande parte do dia. Já o Nasdaq, com maior presença do setor de tecnologia, subiu 0,87%. Movimento semelhante ocorreu na bolsa brasileira, com ações de Banco Inter (BIDI11),  Magazine Luiza (MGLU3) e Locaweb (LWSA3) entre as maiores altas do dia. 

Maiores altas

Maiores quedas

Banco InterBIDI11

5,35%

BraskemBRKM5

-5,38%

Magazine LuizaMGLU3

4,92%

CSNCSNA3

-4,95%

LocawebLWSA3

4,79%

PetroRioPRIO3

-4,54%

As varejistas também se beneficiam das melhores perspectivas de retomada econômica no Brasil. “Em meio a declarações de Bolsonaro sobre o aumento do Bolsa Família e com o otimismo proveniente da prorrogação do auxílio emergencial e do progresso da vacinação, o setor de comércio varejista segue seu ciclo de alta”, acrescentam, em nota, analistas da Ativa Investimentos.

Também na ponta positiva do índice, os papéis da BR Distribuidora (BRDT3) subiram 2,95%, e ficaram entre os maiores destaques de alta. As ações avançam com a notícia do Estadão de que a oferta subsequente de ações (follow-on) para a venda das ações da BR detidas pela Petrobras deverá ser lançada hoje para ter o preço definido no dia 30 deste mês. 

Investidores também ficaram atentos à votação da MP de privatização da Eletrobras (ELET3/ELET6) no Senado, que deve ocorrer ainda nesta quinta-feira. Os papéis ordinários da companhia (ELET3) recuaram 3,05%, enquanto os preferenciais (ELET6) caíram 3,18%. O Conselho de Administração da estatal bateu o martelo sobre a venda da participação no fim da semana passada.

Esteja sempre informado sobre as notícias que movem o mercado. Assine a EXAME

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresDólarDow JonesIbovespaNasdaqRealS&P 500

Mais de Invest

Como negociar no After Market da B3

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida