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Guerra tarifária, dados da indústria e pesquisa Genial/Quaest: o que move o mercado

No sábado, entraram em vigor tarifas de 10% sobre produtos importados pelos EUA de mais de 180 países

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 7 de abril de 2025 às 08h12.

A segunda-feira, 7, começa com os mercados globais em forte queda após a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. O índice futuro da bolsa de Tóquio chegou a acionar o circuit breaker na abertura, enquanto os futuros de Nova York ampliavam as perdas registradas na esteira do novo tarifaço de Donald Trump.

No sábado, entraram em vigor tarifas de 10% sobre produtos importados pelos EUA de mais de 180 países. As alíquotas mais elevadas — como os 34% sobre produtos chineses e 20% sobre itens da União Europeia — passam a valer a partir de quarta-feira. Como resposta, Pequim marcou para quinta-feira o início de suas tarifas sobre bens americanos.

Em declaração no domingo, Trump disse que não quebrou os mercados “de propósito”, mas que “às vezes, você tem que tomar remédios para consertar alguma coisa”, em referência ao déficit comercial dos EUA. Para a dirigente do Banco Central Europeu, Isabel Schnabel, a ofensiva americana marca "o fim do livre comércio mundial".

Cenário político no radar

No Brasil, os investidores acompanham nesta manhã a divulgação da Pesquisa Focus, às 8h25, seguida dos indicadores industriais de fevereiro da CNI, às 10h. Às 15h, o Ministério do Desenvolvimento apresenta o saldo da balança comercial da semana até 4 de abril, após superávit de US$ 1,1 bilhão na semana anterior.

No campo político, a repercussão da pesquisa Genial/Quaest, divulgada no domingo, deve movimentar o noticiário. O levantamento mostra que 56% dos brasileiros são contra a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Entre os eleitores de Lula, 77% se opõem à medida; entre os de Bolsonaro, 32% são contrários à anistia.

Além disso, 67% dos entrevistados afirmaram estar frustrados com o governo Lula — percentual que chega a 76% no Sul e 73% no Sudeste.

No domingo, o ato convocado por Bolsonaro na avenida Paulista reuniu quatro governadores aliados e, segundo estimativa do monitor da USP, cerca de 45 mil pessoas.

Já a pesquisa Datafolha apontou vantagem de Lula sobre o governador Tarcísio de Freitas em um eventual segundo turno nas eleições de 2026, por 48% a 39%. Em outro cenário, Fernando Haddad venceria Jair Bolsonaro por 45% a 41%. Contra Tarcísio, Haddad também lideraria com 43% a 37%.

Mercados internacionais

As bolsas globais iniciaram a semana em forte queda. Na Ásia, os mercados viveram um dia de pânico. O Hang Seng, de Hong Kong, afundou 13,22%, enquanto o índice de tecnologia desabou 17,16%. Na China, o CSI 300 caiu 7,05%, na maior baixa diária desde outubro do ano passado.

No Japão, o Nikkei 225 caiu 7,83%, atingindo o menor nível em 18 meses, aos 31.136 pontos. O Topix recuou 7,79%. Na Coreia do Sul, o Kospi caiu 5,57%, e o índice de small caps, o Kosdaq, recuou 5,25%. Já na Austrália, o S&P/ASX 200 teve queda de 4,23%.

Na Europa, os principais índices também operam em forte baixa. O Stoxx 600, que reúne empresas dos principais mercados do continente, caía 5,2% às 9h52 em Londres, ampliando as perdas da última semana — a pior em cinco anos, com queda acumulada de 8,4%. O DAX, da Alemanha, recuava 5,6%, após ter perdido 10% em um ponto do pregão.

Nos Estados Unidos, os futuros de Nova York seguem pressionados. Os contratos atrelados ao S&P 500 recuavam 1,7%, os do Dow Jones futuro perdiam 1,9% e os do Nasdaq-100 caiam 2%. 

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