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Ibovespa fecha em alta de 1,36% embalado por tom otimista do discurso de Powell

Jerome Powell afirmou que a economia dos EUA permanece em um "bom lugar", mas à espera de uma maior clareza sobre os efeitos das mudanças de política do governo de Donald Trump na economia

B3: Ibovespa operava na casa dos 122 mil pontos (Germano Lüders/Exame)

B3: Ibovespa operava na casa dos 122 mil pontos (Germano Lüders/Exame)

Karla Mamona
Karla Mamona

Editora de Finanças

Publicado em 7 de março de 2025 às 11h16.

Última atualização em 7 de março de 2025 às 18h28.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em alta de 1,36% aos 125. 035 pontos na tarde desta sexta-feira, 7. O volume financeiro do pregão foi de R$ 20,4 bilhões. Na semana, o Ibovespa subiu 1,82%.

O índice ganhou impulso embalado com as bolsas internacionais. A Dow Jones subiu 0,52% (42.801,47 pontos); S&P500, 0,55% (5.770,17) e Nasdaq, 0,70% (18.196,22). As bolsas ensaiaram uma recuperação após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Ele afirmou que a economia dos EUA permanece em um "bom lugar", mas à espera de uma maior clareza sobre os efeitos das várias mudanças de política do governo de Donald Trump na economia.

A economia está bem. Não precisa que façamos nada, realmente. E então podemos esperar, e devemos esperar", disse Powell.

No radar dos investidores estão também a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, os dados de emprego dos Estados Unidos (payroll) e as novas medidas do governo para conter a inflação dos alimentos.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB do Brasil cresceu 3,4% em 2024, totalizando R$ 11,7 trilhões, a maior alta anual desde 2021. No entanto, a economia desacelerou no quarto trimestre, avançando apenas 0,2% ante o trimestre anterior, abaixo da expectativa de 0,5% do mercado financeiro.

  • Ibovespa: 1,35% aos 125.035 pontos
  • Dólar: +0,61% cotado a R$ 5,793

Além disso, o governo federal anunciou uma nova medida para conter a inflação dos alimentos. Na noite de quinta-feira, o vice-presidente Geraldo Alckmin declarou que o governo zerará o imposto de importação de diversos produtos alimentícios para aumentar a oferta e reduzir os preços. “O governo está abrindo mão de impostos para favorecer a redução de preços [de alimentos]”, afirmou. A medida entrará em vigor após formalização pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex).

Impacto da redução de impostos

Para Lucas Sigu Souza, sócio-fundador da Ciano Investimentos, a medida tem um efeito mais político do que econômico.

“Na prática, acontecem duas coisas. Primeiro, a decisão pode prejudicar o produtor doméstico, que enfrentará maior concorrência. Por outro lado, o impacto para o consumidor é limitado, já que os principais alimentos consumidos no Brasil — como carne, café e azeite — são produzidos internamente”, avalia Souza.

Segundo ele, a redução de preços deve atingir uma parcela restrita da população. “O azeite, por exemplo, tem um preço que não impacta o consumidor de renda mais baixa. O único item que poderia fazer diferença para um público mais amplo seria o arroz, devido ao volume significativo de importação, mas essa categoria recebeu pouca atenção na política de corte de custos”, explicou.

“Vejo essa medida como pouco efetiva, tanto pelo perfil de consumo do brasileiro quanto pelo fato de estarmos falando de uma redução de 10% sobre uma parcela pequena dos alimentos consumidos no país.”

Aprovação do governo Lula

No início da tarde, os investidores acompanharam a divulgação de mais uma pesquisa sobre a avaliação do governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O chefe de governo brasileiro é aprovado por 45,7% dos brasileiros e reprovado por 53%, segundo a pesquisa Latam Pulse, do instituto AtlasIntel em parceria com a Bloomberg, divulgada nesta sexta-feira, 7.

Na comparação com o levantamento divulgado em janeiro, a desaprovação de Lula manteve a tendência de alta e subiu 1,6 ponto percentual. A aprovação se manteve estável e ficou em 45,7%, com uma variação negativa de apenas 0,2 ponto percentual, dentro da margem de erro.

Cenário externo: payroll abaixo do esperado

Outro dado importante monitorado pelo mercado nesta sexta-feira foi o payroll dos Estados Unidos, que veio abaixo das projeções. O setor não agrícola adicionou 151 mil empregos em fevereiro, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,1%, segundo o Bureau of Labor Statistics (BLS). O resultado ficou abaixo da estimativa do mercado, que previa 159 mil vagas.

Os setores de saúde, finanças, transporte, armazenagem e assistência social registraram crescimento no emprego, enquanto o governo federal teve redução na força de trabalho. O número total de desempregados se manteve em 7,1 milhões, dentro do intervalo de 4,0% a 4,2%, observado desde maio de 2024.

Revisões dos dados anteriores indicaram um aumento de 16 mil empregos em dezembro (para 323 mil) e uma redução de 18 mil em janeiro (para 125 mil), resultando em um saldo ajustado de 2 mil empregos a menos do que o inicialmente reportado.

Para Cristiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank, embora o número tenha surpreendido em relação às expectativas, os dados do ADP, que medem o emprego privado nos EUA e foram divulgados no início da semana, já indicavam esse movimento de desaceleração. Isso reforça um cenário de atividade econômica mais fraca no país.. Diante disso, parte do mercado voltou a considerar a possibilidade do Fed cortar os juros novamente em maio.

"Até então, a expectativa era de manutenção das taxas ao longo do primeiro semestre, com algumas projeções estendendo essa estabilidade até o fim do ano. No entanto, os últimos indicadores de atividade econômica têm mostrado fraqueza, o que muda essa percepção. Ainda é cedo para afirmar se o corte de juros ocorrerá de fato em maio, pois tudo dependerá dos próximos dados de inflação nos EUA. O Fed acompanha tanto os índices de preços quanto os dados do mercado de trabalho. Se a inflação continuar elevada, essa expectativa pode ser postergada para junho."

Se o Fed reduzir efetivamente os juros na próxima decisão, a tendência é de valorização das moedas emergentes no curto prazo. No entanto, esse movimento ainda não está refletido no mercado hoje, já que o dólar sobe ligeiramente no Brasil, possivelmente devido a fatores internos, enquanto outras moedas emergentes seguem estáveis ou em leve alta, diz a especialista.

Mudança de horário na B3

A B3, bolsa de valores, informa que, devido ao início do horário de verão nos Estados ,Unidos em 9 de março de 2025 no domingo e por conta do horário de verão na Alemanha e na Inglaterra em 30 de março de 2025, os horários de negociação dos mercados brasileiros de bolsa e de balcão serão alterados em grades horárias distintas.

Dessa maneira, a partir de segunda-feira, dia 10 de março, a nova grade horária será implementada para o mercado de derivativos – com destaque para alterações nos horários de negociação de algumas commodities e de apuração de preços de ajuste, e para o mercado de ações, em que o mercado à vista passará a ocorrer até as 17h. O after market será entre 17h30 e 18h, com horário de abertura permanecendo às 10h.

Já a partir de 31 de março de 2025, as operações estruturadas e os contratos futuros referenciados em Índice de Ações Europeus vão funcionar das 9h até 18h. O Forward Points com Futuro de Míni Dólar terá encerramento às 12h05.

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