Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 26 de abril de 2022 às 17h21.
Última atualização em 26 de abril de 2022 às 17h23.
Ibovespa hoje: a bolsa brasileira fechou esta terça-feira, 26, em queda de 2,23%, aos 108.212 pontos seguindo a tendência negativa do mercado americano e influenciado pelas perdas das ações dos grandes bancos.
Juntos, os papéis dos bancões representam quase 15% do índice teórico do Ibovespa, o que ajuda a enfraquecer o índice. Com o resultado de hoje, o Ibovespa acumula sete pregões consecutivos de perdas e atingiu sua pior pontuação desde o dia 24 de janeiro, quando encerrou o pregão aos 107.937 pontos.
Por aqui, os papéis do Santander (SANB11) lideraram as baixas do setor bancário, caindo mais de 4% após a divulgação do balanço do primeiro trimestre nesta manhã.
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A surpresa negativa não veio do lucro líquido gerencial do banco, que ficou em R$ 4 bilhões, praticamente em linha com o consenso de mercado da Bloomberg. Os índices de inadimplência do período, porém, cresceram em todas as frentes – movimento, em parte, explicado pelos aumentos das taxas de juros.
A inadimplência acima de 90 dias saltou, em um ano, de 2,1% do total para 2,9%, enquanto a de 15 a 90 dias foi de 3,6% para 4,2%. Cerca de 9,9% da carteira de pessoas físicas do banco está inadimplente em pelo menos 15 dias contra 8,3% em março de 2021.
"Vemos os resultados como potencialmente negativos para as ações. O desempenho da qualidade dos ativos foi pior do que o previsto", afirmaram analistas do Credit Suisse, em relatório.
O resultado do banco – o primeiro do setor referente ao primeiro trimestre – aumentou o pessimismo do mercado sobre os próximos balanços de bancões. Com medo do que pode vir pela frente, investidores desmontam posições em bancos. Como consequência, as ações do Bradesco (BBDC4) caíram mais de 4%, enquanto Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4) recuaram mais de 2% e 3%, respectivamente.
"Os resultados podem ter uma leitura negativa para o Bradesco, pois fortalecerão a percepção de que o guidance para o custo de risco da empresa pode ser excessivamente otimista", disseram os analistas.
Nos Estados Unidos, investidores voltaram a se preocupar com um cenário de maior aperto monetário, que tira atratividade da renda variável e derruba o preço das ações. Os mais prejudicados são os papéis de tecnologia, mais sensíveis ao aumento da taxa de juros.
O índice de tecnologia Nasdaq desabou quase 4%, devolvendo parte dos ganhos da véspera quando subiu embalado pelos ganhos de 6% nas ações do Twitter após o anúncio da venda para o bilionário Elon Musk.
Nesta terça, no entanto, o cenário de aversão a risco voltou a dominar o mercado. As big techs Microsoft e Alphabet, que reportam seus balanços nesta noite, recuaram cerca de 3% na Nasdaq.
O cenário de aversão a risco também impulsionou novamente o dólar, que registrou um movimento global de alta contra seus pares. Em relação ao real, a moeda chegou a bater R$ 5 na máxima da sessão, antes de começar a ceder parte dos ganhos.
Esta foi a maior cotação para a moeda americana frente ao real desde o dia 21 de março, quando o dólar fechou a R$ 4,945.
"É um movimento internacional, porém, sabemos que há uma questão conjuntural local que também pesa. Acreditamos que o câmbio deve aumentar com as eleições, para só após a decisão do próximo governo vermos um movimento de ajuste", disse, em nota, Fernanda Consorte economista chefe do Banco Ourinvest.
O cenário negativo na bolsa de tecnologia dos Estados Unidos pressionou os papéis do setor no Brasil. Totvs (TOTS3) e Locaweb (LWSA3) lideraram as perdas. O Inter (BIDI11), que também é afetado pelo maior pessimismo com o setor bancário, recuou mais de 6%.
Na ponta positiva do índice, as petrolíferas privadas subiram, com a valorização do petróleo no exterior, após forte queda na véspera, quando a commodity chegou a recuar mais de 5% na mínima do dia. Nesta terça-feira, o preço do barril de petróleo avançou cerca de 3%.