NYSE: centro de backup de dados da Bolsa de Nova York fica em Chicago, a mais de 1.100 km da sede (Leandro Fonseca/Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de janeiro de 2023 às 07h35.
Um erro cometido por um funcionário que esqueceu de desligar um sistema afetou as ações de mais de 250 empresas e levou ao cancelamento de milhares de negociações na Bolsa de Nova York (NYSE, na sigla em inglês), na última terça-feira, 24. O problema, curiosamente, ocorreu no sistema de recuperação de desastres.
O centro de backup de dados da Bolsa de Nova York fica em Chicago, a mais de 1.100 km da sede física, e realiza uma rotina que inclui ligar e desligar os sistemas assim que os mercados fecham, para garantir que tudo funcione.
Na segunda-feira, 23, porém, um funcionário esqueceu de desligar adequadamente o sistema de recuperação de desastres, o que levou os computadores da Bolsa a tratar erroneamente a abertura das 9h30 de terça-feira como uma continuação das negociações do dia anterior.
Com isso, os computadores pularam os leilões de abertura do dia que estabelecem os preços iniciais. Sem a etapa, as ofertaram chegaram com os preços mais variados.
Os mecanismos projetados para evitar oscilações violentas do mercado acabaram acionados e dispararam alarmes nas telas das mesas de operações. Os papéis de empresas como AT&T, Verizon e Morgan Stanley foram afetados. Em alguns casos, houve oscilações de 25 pontos percentuais em questão de minutos.
As negociações de várias ações tiveram de ser temporariamente paralisadas logo após a abertura do pregão e posteriormente foram anuladas.
Em comunicado, a NYSE informou que não realizou o leilão de abertura para algumas ações por um “problema de sistema”. Um conjunto de negociações ocorreu antes do estabelecimento dos limites de preços. Pelas regras vigentes, esses negócios estão sujeitos à revisão da operadora da Bolsa, que pode classificá-los como “claramente errôneos”.
Nesse cenário, a NYSE decidiu anular operações ocorridas após a abertura às 11h30 (de Brasília), mas antes da determinação dos limites superiores e inferiores. Também avalia classificar os negócios como anômalos. “Esta ação eliminará essas execuções do cálculo do preço máximo ou mínimo do dia”, ressalta a nota.
O custo do caos gerado ainda está sendo calculado. Profissionais do mercado e operadores amadores estão abalados, e esperam que a Bolsa explique melhor o que chamou publicamente de “erro manual” envolvendo sua “configuração de recuperação de desastre”.
Procurada, a Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana) afirmou ao Estadão/Broadcast que a equipe técnica do regulador está revisando as atividades e está em contato direto com a Bolsa. O funcionário que teria cometido o erro ainda não foi identificado.