São Paulo – Na sexta-feira (15) a Gol completou 15 anos de voos pelo Brasil, mas o investidor que quiser embarcar no Boeing da companhia precisa apertar os cintos e torcer para que a turbulência chegue logo ao fim.
Em 2015 as ações da Gol (GOLL4) caíram 83,4%. No início deste ano, os papéis foram retirados da carteira do Ibovespa e desde então já caíram 49,6%. O valor de mercado da companhia, que chegou aos 13 bilhões de reais no segundo ano de negociações na BM&FBovespa, em 2005, hoje está próximo dos 450 milhões de reais.
E não são apenas os investidores brasileiros que fogem das ações da companhia aérea. As ADRs da empresa, que já foram negociadas na casa dos 39 dólares, hoje valem 29 centavos de dólares na Bolsa de Nova York (NYSE) e podem ser suspensas da bolsa norte-americana caso continuem cotadas em centavos.
A receita dessa tragédia é uma combinação de 60% de despesas em dólares (moeda que se valorizou 48% em 2015 ante o real) e cerca de 90% da receita em real. Acrescente a isso a desaceleração da economia brasileira e um cenário de competição cada vez mais acirrado entre as companhias aéreas.
Como se a situação já não fosse ruim o suficiente, nesta semana a International Accounting Standards Board (IFRS), instituição que define regras contábeis, determinou que as empresas agora precisam registrar as operações de leasing como dívida em seus balanços.
Para se ter uma ideia, os leasings da Gol chegaram a 7,5 bilhões de reais no terceiro trimestre do ano passado, um aumento de 55% em relação ao mesmo período de 2014. Se existe uma boa notícia nesta história é que a regra de incorporar o leasing às dívidas só vale a partir de 2019.
Os problemas são tantos que têm impactado diretamente as ações da Smiles, controlada da Gol.
Os efeitos para a Smiles
A visão da maioria dos analistas é que com forte geração de caixa e dívidas baixas, a Smiles poderia ser a ação dos sonhos dos investidores brasileiros, não fosse a Gol.
Os papéis da Smiles (SMLE3) caíram 21% em 2015 e já começaram 2016 com uma queda de 20,4%. “Nós recomendamos que investidores evitem as ações da Smiles no curto prazo, pelo menos até que (e se) a Gol melhorar suas operações”, avalia o analista Rogerio Araujo, em relatório recente do UBS.
Por mais que tenha anunciado uma série de parcerias com programas de fidelidade de outros países, analistas e investidores ainda veem a companhia fortemente atrelada à Gol.
Para exemplificar a ligação, o UBS calcula que, em caso de falência da companhia aérea, as ações da Smiles, que hoje são cotadas na bolsa a 26,23 reais, devem cair até os 8,60 reais.
Cortes no orçamento
Em uma teleconferência em novembro do ano passado, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse que o pior momento da companhia havia ficado para trás. "É completamente impossível cravarmos o cenário macroeconômico para o próximo ano, mas a nossa percepção é que a volatilidade vista em 2015 não se repetirá em 2016", disse
Na época, a Gol cortou o número de boeings novos em sua frota de 15 para apenas quatro entre 2016 e 2017. A empresa também congelou as vagas de funcionários e anunciou a redução de sua capacidade em 2016 em até 6%.
"A Gol provavelmente precisará fazer cortes adicionais em 2016 para evitar um consumo enorme de caixa", comentou Cristiane Spercel, analista sênior da Moody's, em relatório na época.
“Nas condições atuais do mercado, calculamos que a GOL queimará R$ 340 milhões por trimestre e precisará de outra capitalização no primeiro trimestre de 2017”, afirma o analista do UBS em relatório.
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Possíveis Soluções
A saída não é fácil, alguns sonhadores afirmam que o governo poderia socorrer a companhia, a exemplo do que aconteceu com a Japan Airlines (JAL).
Após ser socorrida três vezes pelo governo japonês em menos de dez anos e chegar a um valor de mercado de apenas 150 milhões de dólares, a JAL entrou com um pedido de concordata junto ao governo para não ir à falência, no início de 2010.
Na época, como parte do acordo com o governo, as ações da companhia deixaram de ser negociadas. Em setembro de 2012 seus papéis voltaram para Bolsa de Valores de Tóquio, registrando o segundo maior IPO do mundo naquele ano, no valor de 8,5 bilhões de dólares. Hoje, o valor de mercado da JAL é de 13,08 bilhões de dólares.
Mas, ao que tudo indica, a história não deve se repetir no Brasil. O mais provável é que os atuais acionistas aumentem seu capital na empresa. A mais cotada para isso é a Delta Air Lines, que em agosto do ano passado aumentou sua fatia na Gol de 2,93% para 9,48%, com um aporte de meio bilhão de reais.
Analistas acreditam que a Delta vê no mercado brasileiro uma boa oportunidade e avaliam que outros investidores podem ter interesse em entrar no negócio. Afinal, apesar de todos os problemas, a Gol ainda é a maior no Brasil, em número de passageiros.
Em resposta a esta reportagem a Gol disse que está confiante de que seu trabalho "aliado às medidas adotadas pela companhia, nos levarão a superar os desafios atuais com segurança e garantindo que saiamos mais fortes ao final do período."
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1. Wall Street
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1/13 (Reuters)
São Paulo - A movimentação de quantias estrondosas de dinheiro, o risco elevado, o sobe e desce das
ações. Fatores como estes fazem do
mercado financeiro um campo interminável de histórias de sucesso e fracasso e que atrai olhares do mundo todo. Não são raros os documentários que se propõem a analisar um ou mais pontos do mercado. Confira a seguir 11 filmes aclamados que revelam histórias incríveis e os bastidores desse complexo campo.
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2. 25 Million Pounds
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Ano: 1996
Diretor: Adam Curtis Este documentário, produzido pela rede BBC, conta a história de Nick Leeson, trader que deu origem ao filme Rogue Trader. Lesson passou de um funcionário do Morgan Stanley, a um trader sem escrúpulos que derrubou o Barings, um antigo banco que cuidava até mesmo do dinheiro da rainha. Através de entrevistas com Leeson, o filme busca entender a psicologia por trás de traders desonestos. O documentário está disponível em seis partes no Youtube que podem ser encontrados
clicando aqui.
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3. Enron – Os mais espertos da sala
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Ano: 2005 Direção: Alex Gibney O documentário conta a história da ascensão e da falência da Enron, gigante de revenda de energia e gás nos Estados Unidos. O filme aborda desde a formação da companhia texana nos anos 1980 ao perfil dos envolvidos na criação da empresa que, quando entrou em colapso, deixou 20 mil desempregados. Indicado ao Oscar de melhor documentário, o filme analisa um dos maiores desastres corporativos da história, no qual os chefes executivos da empresa fugiram com mais de um bilhão de dólares, deixando os investidores e funcionários sem nada.
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4. Capitalism : A Love Story
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Ano: 2009 Direção: Michael Moore O documentário examina o impacto da dominação corporativa sobre a vida quotidiana dos americanos (e, por padrão, o resto do mundo). Com humor e indignação, o filme explora a questão: Qual é o preço que os Estados Unidos paga por seu amor do capitalismo? Com seu tradicional estilo que mistura jornalismo e entretenimento, o documentarista Michael Moore conta a história da crise financeira sob seu ponto de vista e explora criticamente a transição entre os governos George Bush e Barack Obama.
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5. Collapse
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Ano: 2009 Direção: Chris Smith Michael Ruppert é um ex-policial de Los Angeles que virou repórter independente e previu a última crise financeira ainda em 2006, quando a maioria dos analistas de Wall Street e Washington a negavam. No documentário, Ruppert conta sobre sua carreira e fala sobre as crises que ele vê pela frente. Baseando-se nos mesmos relatórios de notícias e dados disponíveis para qualquer usuário da Internet, ele aplica uma interpretação única.
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6. Floored
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Ano: 2009 Direção: James Allen Smith O documentário conta a história de operadores da bolsa de Chicago e como foi a transação de um pregão viva voz para uma bolsa dominada por computadores. O filme mostra os bastidores dos “traders” com suas histórias de vida e revela como muitos perderam seu espaço para máquinas.
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7. À caça de Madoff
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Ano: 2010 Direção: Jeff Prosserman O documentário revela como um investigador passou dez anos tentando expor um esquema de Bernard L. Madoff, suspeito de uma fraude que pode ter chegado a 65 bilhões de dólares . O filme tem entrevista Harry Markopolos, Frank Casey, Neil Chelo, entre outros nomes importantes que entregaram o executivo, que foi preso em 2008.
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8. Inside Job - A verdade da crise
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Ano: 2010 Direção: Charles Ferguson Indicado ao Oscar como melhor documentário, “Inside Job” vasculha as entranhas de Wall Street no período que antecedeu a crise de 2008. O filme, que é narrado por Matt Damon, foi baseado em extensa pesquisa e em uma série de entrevistas com políticos, economistas e jornalistas na busca de tentar entender a teia de mentiras e de crimes que levou o mercado financeiro americano ao colapso.
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9. Quants: Os Alquimistas de Wall Street
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Ano: 2010
Direção: Marije Meerman O documentário conta a história dos Quants, que são os gênios da matemática e programadores de computador que trabalham em sistemas financeiros e que projetaram alguns produtos que quase quebraram Wall Street. O filme mostra como a crise de 2008 revelou quanto o sistema financeiro global está cada vez mais dependente de modelos matemáticos que tentam quantificar o comportamento econômico humano. Quais são os riscos de tratar a economia e os seus mercados como uma máquina complexa? Será que vamos ser capazes de manter o controle deste sistema financeiro baseado no modelo, ou temos criado um monstro? Este documentário é o primeiro de uma série, que pode ser vista
clicando aqui.
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10. The Flaw
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Ano: 2011 Direção: David Sington O documentário faz uma ampla investigação da história econômica dos Estados Unidos, na busca de entender as raízes da crise de 2008. Mais do que isso, o filme analisa os erros do mercado nos últimos 20 anos e mostra a devastação que o capitalismo provocou no aumento das desigualdades no país.
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11. Europe at the Brink
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Ano: 2012 Direção: - Produzido pelo jornal Wall Street Journal, este documentário coloca seus editores e repórteres para examinar as origens da crise da dívida pública na Europa. O filme analisa ainda a razão pela qual a crise se espalhou de forma feroz pelo continente e ameaçou contaminar o mundo inteiro.
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12. Hank - Cinco anos depois do colapso
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Ano: 2013 Direção: Joe Berlinger Neste documentário, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, explica como convenceu bancos, o congresso americano e candidatos à presidência a aprovar um trilhão de dólares em resgastes financeiros. O filme foi coproduzido pela Bloomberg Businessweek Films, braço audiovisual da revista de negócios norte-americana, e pela produtora Radical Media.
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13. Veja agora os 20 conselhos de investidores bilionários em tempos de crise
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13/13 (Akos Stiller/Bloomberg)