Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 18 de novembro de 2021 às 19h58.
Última atualização em 18 de novembro de 2021 às 21h34.
A bolsa brasileira tem enfrentado um período de forte volatilidade e queda nos preços das ações: o Ibovespa, que reflete o comportamento dos papéis mais negociados, recuou mais de 20% desde julho e tem renovado as mínimas do ano -- os atuais patamares em torno de 102.000 pontos são os menores em mais de um ano. Porém, não fossem os riscos fiscais e as incertezas econômicas, analistas acreditam que o índice poderia reverter a tendência de queda. Um argumento para a tese está na temporada de balanços do terceiro trimestre, avaliada como “forte” pelo BTG Pactual.
Entre as empresas da bolsa, 38% reportaram resultados acima das expectativas do BTG Pactual, com o lucro líquido consolidado crescendo 84,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. O levantamento não levou em consideração os resultados de Petrobras (PETR3/PETR4) e Vale (VALE3), que distorcem as estimativas por serem gigantes perto das demais.
Um dos setores de maior destaque, segundo o relatório do banco de investimentos, foi o de alimentos e bebidas, puxados pelos frigoríficos JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), que tiveram um grande salto na receita com a venda de carne nos Estados Unidos. O lucro líquido do setor cresceu em 6,3 bilhões de reais no período.
Já os bancos se beneficiaram de uma”combinação de uma margem financeira bruta mais forte e provisões [para inadimplência] mais baixas”. O resultado foi um salto de 5,7 bilhões de reais no lucro líquido acumulado do setor na comparação anual.
Vale lembrar que a base de comparação com o terceiro trimestre de 2020 é baixa, uma vez que as empresas estavam enfrentando grandes dificuldades com as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 no período. Ainda assim, a comparação "na ponta" mostra a força dos setores mencionados, que continuaram a puxar os ganhos da bolsa mesmo na comparação com o segundo trimestre de 2021.
Já o setor de energia elétrica foi destaque no levantamento da plataforma de informações financeiras Economatica. Os dados apontam que o setor teve o maior lucro entre as empresas não financeiras, com um total acumulado de 14,1 bilhões de reais. Foi um crescimento de 107,1% com relação ao mesmo período de 2019 (comparação com um ano pré-pandemia) e um resultado 61,1% superior ao ano de 2020 no mesmo recorte de tempo.
Na ponta oposta, foram três os setores que fecharam o terceiro trimestre de 2021 no vermelho. As companhias de transportes e serviços registraram o maior prejuízo somado, de 3,81 bilhões, seguidas pelo setor de telecomunicações, com 2,55 bilhões de reais. Fechando o trio, as companhias de educação tiveram prejuízo de 292 milhões de reais.