Gustavo Werneck: "não há balas de prata para mudar a sorte do setor no curto prazo" (Leandro Fonseca/Exame)
Editora de Finanças
Publicado em 7 de outubro de 2024 às 17h23.
A Gerdau (GGBR4), maior empresa brasileira produtora de aço, segue “incansável por cada centavo.” Foi assim que Gustavo Werneck, CEO da siderúrgica, comentou os desafios da companhia no curto prazo, durante o Investor Day na semana passada. “Não há balas de prata para mudar a sorte do setor no curto prazo, mas continuaremos nossa busca incansável por cada centavo.”
As afirmações do executivo foram bem avaliadas pelos analistas do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), que destacaram o progresso do programa de corte de custos da Gerdau na unidade brasileira. O objetivo é alcançar uma economia de R$ 1 bilhão por ano, meta que já está bem encaminhada.
MM 2024: Como a Gerdau melhorou os resultados em 2024 com agenda ESG e foco no essencialO BTG Pactual prevê que as margens EBITDA da Gerdau atinjam 15% já neste trimestre. Embora nos Estados Unidos haja uma desaceleração, com margens previstas abaixo de 20%, a administração da Gerdau mantém uma visão otimista. Eles acreditam em um cenário positivo para a demanda e tarifas, independentemente das eleições americanas.
“Acreditamos que a ação ainda não reflete totalmente a sua exposição ao mercado norte-americano", destacaram os analistas. Enquanto seus pares negociam a índices de 6-8x EBITDA, a Gerdau negocia a apenas 4x. O BTG mantém a Gerdau como sua principal escolha no setor de Mineração & Siderurgia, com expectativa de retorno de caixa entre 9-10% até o final do ano.
O programa de recompra de ações da Gerdau também foi destacado. A empresa já executou 27% do plano, o que representa cerca de 1% de seu valor de mercado. Quanto ao capex, a Gerdau afirmou que os gastos para crescimento devem ser reduzidos em R$ 500 milhões, com foco em projetos florestais e competitividade. O investimento chave, de R$ 3,2 bilhões em minério de ferro, está avançando, enquanto, nos EUA, a expansão da capacidade de Midlothian pode adicionar R$ 500 milhões em EBITDA.
Por fim, o BTG ressalta que o ambiente operacional no Brasil está mostrando sinais de melhoria significativa, com um aumento de 8% no consumo de aço. A Gerdau também está preocupada com as importações, cuja penetração no mercado chegou a 18%, muito acima dos níveis desejados de 8-10%. Mesmo assim, a companhia espera recuperar as margens no Brasil, projetando um EBITDA de 15% nos próximos meses.
“Vemos a ação sendo negociada abaixo de 4x o EBITDA para 2025, com um yield de geração de caixa próximo de 9-10%”.