Ibovespa: bolsa encerrou pregão em queda de mais de 1% (Paulo Whitaker/Reuters)
Beatriz Correia
Publicado em 9 de abril de 2019 às 17h18.
Última atualização em 9 de abril de 2019 às 18h14.
O Ibovespa encerrou em queda nesta terça-feira, 9, pressionado pela cautela dos investidores diante da falta de notícias sobre a reforma da Previdência, em dia também de fraqueza nas principais praças no exterior.
A bolsa paulista caiu 1,11%, a 96.291,79 pontos. O giro financeiro somou 12 bilhões de reais.
Para Rafael Bevilacqua, estrategista chefe da consultoria independente de investimentos Levante, a falta de avanços sobre a Previdência fez o índice seguir a fraqueza dos mercados externos.
"A falta de notícias faz o mercado reagir de forma negativa. Foi um movimento de cautela diante da tensão existente entorno do andamento da proposta", afirmou.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara se reuniu nesta terça para o relator, deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), apresentar seu parecer sobre a admissibilidade do texto que altera as regras de aposentadoria dos brasileiros. A comissão aprovou um requerimento de inversão de ordem dos trabalhos, manobra que diminui o leque de movimentos de obstrução da oposição.
No ambiente externo, Wall Street encerrou no vermelho, em meio a temores sobre uma desaceleração econômica depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu estimativa para o crescimento econômico global em 2019. O recuo também foi influenciado por incertezas comerciais após o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmar que os Estados Unidos vão impor tarifas de importação sobre 11 bilhões de dólares em produtos da União Europeia.
- ELETROBRAS PNB declinou 3,34%, entre as principais perdas do Ibovespa, em seu menor valor de fechamento desde 8 de março, tendo de pano de fundo dúvidas sobre o cronograma da capitalização da estatal.
- PETROBRAS PN recuou 0,31% e PETROBRAS ON caiu 0,89%, antes de uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para decidir detalhes da cessão onerosa, prevista para depois do fechamento do mercado. O governo poderá publicar ainda nesta terça valor que deverá ser pago à estatal como parte da conclusão da renegociação do contrato, disse à Reuters uma fonte com conhecimento das negociações.
- VALE recuou 1,95%, apesar da alta dos preços do minério de ferro na China. Nesta terça, sindicatos que representam trabalhadores vítimas do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho (MG) disseram que vão impetrar uma ação trabalhista coletiva contra a companhia, pedindo reparações para as famílias dos mortos, bem como para os sobreviventes da tragédia.
- JBS caiu 2,03%. A empresa de alimentos recolheu aproximadamente 19,63 mil quilos de carne nos Estados Unidos com risco de contaminação por materiais estranhos, especialmente plásticos, informou o Departamento de Agricultura e Serviços de Inspeção do país.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 0,55%, enquanto BRADESCO PN declinou 0,38%, contribuindo para o resultado negativo do Ibovespa.
- AMBEV valorizou-se 1,96%, tendo de pano de fundo expectativas do Credit Suisse de um crescimento de 7% nas vendas de cerveja da empresa no Brasil no primeiro trimestre, com a receita avançando cerca de 12% frente ao mesmo período do ano anterior.
Também influenciado pela ausência de avanço nas negociações da reforma previdenciária, o dólar fechou apenas em leve alta, num pregão marcado por pouca oscilação da moeda norte-americana com reflexos do ambiente nacional e limitada variação também nos mercados externos.
O dólar à vista subiu 0,13%, a 3,8542 reais na venda. Na B3, a referência do dólar futuro tinha leve alta de 0,09%, a 3,8590 reais.
Sem grandes catalisadores no mercado local, operadores seguiram as limitadas variações das moedas no exterior, um dia antes da divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).
A postura mais acomodatícia do Fed tem ajudado a sustentar algumas divisas de risco nos últimos meses, mas o câmbio emergente sofreu depreciação recentemente, diante do entendimento de que o discurso de paciência do BC norte-americano na política monetária deriva de piora das perspectivas gerais para a economia.
O Morgan Stanley acredita que, como um todo, o cenário é favorável a moedas emergentes, mas no caso do real o aumento do risco de implementação da reforma das aposentadorias joga contra o câmbio no curto prazo. Por isso, estrategistas do banco se dizem "neutros" na moeda brasileira e estimam dólar de 3,85 reais ao fim deste segundo trimestre.