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Fundo dos Correios é sócio do projeto da nova Bolsa

O projeto da nova bolsa para competir com a BM&FBovespa está sendo montado pela Americas Trading Group (ATG), empresa brasileira de tecnologia


	O fundo de pensão Postalis, dos funcionários dos Correios, é o sócio oculto por trás da operação que pretende montar uma nova bolsa de valores no país
 (Lia Lubambo/ Arquivo EXAME)

O fundo de pensão Postalis, dos funcionários dos Correios, é o sócio oculto por trás da operação que pretende montar uma nova bolsa de valores no país (Lia Lubambo/ Arquivo EXAME)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2013 às 09h01.

São Paulo - O fundo de pensão Postalis, dos funcionários dos Correios, é o sócio oculto por trás da operação que pretende montar uma nova bolsa de valores para competir com a BM&FBovespa no bilionário mercado de ações brasileiro.

Um dos principais investidores institucionais do País, com patrimônio de R$ 7,7 bilhões, o fundo estava na moita até agora, embora o projeto do novo pregão tenha ganhado destaque nas últimas semanas.

A participação no projeto, por meio de um fundo de investimentos chamado ETB, provocou questionamentos da KPMG, responsável pela auditoria nas contas do Postalis: os auditores estranharam o valor dos ativos do ETB registrado na contabilidade do fundo de pensão e pediram explicações.

Com déficit acumulado de R$ 1,7 bilhão, a fundação teve problemas recentes - era investidora nos bancos Cruzeiro do Sul e BVA, liquidados pelo Banco Central em meio a suspeitas de fraude.

O projeto da nova bolsa está sendo montado pela Americas Trading Group (ATG), que, apesar do nome, é uma empresa brasileira de tecnologia.

A empresa tem 80% do empreendimento e fez sociedade com a americana NYSE Euronext, controladora da Bolsa de Nova York, que terá 20% do negócio. No mês passado, a ATG solicitou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorização para lançar o novo pregão no ano que vem.

A empresa está de olho num mercado que movimenta, em média, R$ 8 bilhões por dia em compra e venda de ações. A BM&FBovespa, hoje sozinha no negócio, teve lucro de R$ 1 bilhão no ano passado. As americanas Direct Edge e Bats Global Markets já mostraram interesse em atuar no Brasil, mas apenas a ATG se mexeu até agora.

O Postalis entrou nessa história como cotista do ETB - que tem como único ativo o controle da ATG. O fundo de pensão dos Correios é o maior investidor desse fundo, com 35,5%, mas não tem participação direta na administração da empresa.


Quem toca os negócios são os outros três sócios do ETB, os investidores Arthur Pinheiro Machado, Martin Cohen e Francisco Gurgel do Amaral Valente, fundadores da empresa.

Esses são os pais do projeto da nova bolsa brasileira. Conseguiram atrair o Postalis em 2011 e, desde então, buscam novos fundos de pensão para reforçar o projeto.

O fundo ETB informou à CVM ter patrimônio de R$ 741,6 milhões, de acordo com dados de janeiro. Dentro do Postalis, no entanto, os números desse investimento provocaram questionamentos por parte da KPMG.

No relatório anual de 2012, os auditores fizeram uma ressalva em relação ao valor da participação que o Postalis afirma ter no fundo ETB - de R$ 263,9 milhões. De acordo com a auditoria, a cota está “substancialmente” valorizada e não foi possível “obter evidência de auditoria apropriada o suficiente” sobre o valor atualizado do investimento.

Procurada por quase duas semanas, a direção do Postalis não quis se manifestar. De acordo com Machado, da ATG, os valores questionados pela KPMG estão sendo reavaliados e serão encaminhados ao conselho fiscal do fundo de pensão para avaliação.

Se for mesmo adiante, a nova bolsa será bem enxuta. Vai operar a partir de um andar com 500 metros quadrados num prédio de Botafogo, no Rio de Janeiro, e data center alugado. A sede da BMF&Bovespa fica num edifício de sete andares de estilo clássico, no centro de São Paulo.

A ATG, que hoje vende conexão eletrônica entre corretoras, investidores e bolsas de valores, tem 64 funcionários. Passaria a ter cerca de 100. “Vamos oferecer serviços mais rápidos e a preços menores”, afirma Machado. “Nossa proposta é trabalhar com pouca gente e muita tecnologia”. Procurada, a BM&FBovespa não quis se manifestar.

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