São Paulo - A Bovespa devolveu quase toda a queda no fim do pregão desta quarta-feira, em sessão marcada pela reação negativa de investidores ao rebaixamento da classificação de risco da Petrobras para "junk" pela Moody's, que fez as ações da estatal caírem quase 9 por cento no pior momento da sessão.
O Ibovespa fechou em queda de apenas 0,12 por cento, a 51.811 pontos, após recuar 1,59 por cento e quase perder o patamar de 51 mil pontos na mínima.
O volume da sessão somou 8,8 bilhões de reais, acima da média do mês pela primeira vez na semana.
O principal índice da bolsa paulista abandonou as mínimas puxado principalmente por ganhos do setor de educação, com Estácio Participações à frente, em meio à cobertura de posições por agentes que tinham alugado os papéis para vendê-los (short squeeze), diante da melhora do noticiário do setor.
Mas o destaque do dia foi Petrobras e a redução da queda nos papéis da estatal também ajudou no alívio, após a Moody's cortar o rating da dívida em moeda estrangeira da companhia em dois degraus, de "Baa3" para "Ba2".
No fechamento, as preferenciais caíram 4,87 por cento e as ordinárias recuaram 4,52 por cento.
"O rebaixamento aumenta as chances de uma emissão de ações até o final do ano dadas as implicações negativas não só para a empresa, mas a seus fornecedores e às perspectivas macroeconômicas do Brasil", escreveu a analista Lilyanna Yang, do UBS.
"Um choque de credibilidade ainda é altamente necessário", acrescentou.
Duas fontes do governo disseram à Reuters, contudo, que o governo federal descarta realizar uma capitalização da Petrobras neste momento.
Ao mesmo tempo, outras duas fontes disseram à Reuters que a estatal contratou o banco JPMorgan para coordenar a venda de 3 bilhões de dólares em ativos.
Outra ação que pesou na ponta negativa do Ibovespa foi Banco do Brasil. O Goldman Sachs citou que cortes de investimentos da Petrobras podem afetar a qualidade dos empréstimos dos bancos brasileiros, enquanto o Credit Suisse destacou aumento na inadimplência dos bancos públicos em dados de crédito referentes a janeiro divulgados pela manhã pelo Banco Central.
A temporada de balanços favoreceu a ação da Multiplan, enquanto Telefônica Brasil perdeu fôlego e terminou o dia em leve queda mesmo após divulgar lucro acima do esperado no quarto trimestre de 2014.
Lojas Renner subiu 1,29 por cento, após o Credit Suisse elevar a recomendação para "outperform", com preço-alvo de 100 reais, avaliando que a varejista segue bem preparada para enfrentar o ambiente macroeconômico mais desafiador.
Investidores seguiram atentos aos protestos de caminhoneiros no país, contra baixos preços de frete e custos elevados com combustíveis, que bloqueavam mais de 90 pontos de rodovias federais em diversos Estados, prejudicando o transporte de combustíveis, alimentos e matérias-primas no Brasil.
Em email a clientes pela manhã, o Banco Espirito Santo Investimentos avaliou a BRF como a mais afetada por ter fábricas em todas as regiões com rodovias bloqueadas.
A ação da fabricante de alimentos, que divulga resultado trimestral na quinta-feira, caiu 0,43 por cento.
*Atualizada às 17h45 do dia 25/02/2015
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1. Tempos difíceis
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1/9 (Divulgação/EXAME)
São Paulo – De suspeitas de corrupção a multas bilionárias, a
Petrobras tem sido protagonista de algumas das principais - más - notícias do Brasil nos últimos tempos. Alvo de uma das maiores investigações de corrupção corporativa do país, a petroleira hoje sofre uma crise de credibilidade que a faz perder valor de mercado a cada novo fato divulgado. E tem sido um exemplo de que realmente tudo pode dar errado ao mesmo tempo agora. Listamos oito fatos recentes sobre a Petrobras que comprovam que o ruim pode sempre piorar.Veja nas fotos.
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2. Operação Lava Jato
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2/9 (Arquivo/Agência Brasil)
Deflagrada em março de 2014, a
Operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção dentro da Petrobras em que um possível esquema de lavagem de dinheiro e contratos irregulares por meio de licitações beneficiaria partidos políticos. Desde então, pessoas, grandes transações e contratos fechados com irregularidade são alvo de investigação da Polícia Federal. A operação em curso ainda tem muito que apurar – e a lista de possíveis envolvidos no escândalo só aumenta. Inclui grandes empreiteiras, fornecedores e políticos.
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3. Fornecedores na mira
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3/9 (Germano Lüders/Exame)
Até agora, 23 empreiteiras foram indiciadas por envolvimento na operação. Em uma segunda etapa, mais recente, outras 82 empresas de setores diversos foram indiciadas. Além de executivos presos, algumas das companhias citadas passam por dificuldades de acesso a crédito, falta de pagamentos de aditivos de contratos com a Petrobras e contam com muitas obras paradas e prejuízo. Algumas dessas empresas já
decretaram falência. Outras, como a Camargo Correa, fizeram
demissão em massa. O estrago até o fim da operação pode ser ainda maior. A estimativa é que a Petrobras tenha hoje cerca de 6.000 fornecedoras no país.
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4. Balanço incompleto
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4/9 (REUTERS/Paulo Whitaker)
O atraso na divulgação de resultados da companhia, previsto inicialmente para outubro do ano passado, acabou criando uma expectativa negativa no mercado sobre o que estaria por vir. Mas o estrago foi ainda maior que o previsto quando a empresa fez a efetiva publicação do balanço, no final de janeiro. No relatório, a estatal divulgou uma diferença de quase R$ 62 bilhões entre o valor real dos ativos e o contabilizado no balanço anterior, do segundo trimestre. A diferença não foi identificada como perdas com corrupção e a auditoria de todos os ativos não foi feita de maneira independente. A revelação do número assustou e gerou ainda mais incertezas nos investidores. Acabou criando uma situação insustentável para a Petrobras, que viu suas ações desabarem.
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5. Mudança de comando
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5/9 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Dias depois da divulgação dos resultados,
Graça Foster e outros cinco diretores da companhia
renunciaram ao comando da Petrobras. Por dois dias, ficou no ar a dúvida sobre quem assumiria a responsabilidade de liderar a maior empresa do país em meio a um turbilhão de incertezas e denúncias. A expectativa era a de que o governo escolhesse alguém do mercado, que tivesse independência para decidir os rumos da empresa de agora em diante. Dilma Rousseff anunciou o nome de
Aldemir Bendine para o cargo. Tido como
um perito em crises e aliado do governo, Bendine deixou o comando do Banco do Brasil para assumir como presidente da Petrobras. A notícia azedou ainda mais o humor dos investidores.
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6. Acidente fatal
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6/9 (REUTERS/Gabriel Lordello)
Uma semana depois da troca de comando, um novo desastre atingiu a empresa – esse vindo dos mares e com consequências fatais. A explosão a bordo do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, causou a
morte de cinco pessoas e deixou outras dez feridas – duas delas em estado grave. A norueguesa BW Offshore era a proprietária da embarcação e trabalhava para a petroleira brasileira. Ainda não se sabe o que causou a explosão.
A única certeza é a de que o acidente foi o terceiro maior desse tipo na história da empresa e que ela terá de arcar com uma multa, caso fique comprovado erro de operação.
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7. Revolta dos acionistas
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7/9 (Scott Eells/Bloomberg)
Além dos problemas internos, a Petrobras e seus acionistas no Brasil podem enfrentar uma possível revolta dos investidores estrangeiros. A estatal tem ações na Bolsa de Nova York e, se as denúncias de corrupção forem comprovadas, uma multa bem pesada pode chegar. Nos Estados Unidos,
uma ação simultânea da Securities and Exchange Comission (SEC), do Departamento de Justiça (DoJ) e dos tribunais americanos já fez com que técnicos fossem enviados ao Brasil para analisar o caso da Petrobras. A punição para a Petrobras, caso se comprove fraudes contra os acionistas, pode superar os valores de casos emblemáticos, como o da elétrica Enron, fechado em US$ 7,2 bilhões em 2006.
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8. Dívidas em dólar
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8/9 (Scott Eells/Bloomberg)
O momento ruim da Petrobras ainda conseguiu piorar com ajuda da alta do dólar. A valorização da cotação, a mais alta desde 2004, fez com que a dívida da companhia explodisse ao patamar da maior de toda a sua história. Calcula-se que 70% do endividamento da Petrobras estejam atrelados à moeda estrangeira, por isso um baque tão grande. Além do aumento do endividamento, fica mais caro para a Petrobras importar insumos, o que, por consequência, reduz seu caixa.
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9. Agora, veja 14 fatos incríveis sobre a Apple
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9/9 (Divulgação)