Frankfurt: na briga para ser coração financeiro da Europa (Foto/Thinkstock)
Rita Azevedo
Publicado em 16 de janeiro de 2017 às 15h31.
Última atualização em 16 de janeiro de 2017 às 16h10.
São Paulo — Desde que o Reino Unido votou por deixar a União Europeia, em junho do ano passado, vários especialistas tentam prever o que acontecerá com a economia local. Uma forte aposta é a de que Londres perderá, rapidamente, o posto de capital financeira da Europa.
Uma pesquisa publicada na Alemanha afirma que o cobiçado título já tem um destino certo: a cidade de Frankfurt. O grande impulso para a mudança, diz o estudo assinado pelo professor Dirk Schiereck da Technische Universität Darmstadt, será a fusão entre a Deutsche Börse AG (DB), a bolsa alemã e a Bolsa de Londres, a London Stock Exchange Group (LSE).
A junção das bolsas, anunciada em março de 2016, ainda depende do aval dos órgãos reguladores europeus. Caso a operação saia do papel, diz o estudo, Frankfurt terá condições de “roubar” algumas operações, como a de derivativos, atualmente realizadas na bolsa londrina.
"Deutsche Börse tem a oportunidade de ganhar uma importante participação nas áreas de negociação de juros se os participantes do mercado tiverem acesso sem restrições à plataformas comerciais superiores”, diz Schiereck.
Além da fusão dos mercados, outro fator que deve influenciar no esvaziamento do centro financeiro de Londres é a perda do "passaporte da União Europeia".
O tal passaporte permite que bancos baseados na capital britânica operem livremente no mercado de capitais do bloco, apesar de terem a maior parte de seu pessoal e operações baseados fora da zona do euro. Com o Brexit, há uma boa chance deste benefício acabar.
Se isso ocorrer, muitos dos grandes bancos irão migrar parte de suas operações para outros países da União Europeia. Um exemplo é o HSBC que, na última semana, informou que cerca de 1000 postos de trabalho serão transferidos de Londres.
O jogo, no entanto, não está ganho para Frankfurt. Outras cidades como Paris também estão no páreo para ocupar o posto de capital financeira. De acordo com o site Business Insider, lobistas franceses realizaram, nos últimos meses, diversas viagens a Londres para se reunirem com líderes empresariais e participantes do mercado. A briga será de gigantes.