Franklin Templeton decidiu apostar no mercado de startups financeiras em meio ao cenário de juros baixos e expectativa de retomada econômica. (Foto/Thinkstock)
Tais Laporta
Publicado em 30 de outubro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 30 de outubro de 2019 às 07h00.
A Franklin Templeton decidiu apostar no mercado de startups financeiras em meio ao cenário de juros baixos e expectativa de retomada econômica. A gestora quer lançar neste ano um fundo composto por crédito de fintechs locais, que pretende ser o primeiro do tipo no mercado brasileiro.
“Meu dia-a-dia hoje é basicamente visitar fintechs”, disse Renato Pascon, gestor de fundos multimercado e renda fixa da gestora norte-americana, que administra globalmente US$ 700 bilhões em mais de 170 países. Trata-se de uma mudança de rotina considerável para um executivo até então voltado para a análise macroeconômica do país.
Pascon está mapeando todas as fintechs ativas no Brasil para analisar seus algoritmos de concessão de crédito. O objetivo é eleger pelo menos uma dúzia de fintechs cujas debêntures e cotas de fundos de recebíveis estarão na carteira de um fundo que será oferecido aos investidores.
A gestora quer captar R$ 500 milhões em 12 meses e R$ 2 bilhões em três anos com o fundo, de forma a aproveitar a migração dos investidores para o crédito privado em busca de maiores retornos, já que a Selic está no piso histórico de 5,5%. Na avaliação de Pascon, o Brasil está na contramão da desaceleração econômica mundial, pois engata agora a saída de uma recessão profunda.
O crescimento das fintechs de crédito no Brasil também é impulsionado pela nova regulamentação do Banco Central, que tem o objetivo ampliar a concorrência com o incentivo do uso da tecnologia para reduzir o custo do crédito no país. Em abril do ano passado, o Conselho Monetário Nacional estabeleceu as regras para a atuação das fintechs de crédito e eliminou a necessidade de atuação em parceria com um banco tradicional.
Em sua exploração do mercado brasileiro de crédito, a Templeton está investindo diretamente em duas fintechs. A gestora de recursos comprou debêntures no valor de R$ 50 milhões da Rebel, focada em empréstimo pessoal. Um segundo alvo foi a Weel, que atua com antecipação de recebíveis para pequenas e médias empresas, para a qual a Templeton fez um empréstimo conversível em ações de US$ 30 milhões.