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Ibovespa cai ainda de olho no Fed, mas dólar se mantém abaixo dos R$ 5

Falas do presidente da instituição monetária de Atlanta contribuem com valorização da moeda americana no mundo

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 23 de junho de 2021 às 17h27.

Última atualização em 23 de junho de 2021 às 17h45.

Após operar em alta pela manhã nesta quarta-feira, 23, o Ibovespa acompanhou a piora no exterior e recuou, com investidores ainda repercutindo decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil. O principal índice da B3 fechou em queda de 0,26%, aos 128.427 pontos, no segundo dia consecutivo de perdas.

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O índice vinha subindo embalado pela alta das commodities e pelo tom expansionista registrado na véspera com o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Em testemunho à Câmara, Powell voltou a reforçar que a alta inflação nos Estados Unidos é temporária. 

No início da tarde de hoje, no entanto, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, fez uma afirmação mais dura. Bostic disse que a autoridade monetária deve começar a elevar as taxas de juro já no fim do ano que vem.

"Recentemente, muitos dos dados vieram mais fortes do que eu esperava", disse Bostic em comentários a repórteres. "O PIB está em trajetória forte. A inflação está mais alta e bem acima da nossa meta". A inflação dos Estados Unidos está em 3,4%, enquanto a meta do Fed é de 2%.

O comentário derrubou o Ibovespa, que vinha impulsionado pelo maior apetite ao risco. “O momento no mercado de capitais é de reequilíbrio entre os estímulos monetários e fiscais, com os Bancos Centrais olhando com atenção para a pressão inflacionária e a perspectiva da recuperação da economia global. Os investidores continuam monitorando essas sinalizações”, argumenta Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

No exterior, as bolsas de Nova York fecharam em direções opostas, divididas entre as perspectivas de recuperação econômica e o receio de alta na inflação. O Dow Jones, índice mais ligado à economia tradicional, caiu 0,21%, enquanto o S&P 500 recuou 0,11%. Já o índice de tecnologia Nasdaq subiu 0,13%. 

Os efeitos também foram sentidos no câmbio, com o dólar valorizando frente a outras moedas fortes conforme os investidores buscam opções mais seguras de investimento. 

No Brasil, a moeda americana chegou a acompanhar a tendência mundial, mas fechou quase que em estabilidade, ainda abaixo do patamar de 5 reais, perdido na véspera. A marca era tida por muitos analistas como uma importante barreira psicológica. Na mínima desta sessão, a moeda americana chegou a ser negociada a 4,938 reais. No encerramento, o dólar caiu 0,07%, a 4,963 reais.

Destaques da bolsa

No mercado de ações, a queda do Ibovespa foi parcialmente segurada pelos papéis da Vale (VALE3), que avançaram 1,5% impulsionados pela disparada de 5% do minério de ferro na China. Segundo a Reuters, o movimento foi resultado de dúvidas sobre o nível de oferta global do metal. As siderúrgicas acompanharam o movimento, com destaque para alta de 2,14% da Usiminas (USIM5).

Ainda no setor de commodities, as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) avançaram 0,24% e 0,55%, acompanhando a valorização do petróleo Brent, que subiu 0,51% e é referência para a política de preços da estatal. 

Em variação, as ações da Braskem (BRKM5) foram o destaque do dia, subindo 2,82%. Isso porque o Senado aprovou uma medida provisória que começa o processo de revogação do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que dá incentivos tributários ao setor. Investidores também seguem atentos a desdobramentos sobre venda da fatia dos controladores. 

Investidores também aproveitaram para comprar as ações da CVC (CVCB3), que fará uma oferta subsequente (follow-on, em inglês) em que as ações irão sair por 19,12 reais, com mais de 30% de desconto em relação ao preço em que a empresa vem sendo negociada na bolsa. Os detentores dos papéis da CVC terão preferência na oferta, tendo como base de cálculo as posições detidas no fim do pregão de quinta-feira, 24. Nesta sessão, as ações subiram 1,87%.

O setor bancário, por outro lado, ajudou a puxar o Ibovespa para baixo. As units do Santander (SANB11) caíram 0,94%, as ações do Itaú (ITUB4) recuaram 0,72% e as do Bradesco (BBDC3/BBDC4) registraram quedas de 0,17% e 0,44%, respectivamente.

“Os investidores podem estar reagindo à aprovação da MP 1.034 pelo Senado Federal, que aumentará a tributação sobre bancos para viabilizar o subsídio temporário ao diesel e ao gás de cozinha, o que afetará o lucro líquido do setor, bem como a distribuição de dividendos aos acionistas”, avalia Paloma Brum, analista da Toro Investimentos.

Na ponta negativa do índice, estiveram os papéis da construtora Eztec (EZTC3), que recuaram 4,93% ainda repercutindo a expectativa de juros mais altos, reforçada pela ata do Copom divulgada ontem.

Já as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) passaram por uma correção, registrando uma queda de 3,95% após uma valorização de mais de 6% desde o início das notícias sobre uma possível saída do Casino de sua base acionária. A ação foi a maior alta do pregão de terça-feira, quando avançou 2,9%.

Maiores altas

Maiores quedas

BraskemBRKM5

2,82%

EztecEZTC3

-4,93%

YduqsYDUQ3

2,40%

Pão de AçúcarPCAR3

-3,95%

UsiminasUSIM5

2,14%

BB SeguridadeBBSE3

-2,50%

Com Reuters

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