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Fundos ampliam aposta na bolsa brasileira com avanço de reformas

Gestoras acreditam que ações serão a melhor forma de lucrar com a agenda do governo Bolsonaro

Ações são o ativo preferido de gestoras brasileiras de recursos. (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

Ações são o ativo preferido de gestoras brasileiras de recursos. (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

TL

Tais Laporta

Publicado em 10 de agosto de 2019 às 08h40.

Última atualização em 10 de agosto de 2019 às 08h40.

Os principais fundos multimercados do Brasil estão aumentando a aposta de que a bolsa será a melhor forma de lucrar com o avanço da agenda de reformas governo Bolsonaro.

Gestoras como a Verde Asset Management, que tem quase R$ 40 bilhões sob gestão, e a Bahia Asset Management aumentaram suas posições em ações depois que a reforma da Previdência passou em primeiro turno na Câmara dos Deputados no mês passado, considerada a etapa mais difícil. A BlueLine Asset Management, que lançou recentemente seu primeiro fundo, prefere a bolsa brasileira sobre todas as outras classes de ativos na América Latina.

“O Brasil tem a chance de aprovar duas reformas importantes neste ano - Previdência e tributária - e há um processo global contínuo de queda nas taxas de juros”, disse Giovani Silva, sócio-fundador da BlueLine, em um evento na quarta-feira no escritório da Bloomberg em São Paulo.

A reforma aprovada nesta quarta-feira em segundo turno e que agora segue para o Senado prevê uma economia de cerca de R$ 930 bilhões em 10 anos. O resultado foi “melhor do que o mais otimista dos prognósticos de alguns meses atrás“ de alguns meses atrás, disse a Verde em sua carta mensal aos clientes. “Coloca o país em trajetória fiscal mais saudável, e permite taxas de juros estruturalmente mais baixas.”

Embora o crescimento custe a se recuperar e o desemprego esteja em 12%, a equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro avança com planos para reduzir a burocracia, sanear as contas fiscais e impulsionar o investimento por meio de reformas e privatizações. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tem ajudado nessa agenda, ao arregimentar os votos para reforma, assim como o Banco Central, ao cortar a taxa Selic na semana passada para uma nova mínima histórica de 6%.

Sara Delfim, sócia da Dahlia Capital, vê a economia brasileira pronta para crescer a um ritmo apenas moderado, mas por um longo período de tempo. Isso deve ser positivo para a bolsa e permitir que a Selic caia ainda mais, para abaixo ou em torno de 5%. Sara recomenda ações de empresas do setor elétrico e de consumo, mantendo certa distância de bancos e empresas de commodities.

“Acreditamos que a reforma tributária, a lei de saneamento, a lei de telecomunicações, as privatizações e novas concessões vão passar”, diz Sara.

No início desta semana, a Bahia Asset disse que aumentou sua posição comprada nas ações brasileiras, com destaque para as empresas que se beneficiam da queda dos juros ou que podem apresentar uma “melhora considerável” em seus resultados devido à alavancagem operacional. A Kapitalo Investimentos aumentou sua aposta em três setores específicos: papel e celulose, siderúrgicas e bancos.

O Ibovespa registra ganho de 14% no acumulado do ano em dólares, mesmo com os estrangeiros permanecendo praticamente à margem desse rali. Investidores no exterior retiraram cerca de R$ 10,4 bilhões da B3 até 31 de julho, segundo dados da própria bolsa.

João Braga, cujo fundo XP Long Biased tem um dos maiores retornos nos últimos cinco anos, diz que ainda é muito cedo para o retorno dos estrangeiros.

“A reforma da Previdência não é um gatilho para os investidores estrangeiros”, afirmou Braga. “Eles devem ficar mais animados quando a atividade econômica se recuperar, o que deve acontecer perto do final do ano, com mais reformas.”

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