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Ibovespa cai 1,5% seguindo NY; bancos e seguradoras avançam com Selic

Nos EUA, os principais índices acionários fecharam no vermelho pressionados pela alta do rendimento dos títulos americanos com vencimento em 10 anos

Expectativa é de que o aumento acima do esperado na Selic não tenha impactos negativos no apetite dos investidores por ativos de risco (Germano Lüders/Exame)

Expectativa é de que o aumento acima do esperado na Selic não tenha impactos negativos no apetite dos investidores por ativos de risco (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 18 de março de 2021 às 09h16.

Última atualização em 18 de março de 2021 às 23h11.

Quadro geral do dia:

  • Ibovespa recua 1,47%, em 114.835 pontos
  • Dólar comercial cai 0,30% e fecha em 5,56 reais
  • EUA: Dow Jones cai 0,46%, S&P 500 tem queda de 1,48% e índice de tecnologia Nasdaq afunda 3,02%
  • Rendimento dos títulos americanos de 10 anos avança 0,07 p.p. e chega a 1,71%

Em dia volátil, o Ibovespa acentuou as perdas na tarde desta quinta-feira, 18, e fechou em baixa de 1,47%, com o cenário incerto no mercado americano, que repercutiu a alta no rendimento dos títulos de 10 anos dos Estados Unidos. Em Wall Street, os três principais índices acionários fecharam no campo negativo. O dólar, por sua vez, registrou queda, favorecido pela alta da Selic, embora com efeito limitado pelo avanço dos treasuries americanos.

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Com a piora do mercado, só 15 das 82 ações do Ibovespa registraram alta nesta sessão. Os destaques positivos foram principalmente os papéis de bancos – Santander (SANB11), Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) avançaram 2,77%, 1,85% e 0,57%, respectivamente – e de seguradoras – a SulAmérica (SULA11) emplacou a maior valorização do setor, de 1,54%. Esses papéis subiram com a leitura de investidores de que estão entre os beneficiados pela alta da Selic. 

No caso dos bancos, os juros mais altos aumentam o spread bancário, ou seja, a diferença entre o custo de captação e os juros cobrados por essas instituições de seus clientes. Já as seguradoras têm receitas de aplicações financeiras majoritariamente atreladas à renda fixa. Ou seja, a alta da Selic as beneficia, diz o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos.

No caso específico da SulAmérica, que mostrou a alta mais expressiva (ontem, os papéis da companhia também registraram ganhos de quase 10%), Cruz comenta que "a companhia já era apontada pelo mercado como a empresa com maior potencial de valorização do setor, o que provoca essa maior busca pelo papel após o Copom".

Do outro lado, as ações de PetroRio (PRIO3) afundaram 8,60%, a maior baixa do Ibovespa, em meio à derrocada do petróleo no exterior, seguidas de Gol (GOLL4) e Magazine Luiza (MGLU3), penalizada por juros mais altos, com perdas de 7,53% e 6,93%, nesta ordem.

A elevação da Selic também pressionou outras varejistas como B2W (BTOW3) e Via Varejo (VVAR3), além de construtoras, como Cyrela (CYRE3), JHSF (JHSF3) e MRV Engenharia (MRVE3), que caíram mais de 4%. Essas ações recuaram uma vez que, com os juros mais alto, o apetite do consumidor por financiamentos tende a diminuir.

Wall Street no vermelho

Em Wall Street, a alta dos juros de 10 anos dos títulos dos EUA afetou principalmente as ações de tecnologia no mercado americano, com o Nasdaq mostrando a queda mais acentuada hoje. Esses papéis considerados de crescimento são mais afetados por uma alta dos juros, uma vez que o fluxos de caixa das empresas são mais longos e, quando trazidos a valor presente por uma taxa de desconto mais elevada, se tornam menos atrativos.  

A taxa do título americano saltou para 1,75% na máxima do dia, no seu maior patamar desde janeiro de 2020, diante de uma postura mais "dovish" (leve) do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em discurso realizado ontem e preocupações dos investidores com a inflação por lá.

O movimento, contudo, ocorreu mesmo após Powell ter reforçado que a inflação acima da meta de 2% nos EUA é temporária, e que vai manter os juros perto de zero até pelo menos 2023, mas o discurso parece não ter sido suficiente para aliviar os temores do mercado. A preocupação é que uma pressão inflacionária force a autoridade monetária a revisar sua política antes do prazo.

A alta dos títulos americanos gerou uma aversão ao risco e afetou também as ações nos mercados emergentes. O EEM, principal ETF de mercados emergentes, caiu 1,78% na bolsa de Nova York.

Além disso, investidores americanos também ficaram atentos aos dados de pedidos semanais de seguro desemprego nos EUA, que saíram acima da mediana esperada pelo mercado (770 mil, contra 700 mil esperados) e também acima da semana anterior (que foi revisada de 725 mil para 712 mil).

"Vale lembrar que o Fed está avaliando com cuidado o mercado de trabalho americano, menos com intenção de mexer juro, e mais para a calibragem do seu programa de compra de ativos. Os resultados de meio de ano, no verão americano, quando boa parte da população terá sido vacinada, serão importantes nesse sentido", avaliam em nota os analistas da Exame Invest Pro.

Impactos da Selic na bolsa

Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, surpreendeu o mercado no início da noite de quarta-feira e subiu a taxa básica de juros da economia, a Selic, para 2,75% ao ano.

Para a bolsa e o Ibovespa, um aumento mais forte dos juros provocaria, em tese, uma queda em ativos mais arriscados, uma vez que esses ativos perderiam parte da atratividade frente à renda fixa. 

Ainda assim, a expectativa é de que o aumento acima do esperado na Selic não tenha impactos negativos no apetite dos investidores por ativos de risco. Alguns analistas defendem que o índice acionário pode mostrar valorização mais à frente diante de uma postura considerada "acertada" do BC.

Repercutindo a alta da Selic, o dólar abriu o dia em forte desvalorização contra o real após a alta da Selic. Isso porque, com essa decisão, a atratividade da taxa de juros brasileira melhora, especialmente depois de o Fed ter reforçado nesta quarta que deve manter os juros perto de zero até 2023. No entanto, o movimento foi limitado pela alta do rendimento dos títulos do governo dos EUA no mercado futuro americano. 

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