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Governo apoia criação de plano de saúde de até R$ 100; ameaça para Hapvida (HAPV3)?

Para o BTG Pactual, nova modalidade, que engloba apenas consultas e exames e não envolve internações, é mais uma oportunidade do que um risco para a operadora de planos de saúde populares

Avanço dessa proposta pode indicar perda de tração de mudanças regulatórias mais controversas, afirma o banco (Leandro Fonseca/Exame)

Avanço dessa proposta pode indicar perda de tração de mudanças regulatórias mais controversas, afirma o banco (Leandro Fonseca/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 22 de abril de 2025 às 12h02.

Uma proposta para a criação de planos de saúde ambulatoriais com mensalidades em torno de R$ 100 deve ganhar impulso com o apoio do governo federal. Segundo publicado pela coluna Radar, da Veja, neste fim de semana, o presidente Luís Inácio Lula da Silva avalia dar apoio à nova modalidade, que inclui apenas exames e consultas e não envolve internações.

De acordo com a publicação, a medida faz parte de uma iniciativa liderada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pode ser incorporada a um pacote mais amplo de reestruturação do SUS, voltado para acelerar atendimentos em áreas como oncologia, cardiologia e ortopedia.

Apesar do tíquete médio de R$ 100 sugerir uma sobreposição com o público-alvo da Hapvida (HAPV3), o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) vê a proposta mais como uma oportunidade do que como uma ameaça direta à operadora. “O mercado-alvo desses planos populares é distinto”, diz o relatório.

“Mais de dois terços dos planos privados atuais são corporativos, onde o risco de canibalização é baixo. Já nos planos individuais, apenas 15% dos usuários têm entre 19 e 33 anos — faixa etária que parece ser o principal foco desses novos produtos”, escreveu o analista Samuel Alves.

Além disso, a verticalização da infraestrutura da Hapvida — ou seja, o controle de toda a cadeia, dos hospitais às clínicas e laboratórios — é apontada como uma vantagem competitiva relevante caso a empresa decida competir nesse nicho.

Potencial de mercado

A ANS estima que cerca de 50 milhões de pessoas recorrem atualmente a serviços de saúde paralelos e não regulados, como cartões de benefícios. A nova modalidade de plano teria como objetivo formalizar parte dessa demanda, com uma estimativa inicial de atrair até 10 milhões de usuários.

Segundo o BTG, o eventual apoio público — que pode incluir subsídios ou parcerias com o SUS — ajudaria a destravar a regulação e acelerar a implementação dos produtos. A proposta também é vista como uma forma de melhorar a percepção do governo em relação à gestão da saúde, um tema sensível do ponto de vista político.

O banco ainda avalia que o avanço dessa proposta pode indicar perda de tração de mudanças regulatórias mais controversas, como a ampliação compulsória de coberturas e o endurecimento das regras para planos empresariais de pequenas e médias empresas. Essas iniciativas, que geraram ruído recentemente, têm mostrado pouco avanço nos últimos meses.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) já vinha conduzindo discussões sobre o tema dos planos populares e aprovou em fevereiro um projeto-piloto dentro do contexto de “sandbox regulatório”. A expectativa é que o tema volte à pauta da ANS na próxima reunião de diretoria, marcada para 28 de abril.

 

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