Mantega triplicou o IOF para investimentos estrangeiros para conter a valorização do real (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2010 às 05h20.
Nova York - As oscilações do real estão no menor nível em 27 meses. As compras de dólares pelo Banco Central e o Imposto sobre Operações Financeiras nas aplicações de estrangeiros em renda fixa estão compensando o aumento nos fluxos de investimento para o Brasil.
A volatilidade implícita nas opções de um mês do real versus dólar, que reflete as expectativas dos operadores para as flutuações da moeda no próximo mês, desabou para 9,95 por cento na semana passada, o menor patamar desde setembro de 2008, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Em maio, o indicador estava em 18,38 por cento. Opções similares para o zloty polonês subiram em 30 de novembro para 19,8 por cento, o maior nível em quatro meses, antes de caírem para 18 por cento na semana passada.
O BC comprou US$ 2,35 bilhões no mês passado e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, triplicou o IOF para os investimentos estrangeiros em dívida local para conter a valorização do real, que chegou a 43 por cento em dois anos. O juro brasileiro ajustado pela inflação é o mais alto do mundo após o da Croácia, e atrai investidores em busca de alternativas às taxas próximas de zero nos Estados Unidos, Europa e Japão. Os contratos de Depósito Interfinanceiro mostram que o BC vai elevar a Selic em 200 pontos-base no ano que vem, para 12,75 por cento.
“Existe uma demanda relativamente consistente de exposição estrangeira tentando empurrar a taxa dólar-real para baixo, ao mesmo tempo em que o Banco Central e o governo tentam empurrar o câmbio para cima”, disse Nick Chamie, chefe mundial de mercados emergentes do RBC Capital Markets em Toronto, numa entrevista por telefone. “Essas duas forças opostas colocam o real numa faixa apertada.”
O real caiu 0,1 por cento em relação ao dólar no último mês para 1,7103, segundo dados da Bloomberg.
‘Guerra cambial’
Mantega, que vai permanecer no cargo no governo da presidente eleita Dilma Rousseff, subiu a alíquota do IOF duas vezes em outubro após o dólar cair para R$ 1,65, o menor valor em mais de dois anos. O Brasil está pronto para tomar novas medidas para impedir mais ganhos da moeda, disse Mantega em 9 de dezembro, dois meses após dizer a repórteres que os países enfrentam uma “guerra cambial” para enfraquecer suas moedas e impulsionar suas exportações.
O BC comprou US$ 7,6 bilhões no mercado cambial em outubro e US$ 10,8 bilhões em setembro para conter a apreciação do real. A autoridade monetária compra dólares todos os dias desde 8 de maio de 2009.
O BC não retornou mensagens solicitando comentários para esta reportagem após o horário comercial.
“Se o mercado empurrar o câmbio para perto do recorde recente de R$ 1,65, o risco de intervenção aumenta e as autoridades migrarão de palavras para ações”, disse Marjorie Hernandez, estrategista de câmbio do HSBC Holdings Plc em Nova York, numa entrevista por telefone. “Este é o nível de sensibilidade.”