Goldman Sachs: “venda em maio e vá embora”, diz o velho ditado dos investimentos (REUTERS/Lucas Jackson)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2016 às 21h32.
“Venda em maio e vá embora”, diz o velho ditado dos investimentos.
Os analistas do Goldman Sachs concordam -- neste ano, pelo menos.
Embora a equipe liderada pelo estrategista-chefe de ações dos EUA, David Kostin, mantenha a meta para o S&P 500 no fim do ano em 2.100, os analistas avaliam se pode haver uma volatilidade séria ao longo do caminho.
“Uma queda nos próximos meses poderia provocar um declínio de 5 a 10 por cento no índice S&P 500, para um nível entre 1.850 e 1.950”, escreveram na última pesquisa.
Assim como Savita Subramanian, colega do Bank of America que na semana passada alertou que o turbilhão iminente de manchetes negativas poderia fazer o S&P 500 cair a níveis similares, os analistas identificam uma série de tendências negativas com potencial de prejudicar o sentimento do investidor.
A seguir, algumas delas.
Avaliações altas
Os índices preço/lucro -- indicadores populares usados para apontar se uma ação é cara em relação ao histórico e aos seus pares -- continuam teimosamente altos. Para ilustrar esta ‘avaliação estendida’, Kostin e sua equipe ressaltam que o múltiplo estimado do índice preço/lucro do S&P 500 agora está no percentil 86 quando observados os últimos 40 anos. A mediana das ações no índice é negociada no percentil 99 das avaliações históricas, acrescenta o banco.
Oferta e demanda
Os investidores não foram muito rápidos para comprar ações dos EUA durante os primeiros meses voláteis de 2016. “Mesmo depois que o índice S&P 500 se recuperou em relação à mínima de 11 de fevereiro, as posições institucionais e dos hedge funds em futuros de ações dos EUA permaneceram vendidas”, diz o Goldman. Isso mudou drasticamente. “O sentimento mudou nitidamente nas últimas semanas. Do fim de março para cá os investidores compraram o equivalente a US$ 23 bilhões em posições futuras, elevando nosso Indicador de Sentimento para 32, um nível menos otimista se comparado com o da metade do inverno (Hemisfério Norte)”.
Ninguém sabe o que o Fed fará
Não há muito consenso em relação a quando o Federal Reserve elevará a taxa básica de juros dos EUA novamente. Embora os economistas do Goldman esperem dois aumentos neste ano, o mercado de uma forma mais ampla está precificando chances iguais de que ocorra ou não um aumento nos juros. Com o descompasso, “existe uma maior probabilidade de uma surpresa de mais aperto do que de mais relaxamento”, escreveram os analistas de ações.
É um ano de eleições
Devido à temporada política não convencional, os clientes do Goldman estão dando ainda mais atenção às campanhas eleitorais. “A eleição presidencial dos EUA agora faz parte de todas as conversas com clientes”, pontuam Kostin e sua equipe. Mesmo sem as surpresas adicionais, o S&P normalmente não se sai bem durante o verão dos anos eleitorais nos EUA. “A história mostra que, durante um ano típico de eleição presidencial o índice S&P 500 se mantém relativamente dentro de uma faixa limitada até novembro”, diz o Goldman.
Então o que um investidor avesso às férias deve fazer?
Kostin e equipe sugerem o uso de opções para capitalizar a baixa probabilidade de uma forte queda, que é a avaliação dos mercados atualmente. “A distribuição desequilibrada de riscos de subida e descida sugere o ’venda em maio’ ou a compra de proteção”, concluem os analistas. “Nós recomendamos a venda de opções de subida para financiar proteção à descida considerando que o mercado de opções precifica uma probabilidade abaixo da média de queda nos próximos três meses”.