Gol: Voa Brasil é bem-vindo, mas precisa inserir novos passageiros no sistema (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 26 de abril de 2023 às 11h12.
Última atualização em 26 de abril de 2023 às 12h04.
Ainda em fase de discussão, o programa Voa Brasil anunciado de forma conturbada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, foi bem recebido pelas companhias aéreas, mas ainda há pontos “conceituais” a serem tratados, segundo o CEO da Gol (GOLL4), Celso Ferrer. Ferrer falou nesta manhã a investidores e analistas em teleconferência de resultados do primeiro trimestre. O programa Voa Brasil prevê passagens a R$ 200 para alguns grupos, como aposentados e estudantes.
Com resultados indicando melhora operacional e apoio da Abra, sua controladora, aliviando seu endividamento, a companhia teme que haja uma “canibalização” nos preços das passagens por meio do programa do governo. “Hoje a Gol já faz passagens a menos de R$ 200, então é preciso evitar uma canibalização”, diz ele.
“O programa tem que inserir novos CPFs no sistema, tem que ser para quem não está voando e não para quem já voa”, explica. A expectativa é de que o programa comece a operar no segundo semestre deste ano. De acordo com o ministro, que falou nesta terça-feira à Comissão de Infraestrutura do Senado, uma das ideias é implementar um leilão de bilhetes para assentos que estejam disponíveis dentro dos aviões.
No primeiro trimestre de 2023, a Gol viu a demanda aquecer, o que se mantém, segundo Ferrer, apesar da temporada mais baixa do segundo semestre.
O número de passageiros transportados pela companhia foi de 7,9 milhões, um aumento de 17,7%. A taxa de ocupação do período ficou em 83,3%, com aumento de 2,3 pontos percentuais. A tarifa média ficou média ficou 27,7% maior a R$ 554.
A divulgação pré-abertura de mercado animou os investidores, que puxaram a ação para uma alta de 3%. Há pouco, esse avanço era menor, de 1,72%, para R$ 6,51.
Além da melhora operacional, a animação do investidor tem a ver com a aprovação da Medida Provisória 1147/22 de ontem na Câmara de Deputados. A MP zera as alíquotas do PIS e da Cofins sobre as receitas obtidas pelas empresas de transporte aéreo regular de passageiros no período de 1º de janeiro de 2023 a 31 de dezembro de 2026. Caso seja aprovada no Senado, a MP pode trazer cerca de R$ 130 milhões para a linha de receita da Gol, melhorando a projeção de resultado da empresa para o ano.