(Hapvida/Divulgação)
Repórter de Invest
Publicado em 9 de março de 2023 às 12h44.
Última atualização em 9 de março de 2023 às 18h29.
As ações da Hapvida (HAPV3), operadora de saúde verticalizada, que comercializa planos e tem seus próprios hospitais e laboratórios, foram novamente o principal destaque de queda do Ibovespa e fecharam esta quinta-feira, 9, em queda de 33,6%.
Investidores estão reagindo à possibilidade da Hapvida realizar um aumento de capital por meio de emissão de novas ações – hipótese levantada em fato relevante divulgado ontem à noite pela empresa. O objetivo seria fortalecer a estrutura de capital da operadora depois de um resultado considerado fraco no quarto trimestre.
A questão é que as ações da Hapvida estão enfrentando um momento desafiador de mercado para que uma nova oferta seja vantajosa. No acumulado dos últimos 10 pregões, os papéis da empresa já caíram mais de 50% em reação negativa ao balanço.
Além disso, a possibilidade de levantar capital nessas condições pode indicar que a empresa está em dificuldades maiores do que se pensava, segundo o Itaú BBA.
“Em meio a muitas discussões sobre a qualidade de crédito da empresa, a menção de um aumento de capital como opção uma avaliação tão pressionada (nos níveis atuais) sugere um cenário mais desafiador do que anteriormente esperado”, informou o BBA em relatório.
Os analistas do banco, no entanto, avaliam que o fato relevante apresenta, ao menos, diversas opções para reverter a atual situação da empresa.
Para além da emissão de novas ações, a companhia disse avaliar eventuais vendas de ativos não relacionados às suas atividades principais. O movimento, segundo a Hapvida, se encaixa no contexto de focar os esforços da gestão no negócio principal, especialmente após a fusão com a NotreDame Intermédica.
A companhia disse ainda que vem estudando mecanismos de aprimoramento da sua estrutura de capital, “dentre os quais a potencial alienação de ativos fixos relevantes em estruturas como ‘sale & lease back’ envolvendo potenciais investidores”.
Os papéis da Hapvida têm enfrentado forte volatilidade desde a semana passada, quando a operadora apresentou seu resultado do quarto trimestre. A Hapvida teve prejuízo líquido consolidado de R$ 316,7 milhões, revertendo o lucro de R$ 200,2 milhões reportado no mesmo período do ano anterior.
O Ebitda ajustado, principal indicador de caixa operacional da companhia, aumentou apenas 1% no trimestre, para R$ 512 milhões – 20% abaixo da expectativa dos analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
Por sua vez, as despesas financeiras líquidas decepcionaram, subindo 50% no trimestre para R$ 516 milhões, também acima do esperado.
O saldo de fluxo de caixa negativo somado ao aumento nas despesas financeiras aumenta o endividamento da companhia, um sinal bastante negativo em um cenário macroeconômico de juros altos. E é para acertar as contas que a Hapvida tem estudado medidas para equilibrar o capital – as mesmas que, hoje, deixam os agentes de mercado de cabelo em pé.