HSBC mantém recomendação de neutral (desempenho em linha com a média de mercado) para as ações ordinárias da BM&F Bovespa (Germano Luders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 06h36.
São Paulo – Volumes de negociações mais modestos e uma alta na taxa básica de juros. Estes são dois “fantasmas” que a BM&F Bovespa (BVMF3) enfrenta na avaliação do HSBC. O alerta está no relatório assinado por Victor Galliano e Mariel Santiago, que apontam que o valor médio diário de negociações em novembro caiu para 6,5 bilhões de reais, 17% a menos na comparação com o mês anterior. Cabe lembrar que o volume em outubro (R$7,8 bilhões) foi impulsionado pela oferta de ações da Petrobras.
“Daqui para frente, as crescentes preocupações sobre aumentos potenciais nas taxas de juros no Brasil podem limitar o crescimento da negociação de ações”, avaliam os analistas. O relatório cita ainda que, embora os volumes sejam robustos em derivativos, com crescimento de 25% no volume médio diário negociado em novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, as taxas médias por contratos (RPC) no mês caíram 20% na mesma base de comparação.
De acordo com a avaliação do HSBC, é provável a continuidade da pressão sobre as taxas médias por contratos, uma vez que investidores de alta frequência (HFTs) respondem por uma maior participação de volumes de negociação. Desde o início de novembro, investidores de alta freqüência contam com uma tarifação decrescente; um incentivo da BM&F Bovespa para estimular a negociação.
Os analistas consideram que as ações não estão caras em relação a seus pares do mercado emergente. “Os papéis são negociados a múltiplos P/L (Preço/lucro) de 16,1 vezes para 2010, 13,9 vezes para 2011 e 11,6 vezes para 2012“, observa o relatório. Porém, os ativos da bolsa brasileira são negociados um desconto de apenas 5% para o múltiplo P/L 2011 a Chicago Mercantile Exchange (CME), por exemplo.
O HSBC mantém a recomendação de neutral (desempenho em linha com a média de mercado) para as ações ordinárias da BM&F Bovespa. O preço-alvo foi reduzido de 16 reais para 15 reais, o que representa um retorno potencial de 12,2%.
BM&F Bovespa X Receita Federal
O relatório também minimiza e classifica apenas como um “ruído” o auto de infração da Receita Federal enviado à bolsa brasileira, no qual cobra impostos de renda de pessoa jurídica (IRPJ) e contribuição social sobre lucro líquido (CSLL) não recolhidos nos exercícios de 2008 e 2009. O valor da cobrança, totalizando multas e juros, chegou a 410 milhões de reais. A sonegação teria sido criada com uma manipulação de um incentivo estabelecido no governo Fernando Henrique Cardoso para estimular as privatizações. “Concordamos com a administração da BM&F Bovespa e acreditamos que essa disputa fiscal não representa um risco real de perda financeira para a bolsa e seus acionistas”, conclui o relatório.