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Ibovespa cai 2,98% e renova mínima do ano

No fechamento, o Ibovespa caiu 2,98 por cento, a 73.851 pontos, menor patamar de fechamento desde 20 de dezembro do ano passado

Ibovespa: após desabar quase 11 por cento em maio, o índice já contabiliza um declínio ao redor de 3,8 por cento nestes primeiros dias de junho (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: após desabar quase 11 por cento em maio, o índice já contabiliza um declínio ao redor de 3,8 por cento nestes primeiros dias de junho (Germano Lüders/Exame)

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Reuters

Publicado em 7 de junho de 2018 às 17h09.

Última atualização em 7 de junho de 2018 às 18h39.

São Paulo - O Ibovespa, principal índice de ações da B3, desabou nesta quinta-feira, renovando mínima no ano, com movimentos de 'stop loss' elevando o giro financeiro e acentuando perdas em um pregão já negativo por apreensões com o nebuloso cenário político-eleitoral no país.

No fechamento, o Ibovespa caiu 2,98 por cento, a 73.851 pontos, menor patamar de fechamento desde 20 de dezembro do ano passado. No pior momento, despencou 6,5 por cento, a 71.161 pontos, mínima intradia desde 16 de novembro de 2017.

A recuperação de alguns papéis, reflexo do tradicional movimento de busca por barganhas, ajudou a afastar o índice das mínimas. Ainda assim, apenas três das 67 ações da carteira do Ibovespa terminaram o dia em alta, com os papéis das blue chips respondendo pelo principal peso negativo.

O volume financeiro no pregão alcançou 20,4 bilhões de reais, muito acima da média diária de 2018 (11,8 bilhões de reais) e de junho (14,2 bilhões de reais).

Após desabar quase 11 por cento em maio, o Ibovespa já contabiliza um declínio ao redor de 3,8 por cento nestes primeiros dias de junho.

De acordo com o estrategista Carlos Sequeira, do BTG Pactual, há uma piora na situação de alguns mercados emergentes, bem como preocupações com aumento de inflação e juros nos Estados Unidos, o que tem minado o sentimento dos investidores, enquanto a situação no Brasil é amplificada principalmente pela questão político-eleitoral.

"A crise do combustível na esteira da greve dos caminhoneiros só aumentou a preocupação com cenário político-eleitoral", afirmou.

Ele acrescentou que ainda há muita incerteza em relação ao desfecho das eleições, mas que traz algum desconforto ao mercado candidatos sem sinalização clara sobre suas propostas ou alinhados mais à esquerda despontando nas pesquisas, enquanto nomes considerados mais pró-reformas não têm conseguindo crescer.

Apreensões com a intervenção do governo na economia também têm deixado investidores receosos, principalmente após o governo adotar medidas como o tabelamento do frete e congelamento do preço do diesel para encerrar a greve de caminhoneiros que durou cerca de dez dias.

"Uma maior interferência do governo (qualquer governo) na livre atuação da economia não será bem vista pelos investidores em ativos no Brasil", destacou um gestor de uma administradora de recursos do Rio de Janeiro.

Operadores disseram que o recuo mais forte na sessão desencadeou ordens de 'stop loss' (execução de ordens de venda para evitar perdas maiores), ampliando ainda mais o movimento de queda, o que fez o Ibovespa ir abaixo de 72 mil pontos. "Depois voltou um pouco", disse um desses operadores.

A equipe de estratégia e análise da XP Investimentos destacou que tem visão de bolsa estruturalmente benigna para os próximos anos, passando por um cenário eleitoral de centro-direita, mas no curto prazo, mantém visão mais cautelosa, dada a atividade mais fraca que o esperado e a cena eleitoral.

"Somente esperamos uma potencial melhora do sentimento por volta de agosto/setembro, à medida que teremos mais clareza em relação ao ritmo de crescimento do país passado os efeitos da greve, ao mesmo tempo que as alianças no campo político devem começar a ficar mais claras", afirmou a XP.

No exterior, o índice MSCI de mercados emergentes fechou quase estável. O fundo de índice de ações IShares MSCI Brazil, negociado nos Estados Unidos, cedeu 5,1 por cento.

Destaques

- VALE encerrou com queda de 3,03 por cento, apesar do efeito benigno em sua receita do fortalecimento do dólar e da alta do minério de ferro à vista na China. A queda ocorreu após a ação acumular alta de quase 11 por cento no mês até o pregão da véspera.

- PETROBRAS PN fechou em baixa de 3,49 por cento e PETROBRAS ON recuou 1,82 por cento, apesar da alta dos preços do petróleo no exterior, conforme investidores seguem questionando a autonomia da petrolífera de controle estatal.

- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 2,91 por cento e BRADESCO PN cedeu 1,77 por cento, com bancos afetados pela maior aversão a ações brasileiras. SANTANDER BRASIL UNIT e BANCO DO BRASIL tiveram perdas ainda mais acentuadas, de 5,41 e 4,01 por cento, respectivamente. No caso de Santander Brasil, o JPMorgan cortou a recomendação para 'neutra'.

- GOL PN perdeu 6,48 por cento, em meio à disparada do dólar ante o real, que afeta os custos de companhias aéreas. A alta do petróleo era mais um componente desfavorável. A sua controlada SMILES despencou 12,06 por cento.

- VIA VAREJO UNIT perdeu 9,13 por cento, com o setor de varejo ainda minado pelas perspectivas de uma retomada mais lenta da atividade econômica e por dados de emprego ainda ruins, com efeito no consumo. MAGAZINE LUIZA fechou em baixa de 6,94 por cento.

- LOJAS RENNER fechou em queda de 0,45 por cento, mas longe das mínimas da sessão, quando caiu quase 12 por cento, a 25,55 reais, menor preço intradia desde maio de 2017, sendo um dos exemplos da busca por barganhas. CVC BRASIL encerrou com queda de 3,62 por cento, também mostrando forte recuperação, após desabar 17,45 por cento no pior momento.

- EMBRAER subiu 1,94 por cento, uma das poucas altas do Ibovespa, encontrando suporte na disparada do dólar ante o real, que tem efeito positivo nas receitas da fabricante de aviões.

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