Vale: Mineradora teve uma perda de R$ 70 bilhões em valor de mercado (Ricardo Moraes/Reuters)
Reuters
Publicado em 28 de janeiro de 2019 às 18h14.
Última atualização em 28 de janeiro de 2019 às 19h29.
O Ibovespa fechou em queda de cerca de 2 por cento nesta segunda-feira, pressionado pelo tombo de mais de 20 por cento das ações da Vale, maior recuo diário da história e equivalente a uma perda de mais de 70 bilhões de reais em valor de mercado, após o rompimento de uma barragem de mineração da companhia, que até o momento deixou 60 mortos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,29 por cento, a 95.443,88 pontos, de acordo com dados preliminares.
O giro financeiro no pregão somou 24,65 bilhões de reais, com os papéis da mineradora respondendo pelo maior giro do dia, de 8,15 bilhões de reais. As ações da Vale também tiveram o maior volume de negócios desde a estreia na bolsa paulista.
Antes de as ações da Vale começarem a ser negociadas (elas ficaram em leilão de abertura por mais de 20 minutos), o Ibovespa chegou a renovar recorde intradia, a 97.936,82 pontos.
"A bolsa reflete basicamente o desempenho da Vale. Excluindo o comportamento da ação, o Ibovespa operaria próximo da estabilidade", destacou o gestor Igor Lima, sócio na Galt Capital, acrescentando que o declínio da Vale superou as estimativas de queda de alguns agentes de mercado e gerou um aumento da aversão à risco de forma geral.
"Ao mesmo tempo, a reação do governo e outros agentes públicos ao acidente tem sido bem mais forte que o episódio da Samarco (dada a magnitude da tragédia humana). Essa reação traz bastante incerteza ao tamanho da punição financeira que atingirá a Vale, inclusive pela reincidência. Qualquer comparação com a multa/indenização do episódio da Samarco parece precipitada", afirmou o gestor.
O desastre de Brumadinho ocorre pouco mais de três anos após uma barragem da Samarco (joint venture da Vale e da anglo-australiana BHP) se romper, em Mariana (MG), deixando 19 mortos, centenas de desabrigados e poluir o rio Doce por quilômetros, até o mar do Espírito Santo.
- VALE desabou 24,52 por cento, maior queda diária da sua história, a 42,38 reais, na esteira da tragédia em Brumadinho (MG). O tombo representa uma perda de 72,8 bilhões de reais em valor de mercado. Analistas recomendaram cautela com os papéis, dado o ambiente de incertezas em razão dos potenciais desdobramentos do DESASTRE, mas vislumbravam efeito financeiro limitado. BRADESPAR PN, holding que tem papéis da Vale em sua carteira, fechou em queda de 24,49 por cento.
- CSN perdeu 5,69 por cento, também na ponta negativa do Ibovespa. GERDAU PN cedeu 2,19 por cento e USIMINAS PNA caiu 0,82 por cento.
- PETROBRAS PN caiu 3,01 por cento e PETROBRAS ON recuou 3,53 por cento, acompanhando a forte queda dos preços do petróleo no exterior.
- ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 1,79 por cento. BRADESCO PN subiu 0,81 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT avançou 0,26 por cento, enquanto BANCO DO BRASIL caiu 1,29 por cento.
- AMBEV subiu 4,6 por cento, tendo de pano de fundo o avanço de seus ADRs na sexta-feira em Nova York. A ação na bolsa paulista vinha de três pregões de baixa, período em que acumulou queda de 4,67 por cento.
- CIELO avançou 1,97 por cento, antes do balanço do quarto trimestre, apesar de expectativas de números ainda pressionados pelo aumento da concorrência no setor de meios de pagamentos no país.