Os ralis podem não ter acabado, mas novos picos provavelmente dependerão da oferta e da demanda, em vez de compras especulativas de matérias-primas (Ariel Marinkovic/AFP/AFP)
Bloomberg
Publicado em 31 de maio de 2021 às 11h17.
O debate nos mercados de commodities sobre se o forte rali deste ano acabou ou se os preços vão subir após uma pausa continua. Por enquanto, fundos de hedge começam a recuar. Investidores de commodities estão reduzindo apostas em mais aumentos de preços para diversas matérias-primas, como grãos, cobre e gás natural.
As posições de hedge funds nesta semana em 20 das 23 commodities acompanhadas pelo índice Bloomberg Commodity mostraram a maior queda desde novembro, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities e ICE.
O clima ajuda as lavouras dos EUA e indica safras maiores, ao mesmo tempo que reduz a demanda por gás natural. Os mercados de petróleo se preparam para um aumento da oferta, e a China, maior comprador de commodities, toma medidas para segurar os altos preços das matérias-primas. Em resumo, agora há dúvidas sobre o tão alardeado superciclo das commodities, já que fatores baixistas emergem em meio a temores de inflação e preocupações com a demanda.
Os ralis podem não ter acabado, mas novos picos provavelmente dependerão da oferta e da demanda, em vez de compras especulativas de matérias-primas.“Estamos de volta a fundamentos mais normais”, disse por telefone Don Roose, presidente da corretora U.S. Commodities em West Des Moines, Iowa, em entrevista na sexta-feira.
As fortes chuvas em partes do cinturão agrícola dos EUA devem melhorar as perspectivas da produção de milho e soja. Safras maiores ajudariam a repor os estoques globais esgotados. As apostas líquidas na alta do milho em Chicago caíram pela sexta semana consecutiva, para o nível mais baixo desde dezembro, enquanto as posições altistas no farelo de soja foram reduzidas pela metade, segundo dados regulatórios.
Nos mercados de energia, fundos de hedge cortaram as posições líquidas compradas em gás natural em 7%, para o nível mais baixo em seis semanas, pois o aumento das temperaturas nos EUA diminui a demanda.
As posições altistas no petróleo estão no nível mais baixo em cerca de cinco meses, já que o mercado se prepara para mais oferta proveniente dos principais países produtores, incluindo o Irã. As apostas líquidas compradas em cobre na Comex em Nova York estão no menor patamar em mais de 10 meses, enquanto a China atua para frear a alta dos preços das matérias-primas, que inclui uma política de “tolerância zero” para a acumulação do metal.