A Nasdaq, em Nova York: a bolsa já não é mais a prioridade para os empreendedores (Daniel Barry/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2011 às 20h38.
Nova York - As ações da Apple e do Bank of America (BofA) têm estado numa gangorra nos últimos anos: a Apple sempre subindo, o BofA, sempre descendo. Hoje, por motivos pontuais, as duas resolveram inverter as posições, perderam bastante o ritmo em relação ao início do pregão.
As ações da Apple, que chegaram a cair perto de 5% no pré-mercado, fecharam em queda de 0,65%, a US$ 373,72, enquanto os papéis do Bank of America, que avançaram mais de 26%, fecharam em alta de 9,44%, a US$ 7,65.Para se ter uma ideia de como o valor desses papéis mudou drasticamente nos últimos anos, uma ação da Apple valia US$ 6,56 há oito anos. E, há cinco anos, antes da crise financeira estourar, uma ação do BofA valia mais de US$ 50.
Num momento em que pairam muitas dúvidas e temores no ar sobre a economia americana, as atenções dos investidores estão concentradas nessas duas empresas. Uma por ser a segunda maior empresa dos Estados Unidos, a Apple. A outra, o Bank of America, por representar um setor que foi muito castigado durante a última crise, deixando incertezas até hoje sobre a capacidade do banco de ter capital suficiente para enfrentar uma nova turbulência global.
Foi por isso que, para dar mais tranquilidade aos mercados, Warren Buffet, da Berkshire Hathaway, entrou em cena hoje dizendo que vai investir US$ 5 bilhões no Bank of America. Afinal, não é tão óbvio assim que o banco tem saúde para dar e vender. Nos últimos cinco anos, as ações do BofA derreteram 85,58% e, só no acumulado deste ano, as perdas são de cerca de 42%."Há muita preocupação com o gerenciamento do Bank of America. Mas colapso? Não, não creio que isso ocorrerá. O problema que o Bank of America pode ter no curto prazo é de financiamento", havia dito recentemente o especialista em bancos Bert Ely.
Ao que parece, os problemas agora foram suavizados. "O Bank of America é uma companhia forte e bem dirigida", disse Buffet, agindo do mesmo modo como fez durante a crise, ao investir grandes somas no Goldman Sachs e na General Eletric.
Essa foi a notícia boa do dia e serviu para contrapor a notícia triste, trazida ontem, de que o CEO da Apple, Steve Jobs, sairá de cena para dar sua cadeira para Tim Cook, ex-executivo de operações. Mas como pode a Apple sobreviver sem Jobs? Afinal foi ele que fez virar mania no mercado o iPhone, o iPad, equipamentos sofisticados e ao mesmo tempo de design clean, simples, que faz com que as pessoas enfrentem filas, durmam na porta das lojas da Apple para comprar esses produtos sempre que saem os lançamentos das novas versões.
O mercado acha que não será a mesma coisa, não haverá ninguém como Jobs, mas que a Apple sobreviverá sem ele. Tanto que os bancos Barclays Capital e JP Morgan mantiveram o rating das ações da Apple em "overweight"."Embora essa transição seja algo permanente, pelo menos ela remove as incertezas de como ela seria", disse a analista Katy Huberty, do Morgan Stanley, em nota aos clientes, ressaltando que a saída de Jobs em algum momento era esperada, mas havia muitas dúvidas de como seria. Nos últimos cinco anos, as ações da Apple valorizaram 383,59% e, só neste ano até hoje, os ganhos eram de pouco mais de 15%.
No início deste mês,a Apple chegou a ser a companhia mais valiosa em Wall Street, ultrapassando a Exxon Mobil, e hoje a companhia, que até ontem valia US$ 348 bilhões, ocupa a segunda posição, enquanto a Exxon, US$ 357 bilhões.