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Goldman alerta para preços esticados de ativos nos EUA

“Tudo o que é bom termina” e “o mercado ficará pessimista eventualmente”, afirmaram os analistas da instituição

Goldman Sachs sobre mercado norte-americano: “Raramente ações, títulos e créditos ficaram caros desta maneira ao mesmo tempo” (Lucas Jackson/Reuters)

Goldman Sachs sobre mercado norte-americano: “Raramente ações, títulos e créditos ficaram caros desta maneira ao mesmo tempo” (Lucas Jackson/Reuters)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 29 de novembro de 2017 às 15h53.

O longo movimento de valorização nos mercados de ações, títulos e créditos nos EUA elevou uma métrica de valor médio para o maior patamar desde 1900. Para o Goldman Sachs Group, o quadro em algum momento se tornará doloroso para os investidores.

“Raramente ações, títulos e créditos ficaram caros desta maneira ao mesmo tempo”, segundo relatório divulgado nesta semana pelo grupo de estrategistas internacionais que inclui Christian Mueller-Glissman. Ele apontaram para situações parecidas nas décadas de 1920 e 1950. “Tudo o que é bom termina” e “o mercado ficará pessimista eventualmente”, afirmaram.

Ao passo que os principais bancos centrais reduzem os estímulos quantitativos — aumentando os prêmios que os investidores exigem para manter títulos de prazo mais longo em carteira —, as taxas de retorno “provavelmente serão menores para diferentes classes de ativos” no médio prazo, de acordo com o relatório.

Outro cenário, considerado menos provável, seria o de “dor rápida”. A extensão dos danos sobre ações e títulos dependeria do gatilho: um choque de crescimento negativo ou um choque de crescimento acompanhado de aceleração da inflação.

“Valores elevados aumentam o risco de queda pelo simples motivo de haver menos margem para absorver choques”, escreveram os estrategistas. “O percentil de valor médio nos mercados de ações, títulos e créditos nos EUA está em 90 por cento, o maior da história.”

Uma carteira com alocações de 60 por cento em ações do S&P 500 e 40 por cento em títulos do Tesouro americano com prazo de 10 anos gerou retorno ajustado pela inflação de 7,1 por cento desde 1985, segundo cálculos do Goldman. Ao longo do último século, esse retorno foi de 4,8 por cento. O estouro da bolha das ações de internet e a crise financeira global foram duas manchas na trajetória recente.

A inflação baixa predomina na fase atual, assim como predominou durante os períodos de crescimento econômico das décadas de 1920 e 1950, de acordo com o relatório do Goldman. “O pior desfecho para carteiras 60/40 é com inflação alta e em ascensão, que é quando sofrem os títulos e ações, mesmo se não houver recessão.” Um aumento nas taxas básicas de juros desencadeado por pressões nos preços “continua sendo um risco importante para carteiras multimercados. O risco de duração nos mercados de títulos é muito maior neste ciclo”, escreveram.

O principal cenário dos estrategistas do Goldman é de retorno menor, mas ainda positivo. O banco recomenda que os investidores “mantenham os investimentos ou até aumentem”. A sugestão é colocar mais dinheiro em ações, que oferecem maior retorno ajustado pelo risco, e diminuir a duração das aplicações em renda fixa.

O relatório também conclui que:

* A volatilidade excepcionalmente baixa do mercado acionário — com o índice VIX perto do menor nível histórico, atingido em setembro — pode continuar. A história mostra períodos de baixa volatilidade durante mais de três anos. O período atual começou em meados de 2016.

* Valores (ou múltiplos) têm “histórico misto” quando se trata de prever taxas de retorno e explicam menos de metade da variação observada desde 1900.

* Grandes quedas nas carteiras 60/40 no último século, na média, ficaram em 26 por cento em termos reais e duraram 19 meses. Na média, demora dois anos para o mercado voltar aos picos anteriores.

* Os títulos provavelmente se tornaram uma ferramenta pior para hedge de ações – argumento já defendido pela Pacific Investment Management Co. (Pimco).

* Os bancos centrais “talvez não sejam capazes ou inclinados a atenuar choques de crescimento ou inflação”, especialmente se entenderem que desequilíbrios e excessos estão se acumulando. Com os juros baixos e os balanços patrimoniais expandidos, essas instituições têm poucas alternativas para flexibilizar a política monetária.

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