Bolsa: Ibovespa cai 2% para 102.912,24 pontos (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 31 de julho de 2020 às 11h40.
Última atualização em 31 de julho de 2020 às 17h37.
A bolsa brasileira fechou em queda nesta sexta-feira, 31, com investidores realizando lucros de curto prazo. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 2% e terminou o pregão em 102.912,24 pontos. Em julho, o índice subiu de 8,24%, encerrando em alta pelo quarto mês consecutivo.
Embora tenha fechado em forte queda, no início do pregão, a expectativa era de um dia positivo, após balanços de empresas americanas de tecnologia terem ficado muito acima das expectativas. Mas, depois de abrir em alta, o índice entrou subitamente em queda, chegando a perder 1.000 pontos em menos de 20 minutos.
Nos EUA, os principais índices de ações chegaram a trabalhar no negativo, mesmo com a forte valorização de gigantes como Facebook e Amazon, mas encerram em alta. O S&P 500 subiu 0,79% e o Nasdaq, 1,49%. A bolsa brasileira, porém, não conseguiu acompanhar o movimento de recuperação do mercado americano.
“Os resultados das big techs vieram muito, muito forte. Provavelmente, está acontecendo um movimento de correção natural”, comentou Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos.
Rodrigo de Barros, presidente da Tailor Exchange, também vê o movimento relacionado à realização de lucros de curto prazo, após o Ibovespa fechar, na véspera, no segundo maior patamar desde o início da pandemia, atrás somente do fechamento de quarta-feira, 29. “Final do mês tem muitos fundos realizando resultados. Por isso, o Brasil acabou se descolando do exterior”.
"Os 105.000 pontos está se mostrando uma barreira. No início do pregão, o mercado estava bem-humorado em função dos resultados das empresas de tecnologia, mas ainda há muita incerteza com relação à economia. Ontem, tivemos uma forte queda dos PIBs dos EUA e da Alemanha", comentou, Gustavo Bertotti, economista da Messem. Hoje, foi divulgado o PIB da Zona do Euro, que teve contração de 12,1% no segundo trimestre.
No Brasil, os resultados corporativos também se mostraram melhores do que se imaginava. Um dos maiores destaque foi o balanço da empresa de energia Engie Brasil, que teve lucro de 765,8 milhões de reais, 98,7% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado e 27,3% acima do consenso de mercado. Os papéis da companhia encerraram em alta de 3,36%%. "Foi um bom resultado. A queda nos custos de compra de energia ajudou o Ebitda e o lucro", avaliam analistas da Exame Research.
Mas, a maior alta do Ibovespa ficou com as ações da Cielo, que subiram 10,95%, após a notícia da revista Veja que afirma que que o Banco Central liberou a volta dos testes com o WhatsApp Pay. A autarquia havia suspendido o serviço em 23 de junho alegando possíveis "danos irreparáveis" ao sistema financeiro.
Os papéis da Ecorodovias também fecharam na ponta positiva, em alta de de 6,92%. Como pano de fundo esteve o acordo com seus acionistas controladores indiretos Primav e Igli para levantar até 1,8 bilhão de reais por meio de oferta de ações. A intenção é fortalecer a situação financeira da companhia para a busca de oportunidades de concessão e privatização no mercado rodoviário brasileiro.
As ações TIM e Telefônica Brasil, controladora da Vivo, também fecharam no extremo positivo, com respectivas altas de 6,42% e 2,97%, após o colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, afirmar que a Highline deve anunciar a desistência pelos ativos móveis da Oi. Os papéis da Oi fecharam em queda de 4,21%.
A Petrobras, que divulgou o resultado trimestral na véspera, chegou a ser negociada em alta nos primeiros minutos do pregão, mas também virou para o terreno negativo, recuando cerca de 2,7%. No período, a companhia teve prejuízo líquido de 2,7 bilhões de reais, mas investidores viram bons sinais em algumas frentes. “A despeito do resultado mais fraco, a companhia gerou caixa de 15 bilhões de reais no trimestre, o endividamento ficou estável e o custo de extração caiu de 8,4 dólares por barril para 4,9 dólares", afirmam analistas da Exame Research.
Além da Petrobras, os grandes bancos, que também possuem forte peso no Ibovespa, ajudaram a derrubar o índice, com todos os quatro sendo negociados em queda. Entre eles, a maior baixa é a do Bradesco, que recua 4,14%. Itaú, Banco do Brasil e Santander caíram 2,91%, 3,51% e 3,74%, respectivamente.
A maior queda do Ibovespa ficou com os papéis da Cogna, que caíram 12,47%, refletindo a desastrosa estreia da Vasta na Nasdaq, que chegou a cair mais de 10% em seu primeiro dia na bolsa americana.