As ações da fabricante e detentora de marcas de bens de consumo recuaram 29,22% no mês, negociadas a 14,85 reais (Marcel Salim/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2011 às 19h08.
São Paulo – “Nossa impressão é que eles implementaram mudanças na política comercial que tiveram efeito contrário ao desejado. Acreditamos que a administração terá que tentar recuperar sua credibilidade”. A frase dos analistas do HSBC, Francisco Chevez e Manisha Chaudhry, resume o inferno vivido pelo acionista da Hypermarcas (HYPE3) em maio.
As ações da fabricante e detentora de marcas de bens de consumo recuaram 29,22% no mês, negociadas a 14,85 reais. No início de maio, os papéis eram negociados a 21,10 reais. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, recuou 2,29% no período. Os problemas começaram após a leitura dos resultados do primeiro trimestre da empresa, publicados no dia 9 de maio.
O lucro líquido caiu 40,3% no período, chegando a 32,9 milhões de reais. A receita líquida ficou em 845,2 milhões de reais, o que representa um crescimento de 30,5%. Apesar disso, quando feito o ajuste proforma – como se a empresa já possuísse as marcas compradas um ano antes – a receita líquida do ano passado teria ficado em 875 milhões de reais, o que levaria a comparação para um recuo de 3,4%.
A retração no faturamento, segundo a Hypermarcas, pode ser atribuída à combinação de Carnaval comemorado em março neste ano; redução dos níveis de capital de giro por parte de grupos de atacado e varejo em função do aumento de juros; aumento de preços e redução de prazos para clientes; e base de comparação elevada em 2010.
O resultado levou a uma série de revisões de projeções por parte dos analistas financeiros. O mais recente foi o analista Iago Whately, da Fator Corretora. “Algumas mudanças nas perspectivas macroeconômicas, especialmente com o aumento da inflação, levaram a empresa a realizar os ajustes para se adaptar ao novo ambiente, no qual contará com um menor crescimento do consumo e um maior custo operacional”, avalia o analista Iago Whately.
Ele rebaixou o preço-alvo das ações da companhia de 31 para 23 reais A recomendação de compra foi mantida. Apesar das incertezas com a empresa daqui para frente, Will Landers, gestor para América Latina da BlackRock, maior administradora de recursos do mundo, ainda dá um voto de confiança para a companhia. “O resultado do último trimestre desapontou, mas foi explicado pela companhia. Vamos ver o que acontece no segundo semestre. Vale a pena esperar”, disse ele.