Azul: empresa aérea enfrenta desafios financeiros com alta da dívida em dólar (Rafael Marchante/Reuters)
Repórter Exame IN
Publicado em 23 de setembro de 2024 às 11h51.
As incertezas em torno das novas negociações da Azul com seus credores motivaram o time do Goldman Sachs a rebaixar o papel de compra para neutro, mesmo com um momento operacional melhor, em que as margens finalmente estão voltando aos níveis pré-pandemia.
O preço-alvo passou de R$ 12,20 para R$ 7,30, o que ainda representa um potencial de valorização de 38,8% sobre o fechamento de sexta-feira, 20, a R$ 5,60. Desde o começo deste ano, o papel já se desvalorizou mais de 65%.
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Bruno Amorim e João Frizo, analistas do Goldman, destacam que as operações da Azul estão saudáveis, com margens Ebitda mais fortes, apesar de uma desvalorização de 31% do real ante o dólar em relação a 2019.
“No entanto, a recente desvalorização do real resultou em um aumento significativo na dívida líquida da empresa em comparação com os níveis pré-pandemia (praticamente 100% da dívida da empresa é denominada em dólar, e os pagamentos de leasing também estão vinculados à moeda americana), o que, juntamente com um ambiente macroeconômico em deterioração, provavelmente limitará o espaço para uma possível reavaliação das ações”, afirmam os analistas.
O banco projeta que a Azul encerre 2024 com uma alavancagem de 4,6 vezes. Além disso, os pagamentos de dívida (excluindo os pagamentos aos arrendadores) somam R$ 1,1 bilhão para o segundo semestre de 2024. Por isso, os analistas estimam que a Azul queimará R$ 1,5 bilhão em caixa este ano, embora a aprovação das linhas de crédito para aéreas garantidas pelo Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) possa trazer uma nova fonte de liquidez.
Assim, embora a Azul negocie a um múltiplo de 4,8 vezes para 2025, significativamente abaixo do pré-pandemia, a dívida continua sendo uma preocupação, bem como seus desdobramentos.
“Caso a renegociação com os arrendadores se concretize, poderíamos ver uma reavaliação das ações, pois removeria o risco potencial de diluição proveniente do instrumento de capital de US$ 570 milhões pendente, que é uma das principais preocupações com as ações, conforme nossas conversas recentes com investidores, juntamente com preocupações de liquidez de curto prazo”, escrevem os analistas.
Nesta segunda-feira, 23, a agência de risco de crédito Moody's rebaixou o rating da Azul de ‘CAA1’ para ‘CAA2’, refletindo a queima de caixa e a pressão financeira.