Bovespa: "É uma questão que causa um certo mal-estar e favorece o clima de cautela, mas os riscos políticos sempre existiram" (Germano Lüders/Exame)
Reuters
Publicado em 6 de março de 2017 às 19h00.
São Paulo - O principal índice da bolsa paulista fechou em baixa nesta segunda-feira, em meio à cautela com a cena política local e também de olho no cenário externo, tendo as ações da Suzano liderando a ponta negativa.
O Ibovespa caiu 0,67 por cento a 66.341 pontos. O giro financeiro foi de 8 bilhões de reais, um pouco acima da média diária para o ano até sexta-feira, de 7,88 bilhões de reais, mas inferior à média diária vista em fevereiro, de 9,18 bilhões de reais.
A cautela com a política local veio em meio à expectativa de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, peça nesta semana a investigação de ministros da equipe do presidente Michel Temer e senadores do seu partido PMDB por corrupção, com base no recente acordo de delação premiada de 77 executivos da Odebrecht.
"É uma questão que causa um certo mal-estar e favorece o clima de cautela, mas os riscos políticos sempre existiram", disse o analista da Clear Corretora Raphael Figueredo, acrescentando que a situação, por ora, não tem força para causar impactos mais fortes no mercado.
Enquanto não surgem novidades no âmbito da operação Lava Jato, Temer segue em busca de acelerar o ritmo no Congresso da proposta de mudança do sistema previdenciário, promovendo encontros com líderes da base aliada na Câmara dos Deputados para discutir o tema.
O cenário externo também favoreceu o tom negativo neste pregão, com tensões geopolíticas pesando sobre o apetite a risco dos investidores após a Coreia do Norte lançar mísseis balísticos no mar.
- SUZANO PNA perdeu 5,33 por cento e FIBRIA ON caiu 3,59 por cento. Analistas do Bradesco BBI reiteraram cautela para o setor e alertaram para reversão de momento favorável para preços de celulose.
- VALE PNA recuou 3,1 por cento VALE ON teve baixa de 2,26 por cento, em sessão de perdas para o preço do minério de ferro na China.
- CIELO ON caiu 2,36 por cento. O UBS rebaixou a recomendação para as ações da empresa para "venda", ante "neutra", e reduziu o preço-alvo para 28 reais, ante 30 reais.
- BRADESCO PN recuou quase 1 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 0,4 por cento, ajudando a pressionar o Ibovespa devido ao peso dos papéis desses bancos no índice.
- MRV subiu 3,46 por cento, liderando a ponta positiva do Ibovespa. A empresa divulga o resultado do quarto trimestre de 2016 na terça-feira, após o fechamento do mercado, e analistas do BTG Pactual esperam que a MRV seja o destaque positivo entre as construtoras, com expectativa de crescimento de 11 por cento no lucro por ação na comparação anual.
- BRF ON avançou 0,97 por cento. No radar estava a notícia de que a Coreia do Sul proibirá as importações de produtos avícolas dos Estados Unidos depois que uma cepa do vírus da gripe aviária H7 foi confirmada em uma granja norte-americana. A BRF é a maior exportadora de carne de frango do mundo.