Painel da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 11 de junho de 2021 às 17h33.
Última atualização em 11 de junho de 2021 às 17h50.
O Ibovespa caiu nesta sexta-feira, 11, com investidores realizando lucros, após o forte movimento de alta registrado desde a semana passada – o índice subiu em 10 dos últimos 12 pregões. O Ibovespa recuou 0,49% para 129.441 pontos. Na semana, o índice acumula queda de 0,53%.
A bolsa local aprofundou as perdas acompanhando o mercado americano, que perdeu força após as fortes altas da véspera. Por lá, investidores passaram boa parte do pregão divididos quanto à duração das pressões inflacionárias e operam cautelosos antes de entender como o Federal Reserve (Fed, banco central americano) irá reagir ao cenário.
Isso porque os dados da inflação americana vieram acima do esperado. No acumulado de 12 meses, o índice ao consumidor americano (CPI, na sigla em inglês) bateu 5%. Ainda assim, as bolsas subiram, com o entendimento de que deve haver uma normalização até o fim do ano, quando o choque das reaberturas já terá passado.
O Dow Jones encerrou o dia em leve alta de 0,04%, enquanto o S&P 500 subiu 0,19%. Já o índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,35%.
"Ao analisar o dado de perto, é possível notar que o consumo mesmo não cresceu tanto e que a economia americana não está tão forte como se imaginava. Então, o mercado passa a pensar que o Federal Reserve [Fed, banco central americano] não estava errado em ser paciente em não subir juros", diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe e sócio-proprietário do Grupo Laatus.
O cenário, no entanto, pode mudar já na próxima semana com a Super Quarta, data em que os bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil divulgam suas políticas monetárias. O temor é que o Fed reveja suas diretrizes de estímulos e de juros próximos a zero que vêm sendo adotadas desde o início da pandemia.
“O Fed deve sinalizar na reunião da semana que vem que está se aproximando mais da discussão da redução dos estímulos, mas sem nenhuma mudança relevante ainda”, afirma Sérgio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital.
A preocupação pesou sobre o câmbio, e o dólar avançou 1,12% contra o real, encerrando a sessão negociado a 5,123 reais.
No Brasil, a inflação também avança e analistas projetam uma nova alta na taxa de juros. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial no país, subiu 0,83% em maio, na maior taxa para o mês desde 1996.
“Para o Copom, nossa expectativa é de alta de 0,75 ponto percentual na reunião de quarta-feira. Acreditamos que o Banco Central vai retirar do discurso uma normalização parcial dos juros e buscar um grau maior de liberdade, até em função do IPCA desta semana, que veio bem acima do esperado, com consequente reprecificação na curva de juros”, compelta Zanini.
Nesta sexta-feira, porém, os dados de inflação dividem holofotes com a retomada econômica. O crescimento do setor de serviços de abril, divulgado nesta manhã pelo IBGE, deu novos sinais de recuperação da economia local, ficando em 19,8% na comparação anual. O número surpreendeu os investidores, que esperavam por uma alta de 18,2%.
As ações do setor financeiro, com grande presença no Ibovespa, puxam o índice para baixo. Principal componente do setor, os papéis do Itaú (ITUB4) caíram 1,23%. Já as ações do Bradesco (BBDC3/BBDC4) recuaram 1,28% e 0,39%, respectivamente. As units do Santander (SANB11) tiveram baixa de 0,95% e as ações do Banco do Brasil (BBAS3) caíram 0,28%.
Para Laatus, os investidores estão realizando lucros, uma vez que as ações do setor vinham se valorizando muito nos últimos pregões. O movimento, contudo, pode ser revertido em breve.
“Na próxima semana, o Banco Central deve elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual e, talvez, sinalizar uma nova alta de 0,75 p.p. em agosto. Isso é positivo para os bancos", diz.
Os papéis da Petrobras (PETR3/PETR4) também recuam 0,78% e 0,38%, contribuindo para a queda do índice. A petroleira informou hoje que irá reduzir o preço da gasolina nas refinarias em 0,05 real a partir de amanhã, 12.
Por outro lado, as ações da Vale (VALE3) – que possuem a maior participação no Ibovespa – ajudam a sustentar o índice próximo de seu patamar recorde. Nesta sexta-feira, os papéis da mineradora avançaram 2,24% impulsionados pela forte valorização do minério de ferro registrada nesta madrugada, na China. Em Dalian, o metal bateu o maior patamar em mais de três semanas, voltando a se aproximar da marca dos 200 dólares por tonelada.
Além da mineradora, ações de siderúrgicas se beneficiam da alta da commodity e são negociadas no campo positivo. Gerdau (GGBR4) foi um dos destaques de alta do dia, avançando 2,68%.
Entre as maiores valorização do Ibovespa figuram novamente as ações Embraer (EMBR3), que subiram 5,10%. No último pregão, os papéis dispararam 15%, com o anúncio de que sua subsidiária Eve negocia fusão com a americana Zanite. Dentro da Embraer, a Eve é responsável por projetos do eVTOL, uma espécie de "carro voador”.
No início do pregão, quem roubou a cena foram as ações da BRF (BRFS3), que chegaram a subir quase 15%, com rumores de que a JBS (JBSS3) estaria preparada para disputar o ativo com a Marfrig (MRFG3). Recentemente, a Marfrig aumentou sua participação na BRF para 31,6%. Após os primeiros negócios, a alta esfriou para 3,94%, mas ainda ficou entre as maiores do dia.
Entre as maiores quedas, estiveram as ações de RaiaDrogasil (RADL3) e Iguatemi (IGTA3), que recuaram 4,32% e 4%, respectivamente.
“Alguns papéis que tiveram bom desempenho nas últimas semanas – como shoppings, bancos, varejo e construção civil – estão puxando o Ibovespa para baixo em um movimento de realização mais forte antes das decisões de política monetária da próxima semana”, afirma Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos.
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Maiores altas |
Maiores quedas | |||||
Embraer | EMBR3 |
5,10% | RaiaDrogasil | RADL3 |
-4,32% | |
BRF | BRFS3 |
3,94% | Iguatemi | IGTA3 |
-4,00% | |
Gerdau | GGBR4 |
2,68% | Carrefour | CRFB33 |
-3,98% |