B3: "Isso deixa a situação mais desconfortável e na ausência de qualquer noticiário mais positivo isso acaba pesando" (Patricia Monteiro/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 19 de dezembro de 2017 às 18h51.
São Paulo - O principal índice da bolsa paulista fechou no vermelho nesta terça-feira, com investidores mais apreensivos com a situação fiscal do país após decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o reajuste dos servidores públicos e comentários do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre medidas fiscais.
O Ibovespa fechou em queda de 0,6 por cento, a 72.680 pontos. O giro financeiro somou 6,69 bilhões de reais.
Os receios com o ajuste fiscal no Brasil voltaram a crescer após o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, suspender na véspera, por meio de liminar, efeitos da medida provisória que adiava reajuste de servidores federais e fixava alíquota de contribuição social progressiva para os servidores.
A cautela ganhou força nesta sessão, após o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartar aumento de impostos no ano que vem para compensar a não aprovação de medidas fiscais propostas pelo Executivo, e reconhecer o risco de rebaixamento da nota de crédito do Brasil antes da votação da reforma da Previdência.
"Isso deixa a situação mais desconfortável e na ausência de qualquer noticiário mais positivo isso acaba pesando", disse o sócio analista da Eleven Financial, Raphael Figueredo.
Na véspera, o otimismo com o avanço da reforma tributária nos Estados Unidos amparou o maior apetite por risco, levando o Ibovespa a fechar em alta de 0,7 por cento. Nesta sessão, o avanço da medida ajudou a limitar os efeitos negativos sobre o Ibovespa da preocupação com a situação fiscal brasileira.
No final desta tarde, a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou a proposta de reforma tributária, enviando a versão final da lei ao Senado, onde há previsão de congressistas votarem o projeto nesta noite. Desta forma, a expectativa é que a medida seja sancionada pelo presidente Donald Trump até o fim desta semana.
- PETROBRAS PN recuou 0,53 por cento e PETROBRAS ON caiu 0,51 por cento, após os ganhos da véspera e com cautela com a cena local ofuscando os efeitos dos ganhos para os preços do petróleo no mercado internacional.
- VALE ON encerrou a sessão praticamente estável, com variação positiva de 0,03 por cento, após trocar de sinal algumas vezes ao longo do dia. A sessão foi positiva para os contratos futuros do minério de ferro na China, mas os investidores tinham ainda no radar a sanção do presidente Michel Temer do texto aprovado pelo Congresso Nacional que aumentou os royalties para a produção de minério de ferro. Pelo texto aprovado no Senado, o minério de ferro passará a ter alíquota de 3,5 por cento, ante 2 por cento previamente, numa elevação que causou queixas da Vale.
- BRADESCO PN caiu 0,64 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 0,56 por cento, ajudando o tom negativo do Ibovespa devido ao peso desses papéis em sua composição.
- SMILES ON caiu 3,83 por cento, liderando a ponta negativa do Ibovespa, tendo no radar preocupações relacionadas à potencial nova regulação do setor de fidelidade.
- QUALICORP ON teve perda de 3,72 por cento, também entre os destaques negativos do índice, em movimento de ajuste após subir mais de 5 por cento na véspera.
- OI ON recuou 1,41 por cento e OI PN subiu 3,7 por cento, no dia da assembleia de credores para avaliar o plano de recuperação judicial da empresa de telefonia. A assembleia foi suspensa até às 19h desta terça-feira para que as discussões sobre o plano sejam aprofundadas. O pedido de suspensão foi feito por representantes do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e de detentores de bônus, enquanto o procurador do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pediu esclarecimento de pendências e arestas para que o banco apoie o plano de recuperação da operadora de telefonia. As ações da Oi não figuram no Ibovespa.