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Geração Y é marcada pela retração econômica e despreza ações

Os “filhos da recessão” continuaram abandonando o mercado mesmo quando este apresenta uma melhora


	Bolsa de Nova York: somente 27% dos consultados com entre 18 e 29 anos informaram que possuem ações
 (Getty Images)

Bolsa de Nova York: somente 27% dos consultados com entre 18 e 29 anos informaram que possuem ações (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2014 às 21h31.

Washington  - No ano passado, o gerente de portfólios Patrick O’Shaughnessy estava conversando com amigos e contou que só investe em ações.

“Eles acharam essa postura incrivelmente arriscada”, disse O’Shaughnessy, 29, da O’Shaughnessy Asset Management em Stamford, Connecticut, que gerencia cerca de US$ 7 bilhões.

“Eu me deparei com um ceticismo quase absoluto”. Ele planeja publicar um livro neste ano sobre as finanças dos jovens.

Embora os investimentos em ações em geral tenham caído desde a recessão, os chamados membros da Geração Y, nascidos após 1980, continuaram abandonando o mercado mesmo quando este se recupera, de acordo com uma pesquisa da Gallup feita entre 3 e 6 de abril.

Somente 27 por cento dos consultados com entre 18 e 29 anos informaram que possuem ações, de modo direto ou em fundos, frente a 33 por cento em abril de 2008, descobriu a pesquisa.

A aversão significa que o grupo está ficando de fora enquanto os principais índices quebram recordes, potencialmente colocando em perigo sua segurança financeira futura, especialmente numa época em que esses americanos também estão rejeitando investimentos como os imóveis.

Em vez de lançar-se às ações, que podem fornecer melhores retornos no longo prazo, os jovens estão acumulando poupanças em contas bancárias e valores que quase não pagam juros.

“Chamamos eles de Filhos da Recessão”, disse William Finnegan, diretor administrativo sênior da MFS Investment Management em Boston, traçando um paralelo com os “Filhos da Depressão” que evitavam bancos e investimentos após a quebra da bolsa, em 1929.

“Se o returno cumulativo dos últimos cinco anos não lhe convenceu de que o mercado acionário seja um bom lugar para um investidor no longo prazo, não sei o que poderia lhe convencer. Esse pessoal ficou marcado”.

Experiências marcantes

Quando os membros mais velhos da Geração Y estavam perto de se formar na faculdade, em 2002, eles testemunharam um declínio de 78 por cento no índice Nasdaq devido ao estouro da bolha nas ações de empresas de tecnologia.

Quando eles estavam na casa dos vinte, em 2008, o índice Standard Poor’s 500 caiu 38,5 por cento, a pior queda anual desde 1937. A medida recuou 57 por cento entre outubro de 2007 e março de 2009.

“Não é tão ruim quanto a Grande Depressão, mas se fosse sua primeira experiência adulta, isso o tornaria cuidadoso”, disse Jeff Scott, diretor de pesquisa de mercados para a UBS Wealth Management Americas em Weehawken, Nova Jersey.

“Não acho que haja um momento de reversão total. É uma mudança permanente na mentalidade”.

Os membros ricos da Geração Y possuem 52 por cento do seu dinheiro em espécie e 28 por cento em ações, comparado com 23 por cento e 46 por cento entre pessoas mais velhas, descobriu uma pesquisa da UBS publicada no primeiro trimestre.

O estudou enfocou jovens de 21 a 29 anos com renda de US$ 75.000 ou US$ 50.000 em dinheiro para investimento, e em pessoas de 30 a 36 anos com US$ 100.000 em renda ou ativos.

Provavelmente haja mais em jogo do que uma simples atitude melindrosa em relação às ações. O desemprego, as grandes dívidas com empréstimos estudantis e os efeitos da crise imobiliária provavelmente também estejam constringindo os jovens.

Empréstimos estudantis

Cerca de 45 por cento dos jovens com 25 anos tinham dívidas estudantis no final de 2013, frente a 25 por cento em 2003, com base em dados do Fed de Nova York.

O balanço médio de empréstimos estudantis do grupo alcançou US$ 20.926, escreveu ontem Meta Brown, economista sênior que trabalha com o grupo de pesquisa e estatísticas, em um blog. Há uma década, a cifra era de aproximadamente US$ 11.000.

A matrícula universitária também está adiando a entrada na força de trabalho, o que deixa os membros da Geração Y com menos para gastar em propriedades e ações.

“Os membros da Geração Y já tinham aversão aos riscos antes, e agora estão tendo ainda mais”, disse o demógrafo e economista Neil Howe em 8 de maio, durante uma apresentação no Fed de St. Louis.

“Podemos dizer que a Grande Recessão tem dominado completamente sua visão da economia”.

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