Washington - No ano passado, o gerente de portfólios Patrick O’Shaughnessy estava conversando com amigos e contou que só investe em ações.
“Eles acharam essa postura incrivelmente arriscada”, disse O’Shaughnessy, 29, da O’Shaughnessy Asset Management em Stamford, Connecticut, que gerencia cerca de US$ 7 bilhões.
“Eu me deparei com um ceticismo quase absoluto”. Ele planeja publicar um livro neste ano sobre as finanças dos jovens.
Embora os investimentos em ações em geral tenham caído desde a recessão, os chamados membros da Geração Y, nascidos após 1980, continuaram abandonando o mercado mesmo quando este se recupera, de acordo com uma pesquisa da Gallup feita entre 3 e 6 de abril.
Somente 27 por cento dos consultados com entre 18 e 29 anos informaram que possuem ações, de modo direto ou em fundos, frente a 33 por cento em abril de 2008, descobriu a pesquisa.
A aversão significa que o grupo está ficando de fora enquanto os principais índices quebram recordes, potencialmente colocando em perigo sua segurança financeira futura, especialmente numa época em que esses americanos também estão rejeitando investimentos como os imóveis.
Em vez de lançar-se às ações, que podem fornecer melhores retornos no longo prazo, os jovens estão acumulando poupanças em contas bancárias e valores que quase não pagam juros.
“Chamamos eles de Filhos da Recessão”, disse William Finnegan, diretor administrativo sênior da MFS Investment Management em Boston, traçando um paralelo com os “Filhos da Depressão” que evitavam bancos e investimentos após a quebra da bolsa, em 1929.
“Se o returno cumulativo dos últimos cinco anos não lhe convenceu de que o mercado acionário seja um bom lugar para um investidor no longo prazo, não sei o que poderia lhe convencer. Esse pessoal ficou marcado”.
Experiências marcantes
Quando os membros mais velhos da Geração Y estavam perto de se formar na faculdade, em 2002, eles testemunharam um declínio de 78 por cento no índice Nasdaq devido ao estouro da bolha nas ações de empresas de tecnologia.
Quando eles estavam na casa dos vinte, em 2008, o índice Standard Poor’s 500 caiu 38,5 por cento, a pior queda anual desde 1937. A medida recuou 57 por cento entre outubro de 2007 e março de 2009.
“Não é tão ruim quanto a Grande Depressão, mas se fosse sua primeira experiência adulta, isso o tornaria cuidadoso”, disse Jeff Scott, diretor de pesquisa de mercados para a UBS Wealth Management Americas em Weehawken, Nova Jersey.
“Não acho que haja um momento de reversão total. É uma mudança permanente na mentalidade”.
Os membros ricos da Geração Y possuem 52 por cento do seu dinheiro em espécie e 28 por cento em ações, comparado com 23 por cento e 46 por cento entre pessoas mais velhas, descobriu uma pesquisa da UBS publicada no primeiro trimestre.
O estudou enfocou jovens de 21 a 29 anos com renda de US$ 75.000 ou US$ 50.000 em dinheiro para investimento, e em pessoas de 30 a 36 anos com US$ 100.000 em renda ou ativos.
Provavelmente haja mais em jogo do que uma simples atitude melindrosa em relação às ações. O desemprego, as grandes dívidas com empréstimos estudantis e os efeitos da crise imobiliária provavelmente também estejam constringindo os jovens.
Empréstimos estudantis
Cerca de 45 por cento dos jovens com 25 anos tinham dívidas estudantis no final de 2013, frente a 25 por cento em 2003, com base em dados do Fed de Nova York.
O balanço médio de empréstimos estudantis do grupo alcançou US$ 20.926, escreveu ontem Meta Brown, economista sênior que trabalha com o grupo de pesquisa e estatísticas, em um blog. Há uma década, a cifra era de aproximadamente US$ 11.000.
A matrícula universitária também está adiando a entrada na força de trabalho, o que deixa os membros da Geração Y com menos para gastar em propriedades e ações.
“Os membros da Geração Y já tinham aversão aos riscos antes, e agora estão tendo ainda mais”, disse o demógrafo e economista Neil Howe em 8 de maio, durante uma apresentação no Fed de St. Louis.
“Podemos dizer que a Grande Recessão tem dominado completamente sua visão da economia”.
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1. Sob medida para os jovens
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1/12 (Creative Commons)
São Paulo – Desde que estreou no mercado de trabalho há alguns anos, a
geração Y tratou de firmar bandeira em todos os setores da economia e, em alguns casos, dominar (literalmente) algumas áreas. (Se você tem dúvidas, entre em uma empresa de internet e conte nos dedos quantos têm mais do que 35 anos).
Em comum, tais
carreiras guardam um espírito coerente com as características típicas dos profissionais nascidos nos anos 80 e 90: trazem uma rotina dinâmica e uma visão inovadora, além da
ascensão profissional meteórica.
Boa parte delas foi criada (ou se revolucionou) em resposta às demandas da última década. E, por isso, meio que naturalmente foram ocupadas por quem têm tais mudanças no próprio DNA.
Consultamos alguns especialistas em recrutamento e Geração Y e mapeamos as
profissões que são dominadas pelos jovens. Confira.
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2. Executivo de contas
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2/12 (Dreamstime)
O papel do executivo de contas dentro das agências de publicidade é fazer o meio de campo entre cliente e agência. “Ele precisa estar conectado acima da média. É alguém que lida muito bem com conteúdo, trabalha com informação”, afirma Ricardo Haag, gerente executivo da Page Personnel.
Mas não só. “Ele tem um perfil híbrido: ao mesmo tempo que tem um lado técnico, ele tem uma habilidade de relacionamento voltada para gestão e execução de vendas”, diz.
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3. Operadores de bolsa de valores
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3/12 (Peter Macdiarmid/Getty Images)
A combinação de ascensão rápida e um ambiente dinâmico tornam o mercado financeiro sedutor para quem integra a geração Y, afirma Haag, da Page Personnel. Uma das profissões em alta para os mais jovens é de operador da bolsa de valores. “Geralmente, é um economista, administrador de empresas ou engenheiro”, afirma o especialista. “É ele quem compra e vende ações. Com 25 anos, já está ganhando uma boa quantia salarial”.
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4. Analista de investimento
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4/12 (Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Outra carreira atrativa para os mais jovens no mercado financeiro é a de analista de investimentos. “Ele não faz a operação em si, mas recomenda investimentos em uma determinada carteira”, afirma Haag. “É um mercado que foi invadido por jovens nos últimos anos. A remuneração é muito agressiva nesta área. Com 40, eles já podem se aposentar”.
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5. Analista de SEO
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5/12 (Chris Helgren/Files/Reuters)
Para se destacar no sistema de buscas do Google (ou outras ferramentas do tipo disponíveis na internet), os sites precisam ser elaborados (e alimentados) com base nos fundamentos de SEO (Search Engine Optimization). Para responder a esta demanda, os especialistas em SEO têm a função de explorar estes recursos e criar estratégias para que a página não seja punida pelos robôs do Google, ou de outras ferramentas de busca. Por ser uma função nova e totalmente relacionada com o mercado digital, naturalmente, é repleta de jovens.
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6. Gestor de redes sociais
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6/12 (Dado Ruvic/Reuters)
Engana-se quem pensa que a rotina de trabalho de um analista de mídias sociais se resume a passar o dia clicando no botão curtir do Facebook ou tuitando. O dia a dia depende de estratégia, um profundo conhecimento dos negócios da companhia em questão e domínio das principais ferramentas sociais. Afinal, de uns tempos para cá, ser estratégico no meio digital virou conceito de ordem para o sucesso das empresas. “A geração Y já nasceu neste ambiente digital”, diz. Trabalhar numa área assim quase sempre é uma consequência.
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7. Área de inovação
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7/12 (Getty Images)
Segundo Rodrigo Vianna, diretor-executivo da Talenses, as carreiras ligadas à área de pesquisa e desenvolvimento também tendem a atrair mais jovens. “As empresas contratam esta geração por conta do dinamismo”, diz. Mas não só. O acesso à informação, a naturalidade com ferramentas inovadoras típicas desta geração também facilitam na hora de estimular o pensamento inovador dentro da empresa.
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8. Desorganizador corporativo
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8/12 (Divulgação)
Uma carreira nova que começa a esboçar seu espaço no Brasil é a de desorganizador corporativo. “A função dele é tornar a empresa mais colaborativa, flexibilizá-la a um ponto que se altere as funções”, diz Sidnei Oliveira, autor do livro “Profissões do futuro” (Integrare Editorial).
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9. Engenheiro de pré-sal
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9/12 (Rich Press/Bloomberg)
Por ser uma carreira nova no Brasil, a área de engenharia de pré-sal, provavelmente, será toda ocupada por jovens. Na prática, as oportunidades para estes profissionais estão presentes em todas as etapas da
produção.
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10. Gestor de resíduos
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10/12 (Marcos Santos/USP Imagens)
Com a meta de dar um fim sustentável ao lixo, o gestor de resíduos é mais uma das novas profissões que serão ocupadas por mais jovens exatamente por sua novidade no mercado. “Os primeiros foram as pessoas mais veteranas. Mas com os cursos novos, rapidamente, será ocupada pela Geração Y”, diz Sidnei Oliveira.
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11. Designer de games
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11/12 (REUTERS/Ina Fassbender/Files)
Para quem passou as décadas de 80 e 90 vidrado nos videogames, ter como sonho de carreira a rotina de passar o dia projetando este tipo de jogo é uma clara consequência. “São atividades que o jovem absorve com mais rapidez”, afirma Oliveira.
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12. Quer virar milionário? Veja qual curso fazer
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12/12 (MARINA PIEDADE| VOCÊ SA)