Fusões e aquisições: bancos começam a recuar do financiamento de grandes transações (erhui1979/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 30 de junho de 2022 às 12h17.
Última atualização em 30 de junho de 2022 às 12h27.
Seis meses depois do ano mais movimentado de todos os tempos para fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), começa a ficar claro que a desaceleração pode ser mais do que uma retração passageira.
O volume global de fusões e aquisições caiu 17% em relação ao primeiro semestre de 2021, para US$ 2,1 trilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. Inflação desenfreada, aperto monetário, guerra na Ucrânia e cadeias de suprimentos espremidas convergiram para esfriar rapidamente o recorde de compras visto no ano passado.
Os bancos também começam a recuar do financiamento de grandes transações em um aperto para as empresas de private equity que alimentaram o boom. Os negócios caíram em todas as principais regiões e na maioria dos setores, com um número crescente de transações empacadas ou abandonadas.
Embora os banqueiros ressaltem que a atividade permanece bem acima das médias históricas, as fusões e aquisições costumam demorar alguns meses para acompanhar os mercados de capitais — e os principais índices de ações estão no vermelho há algum tempo, com as ofertas de ações agora próximas de uma mínima de duas décadas. Sem contar o fim abrupto da onda das empresas de propósito específico para aquisições nos Estados Unidos, conhecidas como SPACs.
“Sabemos que o ciclo de M&A está sempre atrasado”, disse Oliver Lutkens, cochefe de consultoria para Europa, Oriente Médio e África no BNP Paribas. “Compradores e vendedores geralmente fazem fusões e aquisições robustas até que a economia realmente mude, porque eles querem fechar negócios antes que seja tarde demais.”
É improvável que a busca por grandes aquisições estratégicas seja uma prioridade para muitos conselhos de empresas nos próximos meses à medida que se concentram em preparar seus negócios para o impacto de uma possível recessão. O aumento do custo dos bens que atingiu os gastos do consumidor em todo o mundo e a necessidade de certeza sobre a resposta dos bancos centrais a isso continuam a pesar sobre os preços das ação e o sentimento.
“O segundo semestre começa com volatilidade”, disse Michael Santini, presidente executivo global do UBS. “Provavelmente caminhamos para um mercado mais ativo de fusões e aquisições e IPOs em 2023, dado que o ciclo de alta de juros do Fed [banco central americano] pode já ter sido concluído quando sairmos de 2022, e teremos mais visibilidade sobre as perspectivas econômicas.”
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